Transilvania Season - Ep 17, Elizabeth
Estariam os seus poderes em risco? Isso não, jamais! Não sabia o que aquela convidada involuntária de Gustav tinha, mas certamente haveria algo que a impedia que conseguir atingi-la. O que tinha ela na manga? Todo esse mistério envolto nela era interessante, intrigante e até mesmo irritante. Não havia tempo para disparates, muito menos aqueles criados por seres repugnantes!
"I’ve To much Trouble Right Now To care About A Kitty!" by Elizabeth Wood
- Tu sabes que não o devias ter feito - Proferiu Gustav,
calmamente.
- Tu sabes que não me deves irritar - Respondi, indiferente.
- Tu abandonas-te uma cerimónia importante e matas-te uma
mulher importante... Eu é que tenho de estar zangado.
- Uma mulher importante? - Perguntei, pouco convencida.
- Sim, ela tinha informações necessárias sobre um vampiro Norueguês.
Levantei uma sobrancelha, sem dar qualquer valor ao que ele
acabara de me dizer.
- Sim, mesmo importante -revirei os olhos, e prossegui - Mas
preciso de falar contigo.
- Podes começar.
- A Neida. Quem é ela? E porque é que continua aqui?
Ele pareceu surpreso.
- Bem, minha querida Elizabeth, pensei que sabias que ela
tem poderes extraordinários!
- E sei. Só queria saber porque é que a manténs aqui.
- Porque ela é poderosa! Pensei que já te tinha dito isto!
- Mas tu devias fazê-la uma assassina odiosa! Ela é uma
criança pequena e inocente, que pensa que o mundo é só paz e amor! Tu devias
fazê-la odiar a humanidade, gostar de dor, gostar de matar, gostar de
sofrimento... Ela não gosta, ela gosta de borboletas e de cor de rosa! Isso não
me parece ser coisa de um verdadeiro assassino!
- Bem... Nenhum dos meus servos foi obrigado a servir-me.
Essa decisão pertences-lhe. E eu não vou obrigá-la ater de estar aqui! Se ela
gostar da ideia, pode ficar. Se ela não gostar, pode ir. É isso que estou a
tentar fazer: Deixá-la ter uma vida normal, e depois ela toma a sua decisão. Eu
não vou influenciar essa decisão.
Eu pensei naquilo por uns segundos e depois disse:
- Essa é a coisa mais estúpida que já ouvi nos meus nove
séculos! Vá lá Gustav! Pensei que eras terrível e mau e horroroso! Porque é que
te preocupas com uma menininha?
- Porque sim. E se tu soubesses mais sobre o assunto,
provavelmente concordavas comigo.
- Tu sabes que não.
Ele riu-se e sorriu-me.
- Sim, eu sei isso. Mas se tu fosses capaz de sentir qualquer
tipo de boa emoção, tu dirias que ela tinha de ficar.
- Pára de dizer essas tretas! Eu só quero saber porque é que
é assim! Tu não és uma mamã! Tu nem sequer gostas de miúdos! Para que é que é
isto tudo? Só para a mandar embora quando ela disser que não?
Ele não estava a olhar para mim, mas eu conseguia ver que
ele estava perturbado pelo que eu tinha dito. Bem, eu não me importava
realmente com isso, mas não tinha paciência para aquele tipo de coisa, por isso
deixei o quarto, a pensar porque é que ele seria tão estúpido que se preocupava
com uma rapariga pequenina... Bem, eu tentei não pensar que eu também me
preocupava com ela... Aquela cara... Aqueles olhos... Era demasiado doloroso de
recordar... Oh, eu era realmente uma completa idiota! Porque é que eu me
preocupava? Ela estava morta e enterrada. Eu não devia pensar nela. Eu não me
devia importar com ela. Eu só tinha de a vingar. Isso era o suficiente para
mim. Ou devia ser.
Criancinha idiota.
Naquele momento, quando me sentei no canto da minha cama, eu
só queria que ela morresse. Uma criança morta não me podia perturbar. Ou não
devia. Mas será que eu a queria morta? Quando pensei nisso, apeteceu-me dar-me
uma estalada ou dar cabo de mim própria. Oh, eu odeio-me! Não, eu odeio-NOS!
Nós não merecíamos viver. O nosso destino era a morte...
Mas porque é que eu pensei aquilo? Porque é que nos pus ás
duas naquela frase? Ela era nova e extremamente bonita. Quando ela tivesse 18
anos ou assim, ela poderia dizer que não queria aquele tipo de vida, e depois
podia simplesmente mudar de cidade e ter uma boa vida... Não, eu não queria que
ela se mudasse... Mudar era, de uma forma muito estúpida, demasiado doloroso
para mim.
Dois toques na porta acordaram-me, e eu interrompi a minha
discução mental.
- Posso? - Perguntou Celine, entrando no quarto.
- Tu já estraste. - Disse eu, dando-lhe um olhar que
perguntava "Que coisa entediante vieste cá dizer?".
- Sim, eu sei. Eu estava a perguntar se podia falar contigo.
Ergui uma sobrancelha. Nós não éramos chegadas - quer dizer,
eu não era chegada a ninguém, mas nós éramos especialmente nada próximas -
Então porque é que ela queria falar comigo? Eu falava com as pessoas o
menos possível, e elas só falavam comigo para dizer coisas do género
"Gustav está á vossa espera no salão" ou "Precisam de ti lá em
baixo" (esta última era a minha preferida). Ninguém "falava"
comigo. Bem, para mim falar era aborrecido, por isso não acho que tenha perdido
muito.
- Bem, o que é que me queres dizer? Tu sabes que eu não vou
ser toda tua amiguinha só porque o teu marido está quase morto. Eu até te acho
mais estúpida por isso.
Ela suspirou, fechando os olhos e colocando uma mão na
testa.
- Infelizmente, eu sei isso. E infelizmente, tu és a única
que me pode ajudar neste momento.
- Eu não sei se tu já sabias disto, mas eu não AJUDO
ninguém. Não ajudo. Não gosto.
- E eu odeio pedir ajuda, mas eu preciso mesmo disto, e tu
és a única pessoa que me pode ajudar.
- Bem, eu também odeio dizer isto, mas tenho tempo livre.
Força, diz o que queres dizer, mas eu não prometo que te irei ajudar. Por
acaso, tenho quase a certeza de que não o farei.
- Não perco nada por tentar.
- Se tu o dizes... - Murmurei, a olhar para a pequena
cadeira cor de creme á minha frente.
- Já sabes a minha história, certo? - Perguntou ela.
- Sim, eu sei aquela treta sobre tu seres uma mulher frívola
e estúpida, recém-casada, que trocou a sua nova casa e marido só porque querias
ter uma cara gira para sempre e não quereres ter o peito descaído.
Passou um raio de dor pelos seus olhos quando ela acenou,
mas eu não me importei. Eu não estava ali para me preocupar com os sentimentos
dos outros.
- Bem... Eu quero salvar o Marcus. Eu tenho de o tirar daqui
antes que Gustav o mate.
Eu balancei o meu olhar na sua direcção. Ela pensava mesmo
que eu ia trair Gustav para salvar o seu marido fraco e quase morto? As
raparigas estão a ficar mais estúpidas.
- Quem? - Não era tão bom, mas violência psicológica também
era boa. Eu ia fazê-la esperar coisas boas de mim, e depois dir-lhe-ia que não
ia fazer nada.
- Marcus, o meu marido - Esclareceu. Agora conseguia
distinguir esperança nos seus olhos - Eu preciso de alguns feitiços para poder
fugir daqui. Feitiços fortes. Tu és a bruxa mais forte daqui, por isso
escolhi-te a ti. Então? Ajudas-me?
Sorri, de uma forma arrogante.
- Em primeiro lugar: Tu vais acabar assassinada, e eu vou
ter uma grande discussão com Gustav. Segundo: Eu não gosto de ti, eu
nunca gostei. Quer dizer, eu não gosto de ninguém, mas tenho-te um ódio
especial. Terceiro: Tu não gostas de mim, nunca gostas-te. Eu não me importo,
mas isso continua a contar. Quarto: Eu não ajudo pessoas, eu faço-as sofrer,
lembras-te? E em último: Eu tenho demasiados problemas neste momento para me
preocupar com um gatinho.
O seu olhar mostrou dor, depois raiva depois mais dor,
depois frustração, depois ódio, depois ainda mais dor e por fim ela decidiu-se
pela raiva.
- Que tipo de problemas é que tens? Uma coisa sugadora de
sangue idiota que não sente as tuas torturas? É isso? Bem, é um problema
gigante, que alguém possa resistir-te! Isso é que é a tu vida? Matar e
torturar? Não me parece grande coisa como vida, se queres a minha opinião!
- Bem, eu passo tua opinião. E eu gosto de sofrimento. É uma
coisa excelente, sabias? Não tens de te preocupar com aquelas tretas da amizade
e do amor. E, infelizmente, eu tenho mais problemas do que tu pensas...
- EU NÃO QUERO SABER! Eu sei que nós não somos amigas, Eu
sei que não gostamos uma da outra! Mas por favor, não podes fazer isto por mim?
Eu desapareço da tua vida nesse momento! - E depois ela acrescentou, num
murmúrio - Por favor...
- Bem, tenho de dizer que a ideia de te ter fora da minha
vida é tentadora, mas vou ter de dizer não a isso. Eu não quero. É só isso.
Arranja outra bruxa poderosa!
Ela pareceu magoada, mas abandonou a sala sem mais nenhuma
palavra.
- Oh! - Gritei, quando ela já tinha a porta semi-aberta - E tenta
arranjar uma com um coração, da próxima vez!
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