Transilvania Season - Ep 42, Carmen

Chegara o momento de resgatar Sheftu. Eles tinham tudo o que precisavam: informações sobre o local onde ela estava cativa, coragem para enfrentar tudo e todos e, ainda, uma alucinante necessidade de acabar com alguns pescoços. Restava saber se realmente estavam preparados para o que iriam ver, tudo o que acontecerá será o suficiente para que, depois, tudo fique bem?

"Retaliation" by Carmen Montenegro

Estava no meu quarto, pronta para a batalha. Pronta para salvar Sheftu e matar uns quantos vampiros enquanto o fazia. Sentia-me indomável, forte, capaz de derrotar o mundo e os titãs que o seguravam. O nosso plano, não era perfeito mas, era o que havia naquele momento; Dean, Eric, Frankie e Job seguiriam pelo túnel dentro da aldeia enquanto eu abriria caminho até ao palácio. Uma vez dentro, abriria a porta dando passagem a Dean e os restantes, ao mesmo tempo que eles matariam os vampiros que se metessem de permeio, eu e Eric iríamos a procura de Sheftu. Simples e eficaz.
Vestia-me à presa, umas botas pretas até aos joelhos sob umas calças da mesma cor justas. Na parte de cima trazia um corpete preto laçado a frente por cima de uma camisola preta também justa. A minha flor-de-lis jazia pendurada no meu peito, tanto ela com as suas pedras vermelhas e o meu cabelo de fogo, eram os únicos laivos de cor que tinha.
Voltei-me de repente e vi Dean encostado a ombreira da porta. Olhou-me de cima baixo, aproximou-se e estendeu-me quatro carregadores. Aceitei-os e coloquei-os nas botas, de modo a que quando precisasse fosse mais fácil tira-los. Olhei para Dean confiante. Ele entrou fechando a porta atrás de si, veio ao meu encontro e quando estava perto o suficiente passou os dedos pela linha da minha cara. Olhamos um para o outro, aos poucos os seus lábios aproximavam-se dos meus, prontos para um beijo mas, ao invés de beijar-me, Dean passou as mãos pelo meu corpo desde do pescoço, pelo peito, pela barriga, pelo ventre, pelas coxas e ai parou; Ajoelhou-se, tirou das costas o que parecia ser uma faca prateada, girou-a nos dedos e a seguir passeou os dedos até ao meu joelho, afastou o tecido da bota e colocou lá a faca.
Levantou os olhos para os meus, agarrei-o pela nunca e levantei-o até ficar a sua altura normal. Coloquei a mão no seu peito, sob a penalidade de nunca mais sentir aquele bater de coração poderoso. Aproximei a minha boca do seu pescoço, saboreando cada milímetro da sua pele cheirosa, entretanto a sua pulsação aumentava; Já ia no lóbulo da orelha, percorria a sua linha do queixo e estava pronta para entrega-lo ao meu beijo…ele já tinha a boca entreaberta a espera de mim…
- Desculpem…- Disse uma voz. Imediatamente, olhei para a porta e vi Eric do outro lado meio atrapalhado.  - Volto mais tarde.
- Não. - Disse eu. O momento tinha passado. - Vamos.

***

O carro ficara para trás, muitos metros atrás e a nossa frente apenas residia a grande muralha. Eu sentia-me ansiosa, só queria entrar a matar mas, não podia. Eu, quando funcionava assim, nada acabava bem, por isso…tinha que esperar! Permanecia escondida na penumbra a observar o que se passava do outro lado; Os guardas iam e vinham numa marcha atenta e observadora;
Perguntava-me se Dean e os restantes já tinha entrado no jardim.
Concentra-te, Carmen. O Dean consegue defender-se e, tu tens mais com que te preocupar. Pelo menos, neste momento!
  Avancei por entre as arvores, sentia as minhas armas a roçar contra a minha roupa, as minhas botas tinha os carregadores presos do lado de fora. Enquanto andava prendi o meu cabelo num rabo-de-cavalo. Sentia-me a mudar, a simpatia de Carmen desaparecia e agora entrava em modo Caçadora. Quando saí da protecção das arvores, a lua já guiava o meu caminho.
A medida que me aproximava via que a muralha ainda era maior do que pensava, era massiva, feita de pedra, completamente forte contra tudo e contra todos. Aproximava-me cada vez, e conseguia sentir movimento a minha volta; Estes vampiros eram rápidos.
- ALTO! - Eu parei, mais valia não arriscar a minha sorte com estes. - CARE MERGE ACOLO?
Nem sabia o que aquilo queria dizer. Fiquei parada e, levantei as mãos acima da cabeça. O jovem guarda de cabelo loiro aproximou-se e observou-me de cima abaixo. Começou a andar a minha volta, com curiosidade e excitação.
-  Ce o frumusete! O Doamne...Care e numele tau? - Não respondi. Primeiramente, nem sabia bem o que responder. Segundo, estava concentrada a procura do momento certo. - RĂSPUNS!
Voltei-me rapidamente, agarrei o seu pescoço e torci-o. A sua cabeça deu uma volta de 180 graus ficando toda torcida. A cara do vampiro ficou em choque, enquanto o sangue escorria da sua boca, logo a seguir caiu ao chão inerte.
Voltei-me para a frente sentindo-me imbatível. Os restantes guardas olhavam para mim surpresos. Os que estavam nas torres, caíram agilmente no chão – a minha frente, eles eram 15. Não tardou até virem a correr na minha direcção, preparavam um ataque em conjunto e, eu estava pronto para partir os seus ossos em bocadinhos. Recuei uns passos para prender-me ao chão, pois de certeza investiriam com toda a força. Vinham a correr, a inicio pensem em enfiar um balázio a cada um deles mas, não. Tinha que poupar balas e, agora com novo espírito, seria bem mais divertido destrui-los um por um.
Por isso, assim vinham a alta velocidade mas, na minha cabeça tudo se movia devagar. Conseguia ver os músculos a contraírem-se a cada passo, a força que investiam de cada vez que o pé batia no chão e, como as presas vinham na minha direcção. De imediato recebi o primeiro com um valente pontapé no estômago que fê-lo levantar do chão e cair metros a frente; desviei-me do segundo desferindo golpes certeiros de modo a desnorteá-lo depois agarrei a sua cabeça e torci-a; o terceiro, esse empurrou-me – grande erro! – Recuei os passos necessários e olhei para ele divertida. Estava perto o suficiente para um pontapé rápido como um gancho. Assim, que o apanhei levei-o ao chão ainda preso ao meu pé e, destruí a sua cara com socos fortes. Espetei no seu pescoço a faca que Dean emprestara e fi-la viajar de um lado ao outro.  Pronto, o vampiro tinha um novo colar!
 Ainda vinham mais ao meu encontro, desatei a correr apanhei dois de uma só vez, numa valente carga de ombro. Ao primeiro feri-o no pescoço e ao outro, rodeio-o  com a faca e cortei-lhe o pescoço. Ia continuar a carnificina mas, fui agarrada pela cintura e levada ao chão brutalmente. Em cima de mim caíra um vampiro de cabelos negros e olhos vermelhos apertando-me o pescoço. Queria partir-mo. Mas, eu era mais rápida e duas cabeças fizeram com que ele largasse a minha pessoa mas, nem sequer cheguei a levantar-me, fui novamente levada ao chão. Desta vez não era um, mas sim vários caindo em cima de mim. Não me conseguia mexer. O peso ia aumentando, estava a ser esborrachada por vários vampiros. Idiotas, não conseguiam derrubar-me numa luta mas, já conseguiam pisar-me até a morte.
Num momento, consegui tocar na ponta de metal da minha pistola, junto as minhas calças. A ponta dos meus dedos tocou no cano da minha Desert Eagle, lentamente, com algum mau jeito, consegui puxa-la para cima. Agarrei-a com firmeza e, fui aguentando o peso daqueles guardas o máximo a que pude.
Senti o bafo quente junto a minha nuca:
Vais morrer.  
Aquilo serviu-me como um rastilho e num instante estava de pé. Os guardas afastaram-se todos , vi-me rodeada por eles. Todos de negro e cabelo comprido, eu tinha de ser rápida.  Vi pelo canto do meu olho, um deles a tentar a sua sorte mas, eu fui mais rápida; Estendi o braço na sua direcção e disparei duas vezes, o impacto das balas fê-lo levantar voo e cair ao chão inanimado. O círculo a minha volta aproximou-se, tirei a outra arma e abri os braços um de cada lado com os respectivos dedos no gatilho. Eles afastaram-se com o meu movimento mas, assim que viram que não iria disparar imediatamente, voltaram a aproximar-se.
Tinha que mover-me rápido;
Eles fizeram o primeiro movimento, pequeno, quase invisível aos olhos de alguém desatento: foi uma troca de olhares e eu movi-me. Girei sobre mim mesma sem nunca largar o gatilho e, voltei ao ponto inicial. O som dos tiros ecoou pela floresta, a arma vibrava com as ondas de choque dos disparos e, a minha volta amontoavam-se os corpos dos vampiros, que iam esfarelando.  Avistei a faca de Dean, caída no chão, entre uns quantos palhaços de cabelo comprido.
Voltei-me para a porta que me separava de Sheftu e, senti uma pontada de loucura. O que acontecia se eu fosse contra a porta? Afastei uns metros, passando por cima dos corpos dos vampiros mortos. Cheguei quase a orla da floresta de onde eu tinha saído e preparei-me. Quando ia começar a correr, pronta para o balanço mas…eu parei.
- Ora, vamos lá facilitar isto…- Apontei uma das minhas armas e disparei nos pontos fulcrais da porta. Não me iria partir toda a abrir uma porta! A Sheftu não mereça que fique sem um braço no processo!
Depois de guardadas as armas, agora, sim, poderia começar a comer. E, assim fiz! Comecei a correr com toda a velocidade e fui contra a porta. Joguei o meu ombro com toda a força, sentindo a madeira a estalar. O grande pedaço de madeira soltou-se das dobradiças e a caiu juntamente com o meu peso. Embatemos no chão com força mas, eu de um salto estava de pé e, o meu espanto ainda foi maior, quando vi a aldeia em si. De facto, uma coisa era ouvir falar e, outra ver pelos meus próprios olhos. Aquela aldeia tinha parado no tempo!
- Mas que raio?
Continuei a avançar, desta vez tirei uma arma e apontei-a avançando cautelosamente. Olhava para todos os lados a procura de algum movimento, por entre as cabanas de palha mas, nada. A subir, ia o caminho para o castelo que ficava lá em cima e, de onde vinham luzes brilhantes.
Então, um som cortou o ar invadindo os meus ouvidos e, senti vento rápido a passar perto da minha orelha. Olhei para trás, a tempo de ver uma ponta reluzente perder-se na escuridão da noite. Estava ali aguém.
Voltei-me para a frente e perscrutei a área. Casas de palha, calçada rude, a parede da muralha que se estendia por km encosta acima. Carroças aqui e ali, pilhas de madeira e outras matérias. Uma típica vila da Idade Média.
Ouvi o que parecia ser um estalido e um ponto branco subiu nas alturas a pique, fez um arco e logo a descer na minha direcção. Esperei que tivesse perto o suficiente, antes de lançar a minha mão e apanhar, o que parecia ser, uma seta. Ficou a poucos centímetros da minha testa e, assim pude ver a sua essência de prata. Atirei-a para o lado e continuei a observar.
Corrida de um lado, passos velozes e a seguir silêncio. Do outro lado a mesma coisa, corrida e a seguir silêncio. Conseguia ouvir o ressoar da palha por todo o lado. Começava a ficar irritada, odiava jogos psicológicos e, aquilo estava a causar-me comichão sob a pele. Outra vez, corridinha daqui e corridinha dali.
Comecei a avançar tentando ter a noção do espaço, as cabanas estavam minimamente próximas umas das outras e, foi ai que apanhei um vislumbre de uma capa negra. Parei. Olhei a tempo de ver, do outro lado mechas de cabelo platinado a esconderem-se.
Bom, se tinha que ser tinha que ser. Conseguia senti-los a moverem-se, como baratas a mexerem-se pelo esgoto e já estava a irritar-me profundamente! Eles voltaram a mexer-se mas, desta vez fui mais esperta. Fiquei quieta, fiz uma rápida conta enquanto eles se moviam novamente, com rapidez pelas cabanas de palha. Retirei uma arma, apontei a todos os pontos onde julguei que eles estavam; cinco tiros certeiros. Silencio mortal logo a seguir. Quando parei, não demorou até ouvir o som de corpos a caírem no chão e, o cheiro a sangue inundou-me o nariz. Aproximei-me de uma das cabanas e vi, uma criança vampira já morta com os cabelos loiros espalhados pelo chão. Oh só podiam estar a gozar! Crianças vampiras como guardiães? Agora, mais do que nunca estava irritada e, pronta acabar com aquela idiotice!

Subi até a porta do palacete. Esta porta era negra, com trancas pesadas mas, por incrível que pareça estava aberta. Bastou um leve toque e a porta abriu-se;
 Foi então, que algo voou na minha direcção e acertou mesmo no meu peito. Senti uma espécie de convulsão estranha que fez com que eu recuasse uns passos atrás ao encontro da parede. Conseguia ouvir os seus passos pesados corredor fora mas, julgo que os passos se desvaneceram rápido demais, assim como as minhas forças.
Olhei para o meu peito e vi um punhal metido mesmo no meio, inspirei fundo antes de puxar. Quando finalmente o retirei, pô-lo de lado mas, logo outra coisa captou a minha atenção; Passos. Passos certos e bem ritmados. Uns atrás dos outros. As sombras apareciam lado a lado e, logo a seguir veio acompanhado de figuras negras. Três guardas. Assim que me viram pararam, abriram os casacos ao mesmo tempo e retiraram das bainhas as suas espadas. Não, umas espadas quaisquer, mas sim espadas samurais com laminas compridas e cortantes. Os três separaram-se e vieram ao meu encontro e eu levantei-me. Queriam luta? Queriam emproar-se? Escolheram a pessoa errada!
 Baixei-me a tempo da lâmina por cima da minha cabeça, derrubei o guarda que a segurava com dois golpes bem dados em pontos estratégicos e, trouxe-lhe a morte com a sua espada, atravessando-o de uma ponta a outra. Voltei-me para os outros rodando a espada muito rapidamente num movimento já familiar.
- Seguinte?!
Basicamente, aquela luta fora muito sangrenta. As espadas cortavam bem, o que era um ponto tanto a meu favor como algo contra. E, apesar de agora os dois guardas estarem caídos no chão numa poça do seu próprio sangue eu não estava melhor. Esquecera-me que as lâminas eram banhadas a prata e, os cortes que eu tinha espalhavam o veneno em mim, enfraquecendo-me a cada segundo. Caí sobre os joelhos forçando o ar a entrar em mim, mesmo que desnecessário. Sangrava dos braços, do peito, tinha um corte profundo no lábio e, cheirava-me que as minhas costelas estavam partidas. Mesmo assim ergui-me forte e decidida, ainda a ver a sala a andar a roda.
Sentia que deixava um rasto de sangue atrás de mim mas, havia coisas mais importantes. Tinha que chegar a porta, abri-la para Dean e Eric poderem entrar e salvar-mos Sheftu. Já ia a meio do corredor quando um som veio aos meus ouvidos. Música. Baile?! A sério?! Malditos vampiros, só sabem dançar bailaricos ao invés de aproveitarem a existência e fazerem algo de proveitoso. Que irritação.
Andei por ali meio perdida e já quase sem forças, quando fui derrubada com violência. Voltada de barriga para cima e, senti duas mãos fecharem-se a volta do meu pescoço com o intuito de parti-lo.  Consegui ver uma mulher de cabelos encaracolados caídos sobre a cara e olhos vermelhos sedentos; Peguei pelo colarinho e brindei-a com uma cabeçada forte, ela recuou uns passos e eu usei a minha energia para levantar-me. Para meu espanto, a mulher desatou a correr na direcção contrário e eu, como boa lutadora, segui no seu encalço. Ela ia por corredores estreitos, curvas e contracurvas mas, parei subitamente, quando não a vi mais. RAIOS!
CARMEN?
Era a voz familiar de Dean, que ecoava pelas paredes, antes de lhe dar resposta fui atirada escadas abaixo por um forte encontrão. Rolei e rolei batendo em cada degrau com violência, sentia os meus ossos a estalar a cada rebolar. Cheguei ao fundo e, assim que os meus olhos se adaptaram eu vi a minha frente uma colossal porta negra. A SAÍDA DO TUNEL! Dean e os restantes só podiam estar do outro lado!
Corri para abri-la mas, algo parou os meus movimentos, senti-me a ser engolida por dentro. Uma sensação de vácuo esquisita. Uma sensação que me deixara sem forças. Voltei-me para trás e vi a vampira loira de mão esticada para mim com os olhos vermelhos, voltou a impelir a mão contra mim e eu senti-me estranha novamente. Agora era o calor. Sentia as minhas entranhas a queimar. Uma convulsão assaltou-me, atirando o meu corpo para a frente e uma bolsa de liquido escuro saiu da minha boca. Sangue! Não! VENENO!
A vampira morena largou um riso vencedor, enquanto o calor subia por mim acima. Estava a morrer…
Vei muri, vampir!!
Estava curvada sobre mim mesma, e senti o metal roçar contra a minha pele. Num gesto rápido que fazia lembrar o faro este, sentei-me com a pistola na mão e praticamente esvaziei um carregador no corpo daquela otária. Um, dois, três, quatro, perdi a conta só parei quando ela estava praticamente estendida no chão.
Levantei-me, muito fracamente e voltei para a porta. Aproximei-me e vi a alavanca, puxei para baixo para logo a seguir as portas rangerem e moverem-se para fora. Fui recebida com um bafo quente e, silencio. Nada nem ninguém. Esperei e esperei mas, nada.
Foi então que ouvi os passos, vinham a correr. Saíram da escuridão e franziram os olhos a luz. Eric vinha a frente, Frankie a seguir e, Dean. Esse assim que me viu, correu na minha direcção e amparou-me antes que eu caísse ao chão. Senti-me aliviada assim que senti o seu toque. A falta que me fizera.
- Carmen? - Não tinha reparado na quantidade de sangue que escorria de mim, Dean ter chegado e tocado. Em segundos a sua camisa cinzenta estava suja. - O que aconteceu?
- Quanto a isto…é prata. Andei a desviar-me o caminho todo, haveria de acertar-me alguma vez. - Abri um sorriso cansado. Olhei para os três, e reparei na falta de alguém. - O Job?
Os três olharam entre si mesmos, até que Frankie avançou e ajoelhou-se ao meu lado.
- Acho que ele se perdeu por ali.
- Como assim? Vocês vinham todos juntos…
Eric avançou, puxou-me pelo braço obrigando-me a levantar. Dean, levantou-se logo a seguir enraivecido.
- HEY! Não vês que ela está ferida?!
- Ela é uma vampira, Dean. Já lhe passa! - Eric olhou para mim com insistência. - Tu e eu vamos procurar a Sheftu. Terás tempo para recuperar, depois! Vocês andem por ai e analisem o terreno.
Dean olhou para Eric com má cara, estava a ponto de saltar-lhe para o pescoço.
Voltei a erguer-me e olhei para o meu humano assim, que os nossos olhares se cruzaram o seu mudou de raiva para com Eric de preocupação para com a minha pessoa. Afaguei-lhe a face, e logo a seguir marchei ainda meio dorida com Eric pelos corredores fora.
Eric seguia a minha frente, enquanto eu andava cambaleante pelos corredores. A prata percorria todo o meu corpo, misturando-se com o meu veneno, subindo e descendo das minhas veias cada vez mais rápido a cada passo. Tive que parar e, assim que o fiz uma convulsão estranha percorreu-me e, dei por mim a vomitar um liquido estranho. Espesso e negro. Caí de joelhos, levada por mais uma vontade súbita de vomitar.
Eric ajudou-me a levantar mas, ainda sentia-me tomada pela fraqueza. Mal, conseguia ver o que se passava a minha frente.
- Foste envenenada.
Olhei para Eric mal conseguindo respirar.
- A sério? E eu a pensar que eram meros enjoos!
- Mas, também não é desta que morres. Continuas respondona.
- Não queres encontrar a Sheftu?
 Afastei-me daquela antiga paixão e caminhei meio tonta. Uns metros à frente, notei uma espécie de túnel sublinhado por umas ingrimes escadas para a escuridão. Eric, não me deixou avançar e tomou a dianteira descendo degrau a degrau. Eu segui-o momentos depois, envoltos em total escuridão. Foi então que ouvimos um berro estridente e, rapidamente Eric afastou-se de mim a correr. Reuni as poucas forças que tinha e, segui-o. Encontrei-o segundos depois completamente parado em frente a uma sala com o chão de pedra. Reconheci imediatamente a decoração e o ambiente: Era uma sala de torturas. Eu sabia porque não, era a primeira que via, mas o choque não adveio disso mas sim de quem estava a ser torturada. Sheftu, estava deitada numa mesa acorrentada por amarras de prata que lhe cortavam a pele. Trocamos olhares breves, ela surpresa por me ver – de certeza, não estava num melhor estado do que ela – e eu, surpresa por vê-la também naquele estado. Sheftu estava coberta de cortes pelo corpo todo, o seu cabelo estava espalhado pela mesa e, parecia estar mais para lá do que para estes lados.
Corri para ela e tentei tirar as correntes, apesar de me queimarem as mãos, lá consegui retira-las. Levantei-a daquela cama de pedra, puxei-a para fora mas, as forças foram-me e caímos as duas. Amparei-a e notei que estava claramente fraca, olhei para Eric a procura de assistência e só depois percebi que ainda não se mexera. Estava simplesmente parado a porta da sala de tortura com um ar de choque.
- ERIC! - Gritei. Foi como se o feitiço se levantasse e, por ele se movesse. Caiu ao lado de Sheftu e os dois trocaram intensos olhares. - Vou procurar ajuda.

Bom, isso seria fácil de dizer, se não tivesse apanhado um estranho odor no ar. Inebriante. Hipnotizante. De tal modo forte que, nem dei por mim e já estava novamente no portão do castelo. Apenas conseguia ter o vislumbre uns cabelos loiros que fugiam para a escuridão. Como que hipnotizada, segui o cheiro…

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