Immolation Season - Ep 8, Sheftu
Por mais problemas que poderiam acontecer, Sheftu apenas tinha a certeza de uma coisa: tudo ficaria melhor na hora em que Eric acordasse. Mas nem tudo era um mar de rosas, ela bem o sabia. As coisas provavelmente iriam piorar. Estariam todos eles preparados?
"Good Night, at last!" by Sheftu Nubia
Talvez fosse o peso das horas, aquelas que me torturavam
demasiado, ou simplesmente as loucuras que me passavam pela cabeça. Nem a sua
mão quente sobre a minha conseguia acalmar-me, a única coisa que me passava
pela mente era permanecer aqui, deixar-me morrer ao lado dele caso fosse
necessário. O que me importava o sangue de desprezíveis humanos, caso ele nunca
mais acordasse?
Dean continuava de pé sobre a janela e eu não tinha forma de
lhe explicar tudo o que tinha acontecido. Mas tinha uma certeza, deixar que
tudo isto ficasse assim estava fora de questão. Ele merecia algo melhor que
isso.
- Bem… - Comecei eu por dizer, tentando ultrapassar a minha
garganta seca. – Achas que poderá ficar assim por muito tempo?
- Sinceramente… - Fez uma leve pausa, antes de pensar em
algo para dizer. – Não me preocupa.
- Sei…
- Não leves a mal… Como deves calcular nunca nos demos bem.
– Concluiu, caminhando para a janela. Tinha de ter coragem para lhe contar o
que queria, por isso aproximei-me. Minha mão pousou sobre o seu ombro, mas
desta vez ele se afastava rapidamente, surpreendendo-me com a sua reacção.
- Não quero que saibas o que passa pela minha cabeça… -
Tentou esclarecer, ao observar a minha expressão confusa.
- Eu não o ia fazer. – Esclareci, temendo mudar de tema
antes que a coragem viesse. – Tenho algo a dizer-te, só não tenho a certeza de
que o deva fazer.
Desta vez fora ele que se aproximava, apoiando a sua mão
sobre o meu ombro e suspirando profundamente.
- Podes dizê-lo, como deves calcular…
- Não é assim tão simples como parece… - Um novo silêncio
ficou pela sala, era engraçado saber que o seu apoio conseguia fazer-me mais
forte perante todos estes problemas. – Lembras-te de quando cá chegamos… Bem,
vocês apareceram pouco tempo depois… Não sei o quanto viram e…
- Acredito que tenhamos visto o suficiente. – Concluiu ele,
enquanto a minha voz tinha simplesmente morrido ao recordar-me da forma como o
Eric tinha acabado inconsciente.
- Bem…
- Podes confiar em mim. – Disse, segurando a minha cabeça
com as suas duas mãos quentes. Uma pulsação que se fazia demasiado forte para
mim, era uma sede que começava a fazer-se maior do que esperava. Por isso
fechei os meus olhos, piorando a situação pois parecia ainda mais forte o bafo
quente da sua boca, se eu não fosse forte o suficiente… Não! Não podia pensar
em tal coisa, ele confiava em mim ao ponto de se aproximar, com um ligeiro
movimento conseguiria todo o sangue que desejasse… Mas não o devia fazer. Abri
novamente os meus olhos, tentando pensar claramente no que queria dizer. Não
podia negar que estávamos próximos, apesar de tudo, podíamos confiar-nos. E
isso, eu o sabia, lia-se nele.
- Eu sei… - Baixei o meu olhar para tentar ganhar coragem
para contá-lo, fazendo com que ele murmurasse para que eu o fitasse novamente.
Era demasiado complicado para mim, admitir que aquele loiro idiota conseguia
fazer-me sentir completamente descontrolada, como se a ira arrancasse de mim
tudo o que restava da humanidade.
Perdi por completo a minha linha de raciocínio ao ouvir um
barulho atrás das costas dele, provavelmente originária da cama. Mas não era eu
a única, pois Dean se tinha virado, mostrando-me o olhar carregado de Eric na
nossa direcção, fazendo com que ficasse por momentos petrificada e perdidamente
feliz.
- Como foste capaz! – Gritou ele, desmanchando-se sobre uma
tosse demasiado forte, enquanto tentava erguer-se, sem grande sucesso. Corri
para ele, amparando-o da queda, observando a expressão de Dean que se dirigia a
ele com raiva. Eric tentou afastar-se de mim, com pouco sucesso. – Há quanto
tempo isto existe?!
Olhei-o surpreendida, questionando-me do que raio estava ele
a falar, mas segui o seu olhar, que fitava Dean. Respirei fundo, o que fez com
que o olhar dele deixasse por momentos Eric e me observasse com preocupação.
Sorri para ele, que rapidamente pareceu entender que a nossa conversa ficaria
para outra altura, saindo com pressa.
Por momentos esqueci-me por completo de todos os problemas
que estavam por vir e abracei-o, sentindo os seus lábios sobre os meus,
aumentando assim a minha fome que tinha sido provocada pela aproximação de
Dean. A resistência da parte dele diminuía, que passou com rapidez para o mesmo
desejo que me tomava a mim.
Eu conseguia sentir o sangue a fluir pela minha face, seu
dedo passava suavemente sobre os meus olhos, tentando amparar as lágrimas que
teimavam em sair de mim. Foram poucos os segundos, aqueles em que meus olhos se
fechavam, abrindo-se novamente com rapidez ao sentir as suas mãos a amparar o
meu queixo. Fitava-me atentamente, com um enorme silêncio que conseguia fazer
com que tudo em mim simplesmente quisesse desabar.
- Diz-me que o que eu vi não é real. – Não era uma ordem,
mas uma súplica que me deixava sem fala. Eu desejava gritar-lhe, chamá-lo de
louco por pensar em tal parvoíce. De que serviriam as palavras?
Afastei-me dele, sentando-me sobre um canto do quarto, vendo
o seu corpo simplesmente sentado naquela cama. Sua pele adquirira um tom mais
habitual, apesar de ainda mostrar a fraqueza que aumentava ainda mais a minha
ira. Vê-lo aproximar a sua mão ensanguentada dos lábios, saboreando um pouco,
enquanto continuava a encarar-me com um sorriso malicioso nos lábios funcionava
como uma facada na minha sede. Tentei abanar a cabeça, desviando a atenção dos
meus pensamentos.
Ergui-me lentamente, observando constantemente a minha
presa, a única vida que realmente permanecia sobre o quarto.
- Ainda consegues ler-me? – Perguntei, enquanto dava mais um
passo na sua direcção. Ele limitou-se a acenar com a cabeça, sabendo
exactamente o que se passava pela minha mente. Era uma sede incontrolável que
crescia, um desejo que se fazia mais forte a cada novo passo que dava em sua
direcção…
Não estava muito longe dele, mas parecia eterna a enorme
felicidade que sentia dentro de mim. Era tão bom puder ver o seu olhar, sentir
o seu sorriso a iluminar o seu rosto… Meu sorriso se abriu, enquanto o seu
olhar ia observando-me com atenção, cada detalhe, cada segundo, cada sensação…
- Temos de ter cuidado… - Tentei murmurar entre os seus
lábios entreabertos. Observava atentamente o seu olhar que permanecia tão
próximo do meu enquanto a sua pulsação sobressaltada aumentava a minha sede,
minha garganta queimava com uma enorme intensidade, meus sentidos tornavam-se
demasiado atentos às vibrações daquele corpo que me torturava de todas as formas
inimagináveis.
Seu sorriso alargou-se, mordiscando levemente minha boca,
enquanto seu corpo empurrava o meu, deixando que o descontrolo se elevasse a um
outro patamar. Suas hábeis mãos entretinham minha mente enquanto a felicidade
teimava em transbordar. Por mais que eu pensasse em controlar a minha força, a
minha sede, o meu desejo e a minha emoção… Tudo se esfumava com a mesma rapidez
que se formava sobre a minha mente.
Uma longa caminhada marcada ao ritmo da sua pulsação e de
minha fome, uma respiração quente que se fazia tortuosamente deliciosa sobre
minha pele, como se os problemas nunca mais existissem, deixando que tudo se
resumisse apenas a nós.
A sua paciência, enquanto refutava calmamente qualquer
rapidez, despindo-se de horas e segundos, apenas abraçando o momento, tentando
torná-lo o mais demorado possível… Esta necessidade dele que tanto me alegrava,
que tanto me incitava a permanecer latente às minhas necessidades que reclamam
de mim o poder… Eram limitações que deviam de ser tomadas em conta, defesas que
jamais poderiam ser passadas…
Mas de que sirvo eu,
meu amor… Como posso eu controlar-me sobre a tua pele, não deixar que as
emoções o façam? És mais do que alimento para mim... És muito mais do que isso.
Seu gemido arrancou-me da realidade, por breves segundos,
minhas mãos apoiaram seus ombros, voltando-se rapidamente entre estridentes
sons que ecoavam pelo quarto, deixando que o seu sorriso aumentasse quando
minhas presas se aproximavam de seu peito, que respirava ofegante sob mim,
abrindo sem qualquer pudor a sua pele ainda fraca. Minhas mãos permaneciam
sobre os seus braços que tentavam lutar para que fossem libertados.
Foi um sorriso leve sobre minha cabeça que me levou para o
doce mundo da escuridão, junto a seus dedos que massajavam minha pele fria em
movimentos circulares… Era uma escuridão ritmada pelo calor eterno do seu
corpo… Deixei-me ir, que o sangue dele me levasse para a inconsciência por
momentos.
Eu estava bem… Agora, aqui. Ele estava novamente comigo,
podia descansar finalmente.
Era uma respiração profunda, aquela que se fazia sob a minha
cabeça, deixando-me mergulhada sobre o seu aroma. De que serviriam as emoções
se não fossem tão doces, por vezes demasiado doces, nestas horas em que um
sorriso sempre nos inunda por dentro.
Continuava a observar atentamente a situação, sem saber ao
certo o que estava a sentir ou o que devia de pensar. Como se tudo acontecesse
num outro mundo que não o meu, perdida algures sobre a irritação permanente e
preocupação desmedida. Como poderia eu permitir que isto tivesse acontecido? Já
não bastava todo este tempo de fraqueza absoluta, parte de mim teimava em
descontrolar-se ao ponto de deixar o Eric ainda mais fraco. Podia tê-lo morto,
nunca na vida me tinha passado isso pela cabeça.
- Porque não me avisaste? – Perguntei-lhe, tentando deixar
todas as minhas emoções de parte.
Aproximei-me. Meu corpo, com o impacto da situação, tinha-se
afastado para o outro lado do quarto. Não sabia ao certo o que fazer e o
silêncio se mantinha pesado entre nós. Ele não me olhava, mantinha a sua cabeça
erguida, observando a janela como se fosse a coisa mais importante a fazer no
momento. Conseguia observar a sua expressão carregada de dor, tentando
dissimular o mais que podia. Sua mão direita amparava o ombro, escondendo de
mim a realidade.
- Eric, mostra-me isso. – Disse, suspirando profundamente.
Mantinha-se imóvel, como se eu não tivesse dito nada. Tentei
tirar a sua mão lentamente, enquanto pequenos gemidos de dor saíam de sua boca.
Senti a necessidade de acalentar a sua dor, aproximando-me de seus lábios.
Observei atentamente e com cuidado a contusão que tinha
acabado de fazer. O seu olhar estava cravado em mim, deixando que tudo
parecesse tão irreal que eu não queria acreditar no que tinha acabado de fazer.
- Porque não me disseste?
Parecia que vivia um monólogo eterno, sem que nada pudesse
alterar o passado e o presente. De que serviria realmente as palavras, se não
eram elas causadoras de pensamentos e de dor.
Era uma respiração profunda, aquela que se fazia sob a minha
cabeça, deixando-me mergulhada sobre o seu aroma. De que serviriam as emoções
se não fossem tão doces, por vezes demasiado doces, nestas horas em que um
sorriso sempre nos inunda por dentro.
Continuava a observar atentamente a situação, sem saber ao
certo o que estava a sentir ou o que devia de pensar. Como se tudo acontecesse
num outro mundo que não o meu, perdida algures sobre a irritação permanente e
preocupação desmedida. Como poderia eu permitir que isto tivesse acontecido? Já
não bastava todo este tempo de fraqueza absoluta, parte de mim teimava em
descontrolar-se ao ponto de deixar o Eric ainda mais fraco. Podia tê-lo morto,
nunca na vida me tinha passado isso pela cabeça.
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