Transilvania Season - Ep 22, Sheftu

Haveria algo mais profundo do que matar alguém que o estava a merecer há muito? Sheftu provavelmente não achava que houvesse, pelo menos nas suas condições de cativa pelo seu criador e a sua querida irmã. O prazer que seria para ela, vivenciar e ser a autora de cada suplício que agora Pan vivia pelas suas mãos. Sempre se ouviu dizer que a vingança é um prato que se serve frio, mas este seria bem quente...

"Silly Little Woman" by Sheftu Nubia


Há almas que simplesmente não deveriam sequer existir, sensações que trazem a morte como companhia. Quem diz que ser um monstro não traz as suas partes boas? Não é o simples prazer da dor que provocamos nos outros pois na maioria das vezes é apenas um grito que sufocado que teima em sair, nem sempre trazendo o bem, raramente deixando que as suas vidas sejam poupadas.
Ouve os ecos sobre o teu corpo, sente o medo apoderar-se da tua alma que o usa como puder... Gostas de ver como é o teu doce fim? Forças não são precisas nestas situações, apenas um estrondo que me faz ressurgir do nada, da força que está completamente estendia por terra.
NÃO, POR FAVOR... NÃO! PÁRA! – Gritos que se faziam como força sobre os meus ouvidos, amaldiçoados aqueles que ousam pedir, perdidos pelas torturas que saem de mim... Berra, estrebucha! Quero ouvir-te por estes últimos momentos que te fazem como minha preza.
O corpo de Pan acabava de ser atirado pelas portas, embatendo sobre a parede. Um corpo ensanguentado caído pelo chão, um olhar de puro terror que não parecia saciar-me o suficiente, nunca era o suficiente para escumalha como ela. Que o perdão fosse dado por quem pegasse depois nos restos, quando eu finalmente tivesse cumprido a minha parte.
- O que foi isto? – Questionou-se Gustav, surpreendentemente apreensivo. Mal observou-a a tentar suportar as dores do seu impacto, a tentar retirar alguns estilhaços da janela, ordenou apenas com um gesto para que os seus súbditos que me agarravam simplesmente liberassem o caminho necessário. – Vai em frente. – Disse-me, à espera de descobrir o quanto eu era capaz, como sua cobaia.
- Estás louco?! – Começou por dizer Kiya, mas rapidamente se calou ao ver a reacção que provocara nele. Ela parecia o conhecer tão bem como eu, certamente já tivera a mesma sorte... O que não me importava, por mais que me doesse por dentro, já nada mais fazia importância no que ela pudesse ou não sofrer. Era minha irmã e nada mais que isso. Como se já tivesse morrido, apesar de tudo o que ainda floresce por dentro de mim.
Tentei erguer-me, sem sucesso. Kiya riu com vontade, ao observar o meu rosto de dor na tentativa que tive de me erguer. Incitou com o seu olhar a uma nova tentativa, para que a divertisse com a minha dor, para que a minha perda fosse o seu ganho... Mais uma vez tentava ser algo que jamais conseguiria.
Rapidamente os meus sentidos se focaram naquela mulher que agora se levantava, com uma certa dificuldade, naquele chão estilhaçado. Um novo sufoco se formou em meus pulmões e quase que podia jurar que uma enorme leveza se cercou sobre o meu corpo.
- M-m-m-mas como é possível tal coisa?! – Ouvia uma voz atrás de mim, kiya estava completamente surpreendida, e eu compreendia o porquê!
- Isto não é fantástico? – Exclamava Gustav, completamente encantado com o que estava a acontecer.
O corpo de Pan agora se erguia, apenas a metros de mim, a poucos metros do chão. Elevou-se até ao meu olhar, abrindo sua boca na tentativa de pedir alguma ajuda, mas o som tornou-se completamente intenso. Um enorme gemido que marcava em si as dores que merecia.
- Ela está completamente louca! – Continuava a ouvir a voz daquela que supostamente era do meu sangue.

Tentei voltar-me para ela, provocando em mim um novo choque com aquele sangue que me fazia sucumbir sobre as minhas artérias. Um corpo que se fazia cair no chão, novos gemidos de dor, não apenas dela, também meus. Mas finalmente observava aquela mulher, a observava com rancor e dor ao mesmo tempo, não aquela que me afligia sobre o corpo...
A dor avassaladora da entrega total, aquela que nos faz morrer por dentro. E eu morri mais do que uma vez, desejei já a sua morte – o quanto a desejei! Porém, agora sei que a morte seria muito leve para ela, por mais torturas que existissem... A eternidade a mataria vezes e vezes sem conta sobre os braços daquele que ela pensava amar. Era uma idiota!
- Senhor Gustav, creio que deva levar a sua dama para os aposentos. – Proferi lentamente, aumentando a dor, tentando controla-la. Não era fácil, todo o corpo teimava em ser cúmplice daquele sangue. Enfurecia-me apenas ao pensar no assunto, mas rapidamente tudo acabaria – não para mim, Pan estaria brevemente morta, ainda não... Mas acabaria por morrer. - Não me parece que tenha a idade suficiente para permanecer calada.
Observei aquela que agora estava destinada a sofrer. Não tanto como eu, disso tinha eu a certeza, mas certamente provaria um pouco do seu cálice infernal... Aquele que tão calorosamente dedicara para mim.
Não sabia como o acabara de fazer, nem como o controlar... A realidade é que não me importava muito sobre essa área. O mais importante, sem qualquer sombra para dúvidas, era a sua tortura mortal.
- Preparada? – Comecei por dizer, ouvindo-a a gracejar um pouco, sendo logo após decomposto num enorme urro de pura dor. Sua pulsação fugia de mim, tentava...
Tentava sair da situação por cima, mas o controlo não estava mais do seu lado. A morte não era um prato que se servia frio, disso tinha eu a certeza. Todo o seu corpo iria ferver, estrebuchar com prazer.
Aproximei-me do seu braço, agarrei-o com toda a energia que ainda tinha e tentei sugar um pouco do seu néctar infernal... Se bem que ainda faltava um pouco de tempero, havia ainda pouca dor – muito pouca dor – no seu sangue.
- Algumas palavras? – Questionei-a, sentindo-me bastante melhor. Apesar da dor permanecer intensa, as forças começavam a surgir... O seu sangue parecia ser um bom remédio para todas estas atribulações.
- Não penses que isto fica assim... Eu...
- Mas tu o quê? – Comecei por gargalhar ao de leve, aumentando logo após o meu tom. – Tu no final acabarás por apodrecer num canto qualquer.
Sua boca começava por tentar proferir algo, o sangue que saía era demasiado para que as forças permanecessem no seu corpo. Tentei por uns breves momentos tomar o controlo sobre aquilo que a fazia sofrer. Apesar de inicialmente tentar sem qualquer sucesso, um sorriso se esboçou na minha face.
- Vamos brincar?
Elevei a minha mão levemente à cabeça, fazendo pressão para que a dor melhorasse, para que o controlo permanecesse. Tudo permanecia em vão, ouvi uns passos rápidos – mas não o suficiente – a afastarem-se.
Comecei por correr um pouco, dando-lhe a oportunidade de ter a leve esperança de escapar. Cerquei-a sobre uma parede, aproximando-me levemente do seu pescoço, deixando os meus doces e frios lábios reclinarem sobre a sua pele. Uma pulsação que aumentava a cada segundo que passava, respiração ofegante e repleta de emoção que se fazia nascer sobre o seu peito. Ah! Simplesmente maravilhoso...
Afastei-me para a observar, sorri-lhe. Talvez até fosse o melhor sorriso que alguma vez tinha visto em mim, e certamente seria dos últimos que veria! Não escapou a oportunidade de tentar afastar-se de mim, correndo novamente para longe... Mais uma vez tentei controlar a minha cabeça, aquela que latejava de dor, ardor, fúria e completo descontrolo.
Ergui a minha cabeça enquanto o seu corpo se esbarrava pelo chão. Sentia uma presença atrás de mim, nem me dei ao trabalho de observar quem era. Limitei-me a seguir o meu encontro com a morte.
Seu corpo escorria pelo corredor, algum do seu sangue era literalmente esbarrado contra tudo, deixando um rasto do seu precioso ser imundo sobre os meus pés. A velocidade a que íamos não parecia chegar, o seu coração começava a acalmar, perdendo assim forças, apesar de espasmos que permaneciam bem vivos sobre ela.
Parei rapidamente, virando-me para trás. Era aquela mulher, Elizabeth. Sorria levemente ao observar aquele corpo meio vivo sobre o chão que nem reparara muito que eu a olhava.
- Desculpa se interrompi algo. Não era a minha intenção.
- Não tem qualquer importância. – Comecei por dizer.
- Claro que tem... – Respondeu-me, erguendo levemente a mão. – Não queres acabar o que começaste?
Parecia ser uma espécie de elogio, como se até houvesse algo que pudesse nos alegrar às duas. A morte de Pan seria uma bela base para o bolo que se tornaria toda esta corte...
- Sim, claro... Nada me alegraria mais.
Pan estava erguida, não por si mesma. Beth tinha-a erguido, obrigando-a a fitar-me com um certo esforço. Não faltaria muito para que o seu corpo parecesse, teria de ser rápida.
- Como vês, afinal existem coisas que nunca mudam. – Disse-lhe, começando a inserir a minha mão sobre o seu peito. – O teu coração impuro terá o seu devido lugar. Agora tu, morre!
Simplesmente delirante. A morte com morte se paga, agora podes vir tu... Vens?

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