Transilvania Season - Ep 15, Carmen
Carmen nunca pensara que alguma vez entendesse parte do que Sheftu era e, muito menos, descobrir certas coisas que desconhecia por completo nas suas vidas: Eric e Sheftu eram muito mais do que uma simples obsessão. Mas não seria apenas o passado que viria à tona, novas peças encaixariam pelo puzzle, conseguiriam eles encontrá-la? Encontraria Carmen uma nova forma de compreender aquela múmia sanguinária?
"About That Girl..." by Carmen Montenegro
Depois do corpo de Lawrence arder no fogo, desaparecer em
cinzas e as mesmas estarem guardadas exactamente como ele queria, eu e Dean
voltámos para dentro. Antes sequer de entrar eu parei, voltei-me para Dean.
- Sem mentiras. – Pedi. – O que queria a Sheftu de ti e do
Frankie?
Dean bufou chateado, olhou para todos os lados.
- Eu prometi que…
- Estás com quem? A Sheftu ou comigo? – Ele abriu um
gigantesco sorriso. – Qual é a piada, Dean?
- Estás com ciúmes da Sheftu! – Eu calei-me, cruzei os
braços e virei-lhe as costas encaminhando-me para a casa. Dean agarrou-me pela
cintura, fazendo-me parar. – Vá, ruivinha não fiques assim.
- Ou contas o que se passa ou não me chamas ruivinha,
nunca mais.
Dean largou-me, passou para a minha frente.
- Ela queria que eu e o Frankie lhe fizéssemos um favor.
- Já tinha chegado aí, não sou idiota!
- Calma! Ela queria que nós encontrássemos uma pessoa.
- Quem?
- A irmã dela: Kiya. Ela disse que queria que a
encontrássemos e… – Dean suspirou. – Matássemos.
- O quê? Porquê?
- Bem, parece que essa tal Kiya não é a melhor irmã do ano.
– Não percebia nada. Ia abrir a boca para perguntar quando Dean me parou. –
Ouve, apenas sei disto: A Sheftu pediu isto ao Frank, afinal ele é que é o
caçador, eu apenas ia ajudar.
- Estás a gozar? A Sheftu manda matar a irmã e vocês
alinham?
- Queres que façamos o quê?
- Não fizesses nada! Não tem nada a ver contigo.
- Ora, ela pediu-me.
Eu afastei-me para ver Dean. O que se estava a passar?
Estaria a ver bem? Eric saberia o que fazer. Vi luz no quarto de Sheftu e
resolvi subir.
- Vou falar com o Eric.
- Porquê?
- Porque ele é o actual namorado – Estava
palavra fez-me confusão mas, continuei. – da Sheftu. Tem de saber
***
Subi as escadas de casa, percorri o corredor, passei pelo
meu quarto e parei em frente à porta de Sheftu. Nem foi preciso bater…
- Entra, Carmen. – A voz de Eric soou bem longe. Rodei a
maçaneta e entrei, Eric estava sentado no cadeirão junto à janela assim que me
viu fez sinal para me aproximar. Sentei-me na cama, e esperei por Eric. -
Continuo a não acreditar que Sheftu…
- Não havia nada que se pudesse fazer, Eric. Eram tantos…
- Eu entendo, não te culpo. Nem a eles! – Voltou-se para
mim. – Desculpa a gritaria de há bocado mas, é tanta coisa! Também a culpa é
minha, se tivesse explicado tudo desde início talvez nada disto tivesse
acontecido.
- Cheira-me a bomba catastrófica.
- Mais do que isso. - Sublinhou Eric. - Não consigo encontrá-la.
- À Sheftu?
- Sim. Nada. Puro vazio. Antes conseguia seguir o seu rasto
facilmente, afinal estamos ligados mas agora… Nada! Sinto-me um idiota aqui
parado, sem poder sem nada! – Reclamou Eric. - Não faço a mínima ideia onde ela
pode ter ido.
- Já accionaste os teus “métodos”?
Eric riu-se tristemente.
- Sim.
- Eric, é a Sheftu. Seja onde for que esteja ela mata todos
e foge. A sede de destruição é maior que tudo o mais, não entres em pânico que,
mais cedo do que pensas, – Estalei os dedos. – Ela aparece aqui à porta.
Eric olhou para mim fixamente, parecia que estava prestes a
revelar-me algo maior.
- Tu não fazes a mínima ideia pelo que ela passou...
Ela não era assim como a conheceste, ela na realidade nunca foi aquilo que
tenta mostrar a todos. Toda aquela destruição e raiva que vês nela, é resultado
da sua vida antes de ter sido transformada e principalmente por causa da Kiya a
ter abandonado.
- Kiya. A irmã dela?
- Sim. Como sabias disso? – Expliquei rapidamente, o
que a Sheftu havia pedido a Frankie e a Dean. – Sabia que ela planejava alguma
coisa. Tão típico…
- Porque iria a Sheftu querer matar a própria irmã? – Seria
ela assim tão destruidora que queria arruinar o resto da família.
- Kiya é a sua meia-irmã, ela nasceu como eu, sendo a
sua mãe morta pelo seu próprio nascimento. A única coisa que Sheftu pensou
fazer foi salvar aquele monstro que tinha despedaçado as entranhas da sua mãe,
tal como quando me salvou a mim quando tinha apenas duas semanas de vida e já
aparentava ser uma criança....
- Espera, espera…A Sheftu tinha-te salvo quando eras miúdo?
Foi ela? – O espanto tomava o meu espírito.
- Sim. Quem achavas que fosse?
- Outra pessoa! Quer dizer, tu sempre me disseste que tinhas
sido salvo em miúdo mas, julguei que fosse por uma velhota qualquer, não
pela Sheftu! – Eric fez má cara e eu calei-me. – Continua…
- Ela com medo do monstro que seduzira a sua mãe,
pegou na criança e fugiu, deixando toda a sua vida para trás e levando apenas o
que era necessário para a criança. O desejo de a salvar levou-a para o meio do
deserto, acabando por ficar perdida pelo no Sahara, a sua sorte foi cruzar-se
com uns nómadas que lhes deram abrigo e apoio. – Eric levantou-se e deambulou
pelo quarto. – Mas esses momentos duraram pouco, pois o Gustav – o
tal monstro – captou-lhes o rasto através do seu cheiro e levou toda a sua
comitiva com ele.
- Uau…
- Exacto. Acabaram por matar todos os homens e usar as
mulheres como o seu prazer lhes indicava. Sheftu foi afastada da criança e
tornou-se apenas mais uma das suas prisioneiras. A criança foi levada por
Gustav e, apenas passados uns meses, voltaram a encontrar-se. Durante seis
meses de estupros, torturas e humilhações pelos servos dele, acabou por se
destacar de novo quando Gustav voltou da sua viagem, sendo seguida de umas
longas semanas de tortura por parte daquela coisa...
- Disseste “estupros, torturas e humilhações”? – Fiquei sem
saber o que dizer. Nem imaginara que Sheftu passara por tanta coisa, daí vinha
toda aquela raiva. – Eu não fazia a mínima ideia, Eric.
- Ninguém imagina. – Disse Eric. – Até que por
razões ainda não esclarecidas, talvez pelos traços semelhantes à sua mãe,
Sheftu acabou por ser transformada por ele para que tomasse o lugar direito do
seu trono.
Levantei-me da cama, aproximando-me de Eric.
- A Sheftu era herdeira do trono? Estás a gozar? – Isto dava
uma novela, meu Deus!
- Achas que sim? Ouve, apenas sei que depois disso, todo o
harém do Gustav ficou devastado pelas mãos de Sheftu, assim ela conseguiu
escapar dele. Por uns milénios, ele chegara a ter medo da força que Sheftu
tinha demonstrado naquela chacina. Mas agora algo o fez mudar de ideias, talvez
depois de ter a certeza de que Kiya estava contra a sua irmã, aí ele sentiu a
necessidade de reaver o que acha seu por direito. Fez questão de se fazer notar
da maneira mais memorável possível...
Uma luz acendeu-se na minha cabeça.
- A penthouse. Aquela explosão…
- Era um aviso, um aviso que eu calei e tentei controlar.
- Porquê que não me contaste tudo isto? Eu podia ajudar-te.
Podia ajudar a Sheftu.
- Não, entendes é o meu dever.
- Que dever?
- Cuidar dela. Protegê-la. Já viste o que ela passou.
- És um tolo se julgas que consegues proteger a Sheftu. Pelo
que vi, ela é o ícone de independência! Deixa de ser egoísta, a única maneira
de poderes resolver esta situação é abrir o jogo a mim, ao Dean e ao Frank.
- Aos humanos? Não!
- Sim! São caçadores e conhecem técnicas que tu não
conheces, conseguem encontrar quem seja. – Assegurei. – Ouve, sou tua amiga
antes de tudo o mais e quero ajudar-te, principalmente ajudar a Sheftu,
portanto tens que deixá-los entrar.
Eric ponderou por segundos, podia ver que aquilo era um mega
golpe no seu orgulho.
- Tudo bem.
Abri a porta do quarto, preparando-me para sair quando parei
com um pensamento que já me tinha assolado antes. Quando andávamos, Eric
nem tinha um terço da preocupação que tem pela Sheftu.
- Enganaste, preocupava-me contigo todos os dias. A luta
pessoal agoniava-me, chegou ao ponto de me perguntar quem é que eu era! –
Voltei-me para ele com alguma surpresa. – Não quero que penses que nutro mais
sentimento pela Sheftu do que nutria por ti. Tu és única! Apresentaste-me ao
mundo, abriste-me os olhos… Tu és especial. Pessoas diferentes, amores
diferentes, não há comparação possível, Carmen.
- Sinto o mesmo acerca de ti. – Disse num sorriso. O sorriso
de Eric apareceu mas, logo se desvaneceu. Voltei-me e vi-o atrás de mim com má
cara. – Dean!
Ele olhou directamente para Eric, provavelmente berrando
todo o tipo de asneiradas na sua direcção. Ao que Eric manteve-se imóvel e
desafiador.
- Interrompo?
- Não. – Respondi. – O que se passa?
- O Lobo chegou. – Respondeu com alguma grosseria. – Deseja
ver-te e trás novidades...
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