Transilvania Season - Ep 33, Carmen

Dean e Eric continuavam com a ideia absurda de ligar Dean a Sheftu para conseguir descobrir onde ela se encontrava e nem Carmen, ou mesmo Frankie, conseguiam persuadi-los a pararem com essa parvoíce. Por mais dúvidas que ela tivesse, realmente conseguiram saber o que acontecia a Sheftu, através de Dean. Carmen apenas não esperava que tudo fosse tão longe, tão depressa...

"Psicological Recovery" by Carmen Montenegro

Dean sentou-se na cama, comigo ao seu lado como atenta vigilante. Eric, ficou à sua frente, sentado numa cadeira e Frankie estava encostado à janela como um mero observador.
- Okay, agora quero que voltes ao momento em que tu e a Sheftu se ligaram. – Eric estendeu a mão para tocar na cabeça de Dean mas, o meu humano, retraiu-se. - O que foi?
- E, se corre mal? – Perguntou Dean de olhar sério.
- Não corre.
- Mas, se correr, o que pode acontecer?
A mão de Eric baixou lentamente perante a apreensão de Dean.
- Desmaio, amnésia temporária, coma e, no pior dos panoramas – Olhou para mim. – Morte.
Vi Frankie a ficar tenso, desencostando-se da janela e avançando uns passos, aproximando-se de Eric.
- Quantas vezes já fizeste isto?
Eric olhou para Frank com um ar de ofensa.
- Isto é uma entrevista de trabalho? Há coisas maiores em jogo…
- Vais meter a mão no meu primo, a minha única família, por isso vais responder-me!
- Fiz quantas vezes, são suficientes para saber o faço.
- E, isso não me conforta.
- Problema, teu!
Frank ia avançar para Eric, com nova afronta mas, Dean segurou-o pelo pulso. Trocaram breves olhares e Frank voltou a recuar uns passos. Tão rapidamente como segurara o primo, Dean olhou para Eric.
- Espero bem que saibas o que estás a fazer, porque se isto der para o torto, eu volto e dou-te um enxerto.
- Por mim, tudo bem. – Respondeu Eric naturalmente. – Já podemos ou tens mais alguma declaração a fazer?
Dean acalmou-se e fez sinal a Eric mostrando que estava mais do que pronto.
Segundos se passaram enquanto Dean se concentrava e Eric procurava a altura certa. O silêncio era pesado, conseguia ver a tensão na cara de Dean, enquanto procurava a memória certa.
Subitamente, Eric sobressaltou-se.
- Isso! Aguenta esse momento! - Eric precipitou-se a agarrar a cabeça de Dean. Os seus olhos azuis ficaram mais intensos rapidamente.
Então, algo aconteceu, Dean agarrou a minha mão com força ao mesmo tempo que se contorcia de dor.
- Eric, isto não é suposto acontecer… - Disse eu mas, Eric ignorou-me por completo, continuava agarrado a Dean enquanto ele estrebuchava mais.
Então, Dean atirou o corpo todo para trás para depois, dobrar-se todo para a frente. Fazia sons que nunca o ouvira fazer, era algo assustador.
- O que se passa? – Perguntou Frank socorrendo o primo. Eric continuava sem dizer nada. Já Dean respirava com dificuldade todo dobrado para a frente.
- Eric, já chega!
Dean voltou a endireitar-se, foi então que voltou a concentrar-se e vomitou uma considerável quantidade de sangue para o chão. Senti-me impotente, desesperada perante a quantidade de sangue saída de Dean. O meu olhar e o de Frank cruzaram-se e ele, veloz como sempre, derrubou Eric, levando-o ao chão.
Ajoelhei-me a frente de Dean sem me importar se ficava ou não suja com o seu sangue.
- Dean… - Como um peso morto ele caiu, para cima de mim, sem mostrar qualquer movimento. A sua t-shirt estava levantada nas costas, e o que eu vi deixou-me estática. Levantei um bocado da t-shirt e vi nódoas negras nas suas costas. Nódoas acabadas de fazer e enormes.
- Larga-me, seu idiota! – Exclamou Eric soltando-se de Frankie, colocando-se de pé.
- Se acontecer a alguma coisa ao meu primo. Vou caçar-te! – Ameaçou Frank, também de pé. Novamente o combate entre o humano e o super humanos. Desigualdade feroz.
- Frankie. – Chamei-o. Ele ajoelhou-se ao meu lado, observando o primo nos meus braços. Tocou-lhe no pescoço
- Tem pulso. Deve estar desmaiado.
- Vai ficar bem. - Disse Eric. - Agora, temos de nos preocupar com a Sheftu.
Olhei para ele com rapidez tal, que Eric se assustou. Passei Dean a Frank, certificando-me que ele ficava bem.
- Lá fora. Agora!
***

- Estás louco!? Viste o que tu fizeste? – Perguntei extremamente irritada.
- Não há motivos para teres um ataque! O Dean está bem!
- Viste as marcas, o sangue?
- Sabes o que era aquilo, Carmen? Aquilo era um pequeno vislumbre do que a Sheftu está a passar. Aquilo é a tortura! A ligação entre os dois é tão forte que tudo o que a Sheftu passa o Dean sente o mesmo. Por isso, ao invés de estarmos aqui, devíamos partir à procura da Sheftu!
Subitamente senti a raiva em mim a crescer. Estava prestes a agarrar Eric pelo colarinho e atirá-lo pela janela.
- Tu sabias que isso acontecer.
- Claro que sabia! Era um risco a correr!
- O Dean poderia ter morrido.
- Não morreu! Está ali, vivo da silva por isso… Acalma-te! – Exclamou Eric. Virou-me as costas e começou a andar na direcção contrária. - Agora, mexe-te que temos que encontrar a Sheftu.
- Eu não vou a lado algum, Eric. - Ele parou, olhou para mim momentaneamente. - Pelo menos, enquanto eu não me certificar que o Dean está bem.
Ele revirou os olhos e recomeçou a andar.
- Tudo bem, vou sozinho.
- Não vais, não.
 Ele parou de vez e olhou para mim.
- Desculpa?
- Um telefonema. Basta um telefonema e nem sais do prédio quanto mais do país! – Exclamei. Conseguia ver a cara de Eric a transformar-se em espanto depois em raiva. – Eu não vou deixar-te sair daqui, assim, irracional e emotivo como estás agora! Tu não pensas quando estás assim, já viste o que ias fazendo ao Dean!?
- Ele não é um bebé!
- Não é essa a questão! – Aproximei-me alguns passos dele. – Eu vi a tua cara há bocado, nem querias saber se o Dean ficava bem ou não, apenas querias ligar-te a Sheftu. Tu não és assim! Desde quando não olhas a meios para atingir o fim?
- Tu não sabes o que sou ou deixo de ser. Pára de ser infantil, isto não é sobre o Dean….
- É sobre a Sheftu, eu sei! – Exclamei. – Mas, mesmo assim não vou deixar-te assim neste estado. Vais acalmar-te, pensar, respirar e, logo a seguir, partimos.
- Há prioridades, não há tempo para estas trivialidades, Carmen. Não tens noção?
- Tenho, e neste momento é certificar-me de que o Dean, está bem! – Passei por ele a passo rápido, mas, lembrei-me de um mero detalhe que, eu sabia que iria sair da boca dele. – E, não são ciúmes! Estou preocupada contigo, porque sei que não funcionas bem sob pressão. É tudo pelo teu bem…
A porta abriu-se de repente e Frankie apareceu.
- Carmen, o Dean chamou por ti.

***

Entrei no quarto e viu-o. Estava sentado na ponta da cama com uma garrafa de água numa das mãos. Tinha a cabeça baixa, tentando recuperar do que se tinha passado há poucos segundos. Eu avancei…
- Pára! – Ordenou Dean. – Não te aproximes. O meu cheiro é insuportável… Vómito…
Revirei os olhos, sentei-me ao seu lado afagando-lhe os cabelos cor de areia. Cheirei-lhe a nuca captando aquele odor florestal.
- Cheiras a ti mesmo. Como estás?
- Óptimo! Pronto para outra! – Levantou o polegar em sinal positivo. Ri-me beijando-lhe o cabelo. – Oh! Eu sou um fraco…
- Fraco?
- Sim, o Eric fez uma coisinha simples e eu vim abaixo. Achas normal?
- És humano… - Nem acabei a frase e já sabia o que vinha a seguir. Dean levantou-se e caminhou pelo quarto.
- Sim, sou humano.
- Não comeces!
Parou a sua caminhada e olhou para mim com ar incrédulo.
- Quero fazer-te uma proposta: No fim desta confusão, quando trouxermos a Sheftu de volta, quando a casa do Lawrence estiver normalmente de pé e tudo estiver no seu devido lugar, tu e eu vamos sentar-nos para ter uma conversa como dois adultos. Sem “mas” nem qualquer impedimento e tu vais dizer-me porquê que não queres que eu me transforme em algo como tu.
- Não está no meu direito.
- Mas, está no meu! É a minha escolha!
Resfoleguei. Dean era simplesmente impassível.
- És tão teimoso!
- Pois sou. – Ele aproximou-se de mim e eu levantei olhar para a sua bela figura. Senti-me quase a cair aos seus pés. – Não percebes que faço tudo para estar ao teu lado? Já passei o ponto da sanidade, Carmen. Nada mas, nada mais está à minha espera nesta vida só me restas tu…
- A tua morte.
- A minha eternidade.
Trocamos olhares, eu mostrava-me apreensiva pela sua devoção à minha pessoa, enquanto ele mostrava total confiança e não mudaria de ideias tão cedo. Raios partam esses olhos verdes e boca suave que só pesam na minha balança moral.
Bateram a porta para a seguir, esta mesma se abrir e aparecer Eric, seguido de Frankie que ainda o olhava da maneira mais mortal possível.
- É claro, agora. – Disse num tom neutro. – A Sheftu está na Transilvânia.
- Trans… - Exclamei. – Na Roménia?
- Sim. Foi levada pelo Gustav. – Foi a vez de Dean responder, eu olhei para ele intrigada. Aquela ligação entre os dois não me caia bem.
- Como vês… - Anunciou Eric. – O Dean está bem, portanto se não te importas, gostaria de partir ao encontro da Sheftu.
- Tudo bem. – Respondi por fim. – Vamos para a Transilvânia.
Frankie levantou a mão e olhou para Eric.
- Como é que vamos para lá?
- Eu trato do transporte.
- Oh, vais dizer-me que tens um jacto à nossa espera?

***

De facto, estava um jacto à nossa espera num terreno baldio a poucos minutos dali. Era branco, longo, corrido de janelas e com longas asas. Saímos do carro e aproximamo-nos do local onde o avião estava parado.
Eric aproximou-se de um jovem que se encontrava sentado nas escadas do avião.
- Job!
Mesmo ainda longe, o jovem ergueu a cabeça. Assim que reconheceu Eric, levantou-se e deu-lhe um abraço.
- Eric, meu caro. - Job era mais alto que Eric, homem forte, com a pele em tom de chocolate negro, uns lábios grossos e olhos verdes que nem jades. O seu cabelo era de rastas grossas que vinham até aos ombros, apanhadas num elástico, feito de um pedaço de pano. Tinha uma cicatriz no lado esquerdo da cara, vinha desde da sua testa até a bochecha, assentava tão bem na sua cara que era impossível vê-lo sem ela. Um belo homem de 30 anos mas, com um corpo de 20. Voltou-se para mim sorridente.
- Carmen.
- Job.
Sempre respeitoso e cavalheiresco. Tomou a minha mão num beijo suave e a seguir olhou-me sorridente.
- Linda como sempre. – Olhou de relance a Eric. – Com todo o respeito, claro.
Tinha-me esquecido, Job conhecera-me no tempo em que Eric e eu estávamos juntos. Desde essa altura, nunca mais trocamos contactos.
Eu ia responder, explicando o equívoco mas, alguém se adiantou.
- Estás a pedir desculpa a pessoa errada, Job. – Era Dean. Assim, que Job se voltou para ver quem havia falado o seu comportamento mudou completamente. Soltou um berro de alegria e correu em direcção a Dean e a Frankie. Os três trocaram abraços, palmadas nas costas, risos e gargalhadas. Enquanto isso, eu e Eric observava-mos em espanto.
- Hey, rapaziada… - Pediu Eric acalmando a euforia. Os três malandros alinharam-se: Frankie, Job e Dean, eu conseguia vê-los perfeitamente a causarem sarilhos onde fossem. – Querem explicar como se conhecessem.
Os três trocaram olhares.
- Três palavras: Mulheres.
- Póker.
- E, bebida.
Que combinação! Frank, estaria encarregue das mulheres, com a sua lábia não deveria ser difícil arranjar companhia para si e para os outros. Job era o dono das cartas e da mesa de jogo, não considerava um vício apenas um hobby. Enquanto isso, Dean trazia bebidas…esta ideia não me agradou muito mas…não demonstrei.
- Óptimo ver que a vossa amizade continua. – Respondeu Eric com um ar meio ofensivo.
- Não te preocupes, Eric. – Respondeu Job, com uma mão no peito. – Serás sempre o meu favorito.
Eric revirou os olhos e subiu as escadas do avião. Eu ia seguí-lo mas, lembrei-me de ir buscar algo ao carro.

- Só um segundo… - Corri para o meu Mustang parado naquele terreno e abri o porta bagagens, de lá retirei o meu Diário. Usaria a viagem para ler tudo aquilo que uma vez fui e obrigar a nova Carmen a renascer. 

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