Transilvania Season - Ep 27, Carmen

Carmen não parecia ter a vida nada facilitada, principalmente depois de tudo ter acontecido. Já não bastava ter um velho amigo morto que lhe dera tudo o que tinha, agora Dean começava a desejar tornar-se o que ela mais detestava ser - um vampiro - e, ainda tinha Eric, que faria de tudo para encontrar a múmia, nem que isso o matasse. Quando teria ela descanso?!

"2 Guys, 2 Issues, No Solution" by Carmen Montenegro

A manhã veio comigo perdida em seus braços, Dean respirava pesadamente num sono de guerreiro mais do que merecido. Ao longe ouvi o galo cantar, enquanto a luz inundava o meu quarto.
Levantei-me para fazer escurecer os vidros. Vi a vista do meu quarto, ao longe a cidade de Inverness erguia-se sob a luz do sol que provinha dos montes em volta. O sol vinha com força, quente e brilhante. Enquanto estava ali senti Dean a mexer-se na cama, rapidamente voltei a colocar-me ao seu lado, tinha aprendido a adorar vê-lo acordar, os seus olhos adquiriam um verde tão intenso….
Assim que me viu, percorreu a minha cara com a ponta dos dedos. Tinha um ar sério, o seu verde intenso mostrava alguma preocupação. Percorreu com o dedo os meus lábios, enquanto via que ele pensava seriamente em algo.
- Como é, a transformação?
Suspirei perante aquela pergunta, também era uma questão de tempo até perguntar.  
- É doloroso. Tinha de te tirar todo o sangue, depois dar-te a beber do meu a partir daí passarias por algo extremamente doloroso: sentirias o seu coração parar, não consegues respirar, és tomado por um ardor que vem de dentro para fora parece que estás a queimar-te, sentes os teus ossos a rachar e os teus músculos contraem-se ao máximo. Depois, vem a morte em si. Podes ficar assim, morto, por horas, talvez dias. Depois, quando acordas sentes uma sede incrível. Apetece-te beber tudo o que mova, não te consegues controlar. Vês os recém nascidos que nos atacaram?
- Sim.
- Vais ficar mais ou menos assim. Quer dizer, não se tiveres alguém que te guie durante essas semanas. – Olhei para ele. Vi que ponderava tudo o que lhe tinha dito. - É um processo doloroso, Dean. Tão doloroso que muitos vampiros esquecem-se por completo do que já fora enquanto humanos. Não é como ir a faca numa mesa de operação, quando te transformas tu morres. Não há volta. Ainda é isso que queres?
Dean desviou o olhar do meu durante alguns segundos, quando olhou para mim vi que já não havia duvida mas, certeza. Afastei-me dele rapidamente.
- És maluco!
- Shhh vá, não perguntei por mal apenas por curiosidade! – Assegurou Dean. - Acabamos de fazer as pazes, vamos brigar outra vez?
- Eu não entendo, qual é a tua obsessão com isto, Dean!
- Carmen! - Ele puxou-me pelo braço. - Foi só uma pergunta, a titulo de curiosidade.
 Sentou-me no seu colo, beijando-me de todos os lados mas, mesmo assim não consegui relaxar. Ele queria ser transformado e nem aquela pergunta de curiosidade, iria facilitar as coisas. Abracei-o cheirando a sua essência humana, eu queria-o assim: vivo, quente não morto como eu.
Bateram a porta.
Hum…Dean? – Reconheci a voz de Frankie do outro lado. - Estás acordado, temos de voltar ao motel…
- Já?
Sim, primo. Temos uma conta para pagar, sem esquecer as coisas todas que lá estão…
- Espera, Frank... – Eu afastei-me e Dean levantou-se. Procurou as suas calças no chão e vestiu-as. Eu, entretanto encontrei a minha camisola preta e vesti, deixando-me ficar sentada na cama debaixo dos lençóis. Dean abriu a porta. - Entra, vou a casa de banho…
Frankie entrou no quarto e olhou para mim com um ar meio constrangido. Dean desapareceu para a casa de banho.
- Ainda não me habituei… – Disse Frankie com um sorriso. - Tu e o meu primo…surreal!
- Eu sei.  
- Engraçado como as coisas mudaram: passou de te odiar a nem conseguir viver sem ti…
- Sinto o mesmo.
Eu ri-me. Na casa de banho ouviu-se o som de água a correr.
- Sabes que ele se quer transformar, certo? Não fala noutra coisa. - Não disse nada. Estava cansada de fazer valer o meu ponto de vista. Não queria Dean como vampiro! - Ouve, ele está tão apaixonado, por ti. Mas, tão apanhadinho, Carmen que tu nem imaginas!
- Sim, eu acho que tenho uma ideia…
Frank, olhou para a casa de banho e avançou até a cama, sentando-se na ponta.
- Nem acredito no que vou dizer mas, fá-lo. …- Eu fiquei espantada com a declaração de Frankie. -  Até eu! Um caçador a permitir a transformação do meu único familiar. Estranho mas, é a verdade. Carmen, ele mal aguentou ir até a estrada ver o rasto da Sheftu, ele sente uma tal atracção por ti que apenas pode acabar com esta transformação.
- Não tens medo de ficar só?
Eu? Só? Carmo, já devias saber que eu nunca estou só!
- As raparigas que encontras nos bares, não contam.
Frank riu-se divertido.
- Ouve, já tenho mais do que idade para tomar conta de mim. Não te preocupes. Fá-lo pelo Dean.
- Mas, eu não quero que ele morra, Frank! Não é justo um ser abdicar da sua vida por um outro, que não é digno! E, se no fim não for nada do que ele quer, e se nós um dia acabarmos, ele vê-se morto e ainda me culpa! Não posso ter essa responsabilidade nas minhas mãos…
- Sabes, a meu ver tens duas opções: ou fazes tu, ou ele pede a outra pessoa para o fazer.
-  Achas que ele seria capaz?
-  Não és a única vampira que ele conhece.
Mal Frank fechou a boca, Dean veio da casa de banho. Vinha a limpar a cara a uma toalha minha, sem atenção ele tropeçara na enorme caixa de Lawrence.
- Raios! Vais ficar com este trambolho aqui no quarto? – Perguntou ele agarrando o tornozelo. Lembrei-me que Lawrence queria que o escondesse o máximo que pudesse.
- Não. Faz-me um favor, vê se encontras um armazém na cidade e coloca-o lá. Não me dês a chave.
- Okay. – Dean aproximou-se de mim, beijou-me na boca rapidamente. - Vou ao motel, volto já.
Afastou-se de mim, pegou na caixa e saiu do quarto. Frankie, ainda ficou durante uns segundos sorriu-me.
- Pensa no que te disse, Carmen.
***
Uma hora passou e eu ainda fiquei na cama a fazer coisa nenhuma. Simplesmente, não me queria levantar. Nem queria ver a desgraça da destruição da minha casa, sob a luz do dia. Já era mau sob luz artificial agora, só de imaginar a luz natural do sol, dava-me mais medo. Acabei por me levantar, lentamente voltei ao duche num banho rápido e resolvi mudar de roupa: Procurei no meio da minha roupa casual, umas calças de ganga, com uns ténis pretos e uma camisola preta com decote em V, que salientava o meu fio ao pescoço. Apanhei o meu cabelo ainda molhado numa trança grande que me caiu até ao fundo das costas; Arrumei o quarto o melhor que pude, pelo menos aquele meu pedaço queria trazer a realidade o mais rápido possível, enquanto o resto se moveria com lentidão.
Abri a porta do quarto, sai corredor fora, cheguei as escadas e tive que suster a respiração. Aquilo estava pior do que pensava: o chão rachado, coberto de poeiras e pedaços de pedra. O lustre pendia do tecto perigosamente, um sopro e aquilo cairia. As escadas mostravam falhas assustadoras, um pé mal colocado e seria a morte de alguém. O tecto precisava de ser reparado urgentemente ou cairia sobre as nossas cabeças. Parecia que tinham solto uma manada de animais furiosos que destruíram a casa antes de desaparecem.
Desci as escadas com cuidado, tentando saltar por cima das falhas, até que cheguei ao ultimo degrau e observei aquele lustre torto. Estava totalmente torto. Estiquei a mão, ainda ficava longe mas, queria toca-lo mas, não cheguei a faze-lo; Fui puxada para trás ao mesmo tempo que o lustre se desmoronou, caindo em mil pedaços mesmo a minha frente.
- Tinhas alguma ideia em especial? – Reconheci o aperto em volta da minha cintura.
- Não mas, obrigada na mesma, Vladimor.
Ele largou-me devagar, acabei por afastar-me e observar os pedaços de vidro no chão espalhados. Não sabia porquê mas, a queda daquele lustre tinha-me deixado especial tristeza.
- Tenho que andar sempre de olho em ti, adoras magoar-te.
- É a minha veia espanhola. Adoro ser vitima. - Vladimor olhou para mim com um ar confuso e eu encolhi os ombros. Chutei um pedaço de vidro. - Gostava deste lustre…
- Que cheiro é este? – Perguntou Vladimor. Aí sim dei-me conta do leve cheiro que vinha no ar. Era-me muito familiar e provinha da cozinha. Foi então, que percebi o que era e corri o mais depressa que pude, seguida de Vladimor.
- ERIC! – Quando vi-o foi de tal modo traumatizante que julguei morto. A quantidade de sangue no chão era tanta que nem sabia bem de onde vinha, ele estava caído inconsciente, encostado aos armários com as mãos ensanguentadas. Aproximei-me dele e vi as suas mãos, que mostravam cortes sérios nas palmas.
- Ele está vivo? – Perguntou Vladimor atrás de nós. 
Levantei a mão e mandei uma enorme chapada na sua. Eric, mexeu as sobrancelhas e suspirou.
- Estou acordado… – A sua voz saia fraca. Os seus olhos azuis estavam mais salientes com a sua palidez mortal. Olhei para o lado e vi uma quantidade de símbolos escritos no chão. - Não resultou. Não consigo encontra-la…
- Já dormiste?
- Não tenho tempo para isso. Tenho que encontra-la. - Abriu um sorriso cansado e olhou para mim. - Durmo quando morrer.
- Não digas isso. - Estendi a mão e toquei-lhe na face num gesto já antigo entre nós. Então, algo aconteceu que nunca pensei ver; Eric começou a chorar. Um pranto de tal modo desesperado que doeu no fundo do meu ser. - Vladimor, importaste de nos deixares a sós, por favor? 
Vladimor não respondeu. Levantou-se e saiu pela porta das traseiras. Eric tinha as costas das mãos a taparem os seus olhos enquanto chorava desalmadamente. Então, como se quisesse protege-lo abracei-o, deixando-o descarregar a falta que Sheftu lhe fazia em mim. Afastei-me dele, enquanto pegava num pano e limpava as suas mãos o mais que podia.
De repente lembrei-me do que Lawrence me tinha dito, que a chave para encontrar Sheftu era, Dean. Comecei a pensar em como seria isso possível? Será que essa “chave”? O Dean ligado a Sheftu? Ora ai está algo improvável de acontecer!
Eric separou-se de mim repentinamente, olhando com um ar surpreso. Tinha os olhos vermelhos, raiados e mais azuis que nunca.
- O que foi que disseste?!
- O quê?! Nada!
- Não! O que foi que pensaste?! Acerca do Dean e da Sheftu…- O olhar de Eric, estava tão intenso que fiquei com um pouco de medo. Não sei como, mas as suas mãos fecharam-se a volta dos meus braços com rapidez e força. - DIZ-ME!
Larguei-me dele com rapidez e, empurrei-o contra os armários numa tentativa de escape.
- O Lawrence, disse-me que a chave para encontrar a Sheftu está com o Dean… – Nem acabei a frase como deve ser. Eric, empurrou-me para o lado e saiu a correr. Fui atrás dele e, rapidamente passei a sua frente empurrando-o.
- Onde raio julgas que vais?
- Ter com o Dean! Aquele idiota sabe onde está a Sheftu e vai dizer-me!
Passou por mim a passo rápido mas, eu puxei-o pelo braço.
- Não vais ter com o Dean, porra nenhuma! Nem penses que vou deixar-te chegar perto dele…
- Afasta-te!
Eric largou o meu braço furiosamente e empurrou-me, eu dei uns passos atrás mas, ainda fui a tempo de agarra-lo pelo ombro. Puxei-o e encostei-o a parede com força tal, que fez mais umas quantas mossas.
- Tu não vais ter com o Dean sem eu estar por perto, entendes?
- Não me consegues parar.
- És rápido mas, eu sou mais rápida! Lembraste, quando jogávamos a apanhada e tu bem que corrias mas, eu apanhava-te sempre. – O meu tom era ameaçador. Nem pensar que vou deixar, Dean nas mãos de Eric principalmente, estando ele tão irracional.
- Não tenho medo de ti.
- Não é para ter, não te faço mal mas, as coisas podem mudar…- Afastei-me dele. Eric, pareceu ter recuperado a racionalidade. Claro, que apenas parecia.
- Olha para ti, toda protectora com um humanóide sem valor. Finalmente, tiveste o que querias! Uma maneira de seres mais humana! Vives as tuas experiências através dele, devias ter vergonha…
- CHEGA! – Berrei, senti uma onda de raiva a subir por mim mas, resolvi acalmar-me. - Isto pode ser feito a bem ou a mal mas, nem pensar que vais ter com o Dean sem eu estar por perto! Então?!
Eric olhou para mim, sabia muito bem que eu não iria desistir facilmente. Não era fácil, ele já devia saber.
- Tu conduzes…
- Tudo bem mas, antes tenho que ir buscar uma coisa.
Subi as escadas até ao meu quarto numa correria desenfreada. Abri a porta e aproximei-me do guarda-fato de onde retirei o meu diário: um grande caderno de capa negra com as inicias C.M numa letra fina e curvilínea. O meu passado todo ali. E, se Lawrence tinha razão eu iria precisar dele. Procurei a minha mochila e coloquei lá o diário, ia mesmo a sair quando o meu instinto mandou-me voltar atrás. Abri uma gaveta e reconheci as minhas armas, reparei que estava a ficar sem munição; Só rezava para que não tivesse que usa-la futuramente!
A Carmen dividida chegaria aos seus fins hoje. Iria tornar-me muito mais do que sou…A nova Carmen, renasce a partir de agora.

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