Transilvania Season - Ep 25, Sheftu

Sheftu, após eliminar qualquer traço de vida de Pan perdera por completo os sentidos. Quanto tempo demoraria até que sua existência chegara ao fim? Não importava, desde que pudesse acabar com tudo logo de uma vez. O que ainda estaria para vir, antes que tudo acabasse?

"Well Judged" by Sheftu Nubia


O peso do meu corpo e a sensação de que o tinha partido por completo teimavam em marcar-me mal voltei a ter consciência do momento. Abri o meu olhar tão rapidamente, ao mesmo tempo que me levantava.
- Calma... – Ouvi alguém dizer, segurando no meu braço. Era Elizabeth, e ao seu lado estava aquela mulher, Dora.
- O que aconteceu? – Perguntei confusa, tentando relembrar-me de todos os passos que tinha feito. Sim, o corpo de Pan... Todo aquele sangue que surgia do seu corpo que se despedaçava cada vez mais, até que tudo acabou, com o seu coração sobre as minhas mãos.
- Depois daquela tua festa privada, não sei como mas foste abaixo... – Começou por sorrir, alegre do meu feito, mas rapidamente ficou um pouco preocupada com a situação.
- Quando chegará a hora? – Perguntei sem qualquer rodeio. Tinha vivido o tempo suficiente para saber que acabaria por ser julgada por ter aniquilado um elemento da corte – vivo ou morto.
- Acredito que tudo está a ser preparado o mais rapidamente possível por Kiya. – Ao ver a minha expressão quando ouvira aquele nome começou por tentar descobrir o que era, mas rapidamente deixou de dar importância ao assunto e prosseguiu. – Ela está determinada a tratar do assunto o mais rapidamente possível.
- Calculo que sim...
Dora aproximou-se de mim, ajoelhando-se. Seus braços se esticavam para a minha direcção enquanto a sua cabeça permanecia direccionada ao chão.
- Não necessitas de me devolver isso. – Disse.
- Mas, Senhora... Sei que precisa disto mais que eu.
Era para reclinar a oferta, mas Elizabeth rapidamente tirou a pulseira das mãos de Dora e colocou nas minhas, fechando-as. Eu olhei-a seriamente. Era muito estranho...
- Não me vás agradecer. – Começou por responder-me. – Acredita que faço mais um favor a mim do que a ti. Aceita, vais precisar.
Mesmo antes que pudesse dizer algo, ela começou por se levantar, incitando a Dora deixar-nos a sós. E assim o fez, sem sequer proferir uma palavra. O medo que ela tinha por aquela bruxa era óbvio. Levantei-me e sentei sobre a cadeira, ficando assim de frente para ela.
O silêncio de morte ficou entre nós, não parecia que nenhuma de nós estivesse disposta a falar. Afinal de contas ela era um elemento da corte daquele quem eu mais quero aniquilar.
Fartei-me de tudo e ergui-me. Se fosse para haver algum julgamento então que começasse logo! O que era para acontecer seria feito. Não importava minimamente o fim, sabia bem que a hipótese do que antes vira estava próxima demais para o meu gosto. Então de que estava eu há espera? Ela que venha, que tente acabar comigo... Vejamos quem tem mais sorte!

Ia a sair do meu quarto, mas rapidamente fui impedida por um grupo de idiotas que ficavam de plantão sobre a porta. Ah! Mas que monótona hora que agora teima em atravessar-se... Se já sei o que acontece, porque demoras tanto morte?!
- Gustav está a fazer os possíveis para que não sejas julgada... – Começou por dizer Beth, criando um enorme silêncio logo de seguida. Certamente observara a minha expressão ao ouvir aquele nome.

E o vazio manteve-se sobre o quarto enquanto ainda ninguém chegava, a esperar impacientemente que a minha hora pudesse finalmente tomar o seu lugar. Apesar de tentar resgatar ao máximo a minha mente das recordações de um passado, haviam momentos em que tudo parava, tudo ficava no sentir parte do que fui e reviver cada emoção que se tinha passado.
Mas naquela altura eu tinha sido uma idiota, tal como agora de uma certa forma o era ao permitir que tudo isto acontecesse. Até na morte, até mesmo quando tudo pode finalmente acabar, até aí...
Estava eu aqui juntamente a uma carrada de desconhecidos que teimavam em manter-me cativa por cá, deixando-me extremamente irritada mas com uma arma da qual eu não conseguia escapar por mais que desejasse.
- Achei curioso... – Começou Elizabeth por dizer após um longo tempo em que o vácuo germinava onde estávamos.
- Curioso o quê?
- A forma como mataste aquela coisa... – Observei-a enquanto sorria ao relembrar-se da ‘coisa’ que estaríamos a falar, como resposta limitei-me a sorrir. – É habitual seres assim tão... Tempestiva com a humanidade?
- Tem dias... E também tem gostos. – Rapidamente veio-me à mente o olhar de Eric que me provocava, que tentava irritar-me para que minha forma de ser libertasse a sua essência sobre nos. Sorri, tentando retirar rapidamente essa ideia da cabeça, não era hora para antigos momentos... Não sabia bem porquê, mas um calafrio aprofundou-se sobre a minha pele.
- Para mim qualquer humano é digno de sofrer. – Começou por dizer, mas rapidamente recatou-se. Seus olhos se abriram, o que me fez observar a origem da aparente mudança.
- Gustav parece que necessita de ti. – Kiya dirigia-se a Elizabeth. Pelo que acabava de observar a relação que estas duas tinham era de completo desprezo. Só tinham um elemento em comum e todo o restante simplesmente se tornava momentâneo.
Kiya observava-me sorrindo enquanto um corpo se esvoaçava com rapidez ao encontro daquele que nos desunia. Parecia que algo lhe faltava, que desejava dizer-me algo mas que ainda não chegara a altura. O seu olhar me dizia em abertamente tudo o que fazia intenção, querendo até que todas as almas que eu eliminara no passado pudessem unirem-se a ela para que a tortura fosse arrebatadora.
Eu bem me sentia impotente perante a suposta família, o meu suposto sangue que permanecia bem à minha frente. Ainda nem tinha saído da ombreira da porta, imóvel e incrivelmente irritante para mim.
Aquela sua cara, todas aquelas relembranças simplesmente saltavam para o meu pensamento. Não, não era raiva que me assolava... Sentia falta daquela criança que esteve sobre os meus braços, a mesma que corria livremente enquanto escapávamos daqueles que nos procuravam... A mesma criança que cresceu e virou costas a tudo aquilo que lhe contara, negando assim toda a sua família, todas as linhas de pensamento que eu lhe pudesse ter ensinado. Eu tinha errado, todos erram no mundo... Para alguns, as consequências tornam-se até a própria morte da alma, e eu tinha enterrado bem...
Bem que tudo isto poderia ser diferente, mas não... A minha estupidez tinha sido extrema, ao deixar que a sua educação fosse dada simplesmente por dois vampiros que não faziam outra coisa senão aprenderem ainda a adaptarem-se ao mundo. Um vampiro com ideias de poder que acabou por manchar a cabeça dela com ideias parvas e uma vampira que só pensava numa forma de proteger o mais possível o único traço vivo da família que já estaria condenada há muito.
- Não dizes nada? – Perguntou-me.
- O que queres que te diga que já não o tenha feito? – Apontei.
Uma enorme gargalhada sonora saiu da sua boca, ria com gosto sobre as palavras que surtiam ainda um pouco de afecto sobre ela. E quem era eu para me enganar? Eu bem sabia que nunca tivera realmente uma irmã, tentara criar algo que se voltou contra mim e cujo único objectivo é ser manipulada por quem o consiga.
- Podias pelo menos tentar ser mais grata com o favor que te vou fazer. – Fingiu rapidamente uma expressão de ingratidão. – Nem um pedido de clemência? Oh! Mas devias...
- Deixa-te de cerimónias e acaba com tudo logo de uma vez. Já sabemos muito bem ao que vieste, porque demoras?
- Oh, és uma verdadeira desmancha-prazeres... Como sempre. – Seu sorriso alargou-se quando retirou as suas mãos das costas e mostrou-me o líquido avermelhado escuro que tinha nas suas mãos. Não parecia ser apenas sangue, pelo seu aroma que de um certo modo abafava o cheiro do Eric, haveria umas outras ervas misturadas. – Vejamos se acertei no recipiente... Vamos a uma tentativa?
Cansada de tudo limitei-me a esperar que a inconsciência entrasse sobre mim e sobre os meus pensamentos... Por breves momentos ainda consegui ouvir a sua voz... mas rapidamente tudo ficou mais uma vez num enorme vazio mortal.

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