Transilvania Season - Ep18, Carmen
Talvez nunca conseguissem encontrar a Sheftu. Talvez Dean e Eric se matassem. Talvez Carmen se fartasse de todos e seguisse o seu caminho sozinha. Eram tantas as incertezas que novas pistas sobre o paradeiro da tão aclamada múmia viriam certamente alegrar em parte cada um dos elementos que ficara para trás. Carmen sabia que ainda haveria muito para se escavar, até que certas questões pudessem ser respondidas.
"There Might Be A Light..." by Carmen Montenegro
Fiquei ali especada entre os dois, observando-os. Dean vs Eric. Humano vs
Semi-Vampiro. Seria um combate e peras. Os dois pareciam dois
guerreiros prontos para a batalha: Eric, o favorito por muitos, devido aos seus
poderes mágicos e a capacidade de ler as mentes de cada um, dando-lhe abertura
para se tornar um vencedor nato. Dean, um mero mortal para muitos,
desfavorecido pois não tem poderes mas, tem algo que Eric não tem e é força e a
capacidade de lutar até ao fim, tornando-o um adversário difícil mesmo com
algumas falhas.
O meu passado e o meu presente/futuro num frente a frente
poderoso.
Segui à frente dos dois, senti que vinham lado a lado, e
conseguia sentir os seus olhares pregados em mim. Aproximávamo-nos das escadas
e não tardou até sentir o cheiro de Vladimor. Assim que apareci ele sorriu.
- Miss Carmen. – Desci as escadas e recebi-o num abraço. -
Estás bem?
- Sim, e tu?
- Melhor. Lamento pelo Lawrence, era um grande cavalheiro. –
Sorri agradecida pelas condolências. Vladimor desviou o olhar para Frankie e
Dean com um olhar apreensivo. - Os humanos…
- Sabem, estou a ficar um pouco fartinho da designação
“humanos”, temos nomes… – Reclamou Frankie. - Sou o Frankie Shepperd, aquele é
o Dean Ross, meu primo. Somos caçadores.
Vladimor adquiriu uma postura apreensiva, olhou para mim
procurando alguma resposta.
- São de confiança.
Vi-o acalmar-se mas, não totalmente.
- Se tu confias, eu confio. – Vladimor olhou em volta para
os destroços da casa. - Se eu soubesse tinha vindo ajudar ao invés de…
- Onde estavas? – Perguntou Eric com um pouco de agressão a
mais.
- Lá fora.
- Tu viste isto?
- Sim.
- Porquê que não vieste ajudar-nos? – Perguntei um pouco
chocada. - Ficaste lá fora a ver?
- Não, Carmen. – Disse Vladimor. - Eu vi o que estava
acontecer ao longe, corri para vir ajudar mas…Estava mesmo a chegar, quando vi
uma carrinha passar, aliás uma carrinha que tinha um cheiro característico. A
carrinha passou por mim a alta velocidade e deixou o aroma de Sheftu.
- Tu viste por onde ela foi? – Perguntou Eric.
- Sim, uma estrada a oeste daqui. Eu corri atrás da
carrinha, transformei-me de modo a correr mais depressa mas, algo aconteceu… –
Vladimor caiu no silêncio recordando-se do que acontecera. - Hum…eu lembro-me
de pouco.
- Conta-nos o que te lembras. – Pedi a Vladimor, toquei-lhe
no braço com carinho.
- Hum…eu segui a correr atrás da carrinha, ia a toda a força
quando algo aconteceu. Apenas vi um raio de luz branco, senti um entorpecer dos
membros e caí no chão. Senti-me percorrido por uma onda de energia e caí na
inconsciência. Acordei a momentos…
- Achas que o rastro da carrinha ainda se mantém? –
Perguntou Dean.
- Podemos verificar. – Disse eu. - Afinal, não passou assim
tanto tempo e se percorreram o caminho todo de carro deve haver marcas. E caso
haja marcas, vamos encontra-la e traze-la de volta…
- Tens razão. – Disse Eric, olhou para Frankie com alguma
relutância. - Vou chamar um carro, falar com umas pessoas…
- O meu jipe está parado lá fora! – Disse Frankie, tirou as
chaves do bolso e abanou-as. - Enquanto “falas com umas pessoas” nós vamos
andando, sim? Hey, Lobo guia-nos.
- Com prazer. – Disse Vladimor. Frankie saiu seguido de
Vladimor, Eric saiu depois com os braços cruzados com cara de quem não queria
ir – pelo menos não naquele carro – Eu ia seguir quando Dean se colocou a minha
frente.
- Fica por aqui, sim? – Pediu-me com gentileza.
- É só olhar para uma estrada, acho que consigo.
- Nós damos conta do recado. – Deu-me um beijo nos lábios. -
Volto já.
E saíram deixando-me sozinha. O silêncio atacou-me com toda
a força senti-me a encolher ali no meio. Rodei sobre mim mesma e entrei na
biblioteca ainda em ruínas, o frio entrava pela biblioteca. Pela primeira vez
depois de toda a confusão, analisei as estantes da biblioteca algumas estavam
caídas no chão, outras continuavam de pé mas todos os livros tinham caído;
Comecei a levantar algumas estantes do chão, colocando-as no lugar, apanhei os
livros que caíram voltando a arranja-los. Foi então que reparei na parede da
biblioteca, havia uma espécie de porta entreaberta. Fiz os meus dedos passar e
puxei a porta com força abrindo-a com um ranger. Onde iria aquilo dar?
- Carmen!
- AH QUE SUSTO! – Exclamei. Voltei-me e vi Samantha atrás de
mim com um outro vestido e braços cruzados. - O que foi, raios?!
- O que estás a fazer?
- Não é óbvio?! Estou a tentar abrir a porta.
- Hum, tu e eu temos que conversar, sabes disso, certo? –
Samantha continuou a falar sobre sabe-se lá o quê. Eu continuei a puxar a
porta, uma e outra vez até que ela se abriu e uma ventania fria fez-se notar,
levantando papéis do chão e levantando poeira. Olhei para Samantha e ela estava
espantada com a ventania que se feito notar. - Mas, que raio é isto…?
Aproximei-me, notei umas escadas que desciam para uma
espécie de túnel subterrâneo. Tacteei a parede e encontrei uma alavanca, movi-a
para baixo e uma linha de luzes acendeu-se escada abaixo. Senti Samantha a
aproximar-se de mim.
- Diz-me que não vais descer.
- Vou descer.
Instintivamente aproximei-me do primeiro degrau, desci-o.
- O quê? Nem sabes o que está ai em baixo…
- Vou descobrir. – Olhei para ela com um sorriso. -
Não tens de vir…
Vi-a relutante. Voltou-se para trás e depois olhou para mim.
- Alguém tem que te proteger, certo? – Assim que se afastou
da porta em direcção ao primeiro degrau, a porta fechou-se com toda a força
ecoando. Samantha ainda tentou abri-la mas, a porta não se moveu. - Estamos
presas aqui.
- Deve haver uma saída lá em baixo.
- O que te faz pensar isso?!
Encolhi os ombros.
- Uma suposição.
Comecei a descer as escadas, ainda consegui ouvir Samantha a
reclamar.
- Só espero que essa suposição, não nos mate…
- ‘ta descansada, Sam. Estás comigo, estás com Deus.
- Que
confortante!
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