Transilvania Season - Ep 21, Carmen

Carmen se aventurara, com seu espírito de caçadora, pelas profundidades escondidas da mansão. Samantha tinha-a seguido mesmo contra a sua vontade, demonstrando o quão imprudente Carmen poderia estar a ser. Mas... Se Lawrence lhe tinha devolvido pistas sobre o que ele desejava que ela encontrasse, porque deveria deixar que essas pistas se transformassem em cinzas?

"Next Time, Listen To Her!" by Carmen Montenegro

As escadas eram íngremes, pequenas, de pedra e sempre a descer. Pareciam não ter fim, enquanto isso, o cheiro a humidade intensificava-se. As filas de lâmpadas, por cima das nossas cabeças, mal iluminavam o caminho, por isso era preciso descer com o máximo dos cuidados.
Vi o final das escadas aproximar-se e saltei os últimos lances de degraus, caindo agilmente. Samantha por sua vez, veio a descer como uma dama. Cá em baixo, as lâmpadas não iluminavam o caminho, por isso aventurei-me na escuridão.
Avancei para o escuro, com os sentidos totalmente alertas. Aquela área parecia ser vasta, o cheiro a húmido era forte e presente. Algo roçou a minha cabeça, levei os dedos a cabeça e senti um pequeno cordel. Puxei.
- Carmen!                             
As luzes acenderam-se.
- O que foi?
Samantha teve que olhar para o lado esquerdo, para ver-me a segurar o cordel que acendia a pobre lâmpada por cima da minha cabeça.
- Vamos embora. Chega desta brincadeira.
- Não me lembro de te ter convidado, Samantha.
- Pois bem, estou aqui! Trata de encontrar uma saída, sim? - Separou-se para o lado contrário com todo o cuidado a procura de uma porta ou algo do género. - Vou ver a porta lá de cima.
Eu resolvi reparar a minha volta, dei-me conta que estávamos mesmo por debaixo da mansão talvez um ou dois andares por debaixo. Olhei para cima e reparei que no tecto estava desenhada a planta da casa a tinta branca e em grande escala. Voltei a olhar para baixo e vi o que pareciam ser 3 pedras alinhas.
Senti Samantha a descer novamente.
- Bem, é oficial estamos presas aqui! Espero que estejas contente…
- Samantha. – Chamei e ela aproximou-se de mim. Apontei para o local e ela seguiu com o olhar. - O que é aquilo?
Samantha ficou calada tentando descortinar o que eram aquelas pedras.
- São…pedras tumulares… – Saiu detrás de mim e aproximou-se das pedras. - Atrevo-me a perguntar que raio fazer aqui pedras tumulares?
- São dos pais de Lawrence.
- Margareth Gore Attwood, Joseph Stephen Attwood e…
- Lawrence Jonah Attwood. – Li eu em voz alta. É verdade, a sua campa permanecia mesmo ali junto a dos pais. Ironia.
Samantha olhou para mim de modo confuso.
- Não percebi…
- Houve um incêndio nesta casa, quando o Lawrence tinha mais ou menos uns 15,16 anos. O mesmo incêndio matou os seus pais, os dois ficaram encurralados pelas chamas e foram consumidos pelo fogo, no entanto, Lawrence conseguiu escapar… – Agora que pensava nisso, Lawrence nunca me tinha chegado a contar como tinha escapado do fogo. Mais uma explicação sem fim. - E, para fugir as autoridades teve que fingir que tinha morrido no incêndio. Era mais do que normal, na altura muitos pais morrerem e os filhos herdarem milhões: não seria o primeiro e com certeza, não seria o ultimo mas, o Lawrence é assim…preferia fugir. A campa supostamente pertence-lhe mas ele…
- Só morreu agora. – Completou Samantha. - Oh desculpa, Carmen eu sei que…
- Deixa estar. Ele morreu mesmo, nisso não te enganaste. - Samantha ficou meio descompensada e afastou-se das campas mas, eu parei-a. Algo estava mal, ali. - O que vês?
- Como assim?
- Olha para as campas. Que diferenças vês?
Samantha ficou parada a olhar para as campas, a princípio não viu nada de especial.
- Carmen, são três campas, com três pedras tumulares e…- Calou-se ao notar as diferenças. - Porquê que aquelas duas estão cobertas de flores e aquela não?
- Estiveram a mexer aqui recentemente. – Aproximei-me da cova de Lawrence e remexi.
- Carmen, aposto que é interessante mexer em túmulos. Acabaste de subir na minha consideração mas, subirias mais se encontrássemos uma saída daqui! - Não liguei ao que ela dizia. Samantha, és vezes, era chata apenas por ser chata! Parecia que ás vezes, não tinha nada para fazer…Simplesmente comecei a cavar com as mãos mesmo, afastei a terra toda. - Carmen, que raio estás a fazer?!
- Dá-me uma ajuda.
- Nem pensar que vou cavar! Devíamos estar a procura de uma saída. Temos que sair daqui! – Exclamou Samantha. - Aposto que o Louis vai passar-se, e eu que disse que ia só dar uma volta…
Samantha continuou a falar como sempre, enquanto isso eu continuei a cavar. Arrastado a terra para os lados. Nem eu sabia bem o que esperar dali, quem é que andaria a mexer no túmulo de Lawrence? Enquanto Samantha falava, eu cavava e foi então que as minhas unhas arranharam algo. Afastei a terra e vi uma tampa metálica, em poucos segundos Samantha estava ao meu lado ajoelhada e com um ar espantado. 
- Olha… – Disse eu. - Ajuda-me.
- Espera! – Pediu ela. - Não sabes o que está ai dentro.
- Vou puxa-la por alguma razão! Vá ajuda-me. – As duas puxamos a caixa para fora. Vinha selada e tinha uma enorme fechadura mas, como nós não tínhamos chave tínhamos que improvisar. Olhei em volta e encontrei um pau caído no chão, apanhei-o e meti a ponta, na ranhura da caixa de metal. Ia fazer força quando, Samantha fez-me parar.
- Carmen!
- O que foi!?
- Isso está selado por alguma razão e para além do mais, não é teu!
- O Lawrence disse que tudo nesta casa era meu por direito.
- Mas, podes ao menos deixar a campa dele, não?! É uma campa!
- Sem corpo e com uma caixa dentro, Samantha! Eu quero saber o que aqui está!
- És louca! – Samantha levantou-se e continuou na sua procura por uma porta, qualquer tipo de saída já que aquela lá em cima se tinha fechado. Pareceu afastar-se enquanto eu, fiquei sozinha com a caixa de metal; Voltei a colocar a ponta do pau na ranhura e fiz força, a caixa não se abriu da primeira vez. Voltei a fazer força e a caixa não se abriu. Voltei a tentar e foi então que ouvi um trinco…- Hey, encontrei uma porta! Um alçapão quero dizer…
Não cheguei a ouvir o resto da frase, uma névoa castanha invadiu os meus olhos, lançando uma sensação picante aos meus olhos, nariz, boca e garganta. Senti-me a ofegar, não conseguia respirar era como se mil agulhas estivessem a ser espetadas na minha cara com toda a força.
Caí para trás lutando contra aquela sensação picante.
- Carmen! – Samantha veio ao meu socorro, não a conseguia ver mas, sabia que pairava por cima de mim, sentia o tom de preocupação na sua voz. - Fica aqui! Vou buscar ajuda.
Ela desapareceu, provavelmente pelo alçapão, e eu fiquei só. Senti-me a sufocar e olhei para o lado, senti que alguém estava ali ao meu lado, enquanto sufocava.
- Sempre ouvi, a curiosidade matou o gato. – A voz vinha sussurrada ao meu ouvido. - E que gato me calhou.

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