Inverness Season Special - Louis Olive Russian

Os seus primeiros passos como vampiro não foram dos melhores, não fosse ele uma cria dos piores seres que ele já viu na vida. E sim, ele já vira um pouco de tudo pela sua existência. Nada tão frio, inexistente e, ainda assim, real. Íris era o seu nome, um dos maiores pesadelos que ele poderia ter conhecido.

“Beggining” by Louis Olive Russian


Sempre, desde que me lembro de ser vampiro, que sou frio, calculista e completamente desprendido de tudo. De tudo excepto da minha existência e liberdade que preservo, acima de tudo.
Na minha vida humana, com apenas 25 anos, eu já era um homem adulto no século XVII.
Apesar disso, ainda não tinha família. Preferia uma vida um pouco mais solitária, mais de tudo o que de bom havia para aproveitar. Mas esses dias acabariam depressa quando eu encontrei aquela maldita criatura que, apesar do mal que me fez, me tirou da minha patética existência e me deu uma nova vida. Uma vida dedicada única e exclusivamente ao sangue, à caça… E especialmente à morte.

Eu encontrava-me satisfeito com a vida que até então levava. Até que, numa noite, tudo mudou. Andava pela rua, não devia passar muito das 22 horas da noite quando a vi. Uma prostituta… Mas apesar disso era uma bela mulher. Os seus atributos físicos deixavam qualquer um rendido, mas no meio de tantos candidatos fui eu o glorioso escolhido. Mal sabia eu o destino que me esperaria daquela noite que nunca mais teria fim.
Ela, Íris era o seu nome, usou todos os meios de sedução possíveis para me agarrar e eu, imbecil, caí nos seus ardis. Levou-me a crer que o seu desejo ultrapassava qualquer coisa e que já me tinha andado a espiar. Mal eu sabia que essa pessoa com tal desejo ardente, carnal e poderoso só a viria a conhecer alguns séculos mais tarde. A pessoa que realmente me amou em toda a minha eternidade.
Ela rebolava-se toda e mexia as suas ancas sensualmente. Pedia-me para agarrá-la, mas havia algo em mim que me impedia de o fazer. Não sei se era instinto ou até, quiçá, certo medo, mas simplesmente não me permitia fazer. Mas ela tanto tentou que acabou por me dominar. Eu desapertava, selvagem, o seu corpete, enquanto a beijava na boca com ferocidade e ela a mim. Ela ria do meu toque nela. Quando lhe colocava as mãos por dentro das suas imensas saias. Despia-me a camisa e o meu colete perfeitamente ajeitados, e tentava arduamente beijar o meu pescoço. Mas não foi por aí que ela atacou. Quando as minhas roupas já estavam todas no chão e as dela também, agarrou nos meus punhos com uma força extrema. Eu questionava-me como é que aquela mulher tinha tanta força. Elevava-me os braços por cima da cabeça, e quanto mais me tentava libertar mais força parecia ela ter.
Beijou-me com uma perícia imensa, e fez um pequeno corte no meu lábio com os dentes que pareciam mais afiados do que o normal. Pensara que tinha sido sem intenção, então tentei-me libertar para limpar o corte e prosseguir no que aquela aventura me levaria… Mas ela não me soltou…
- Solte-me! O que pensa que está a fazer? Estou a sangrar! Deixe limpar-me!
- Não.
- Como não?
- Não porque era exactamente assim que eu queria que estivesse. – Os olhos dela pareciam de uma louca. E continuava a roçar o seu corpo em mim.
- Mas que se passa aqui?
- Já vai entender…
Largou os meus braços, colocou um dos seus à minha volta, abriu a boca e começou a beber todo o sangue que escorria do meu lábio. Lambia o meu peito e a fonte dos meus desejos deixando-me completamente excitado e sem outra saída senão entrar no seu jogo de sedução.
Só me apercebi realmente do perigo que corria quando ela me atirou para a cama. A sua expressão era de uma ânsia louca. Não de prazer mas de fome. Mordeu o meu pescoço, primeiro com delicadeza, mas depois num frenesim imenso de emoções. A demência era visível no seu rosto e nos seus olhos. E foi aí, nessa hora, nesse minuto, nesse segundo, nesse mísero instante que eu nasci para esta vida que levo há tantos séculos.
Aquela vagabunda, desgraçada transportou-me para uma realidade desconhecida. Mas os prazeres da noite eram exuberantes. Via coisas que os meus olhos, antes humanos, não viam. As árvores eram de uma sobriedade incrível apesar da neblina. Tudo era perceptível. Os aromas, os sons… Tudo.
Quando entrei em mim já ela estava a tentar levantar-me do chão…
- Então?! Era isto que querias?
- Eu… O que raio se passa?
- Tu procuras-te a morte, lembras-te…
- Não procurei absolutamente nada! – Saltei do lugar e empurrei-a com toda a força para longe de mim. Ela simplesmente gargalhou da minha atitude.
- Achas mesmo que isso me afecta? Experimenta antes treinares o que te dei em vez de desperdiçares energias desnecessariamente.
- Mas do que raio é que está falar?!! – Berrei para ela.
Ela aproximou-se de mim lentamente, beijou a minha face e antes de afastar a cara disse:
- Meu querido vampiro… - E desapareceu na noite.
A minha mente disparou com perguntas e desespero. Aquela velhaca tinha-me transformado! Mas o que seria eu, afinal de contas?
Acordei na manhã seguinte com uma fome gigantesca e lá fora ouvi os pássaros e os criados a trabalharem…
- Amo, permite-me? – Era uma das criadas.
- Entra Isilda… – A minha voz estava roca da ressaca da noite anterior. E aí me lembrei… Íris…
- Amo, está doente? Não é habitual não estar já levantado a esta altura do dia…
- Que horas é que são?
- Horas de almoço. – Disse simplesmente.
- Já?! Então sai.
- Com sua permissão amo.
Sentei-me à beira da cama e a minha cabeça latejava de dor. Sentia os meus membros rígidos e doridos. Levantei-me pesadamente e fui até a janela, mal desviei as cortinas dei um enormíssimo grito de dor.
- Ahhhhhhhhh!!! Maldição! – Saltei rapidamente para a parede oposta. – Mas o que é isto?!
O meu corpo todo tremia pelo calor, pelas queimaduras. Olhei-me ao espelho que estava mesmo à minha frente. Rosto moribundo e desigual.
Olhei mais uma vez e, a pouco e pouco, o meu rosto estava a tornar a forma habitual… Fechei a cortina com o maior dos cuidados e coloquei-me em frente à porta.
- Isilda!!! – Gritei do outro lado da porta. A criada veio a correr atender-me.
- Sim amo. – Senti a maçaneta da porta rodar e travei-a.
- Não abras… Não me estou a sentir bem… Não quero ninguém dentro do quarto ou a rondar. É uma ordem!
- Sim amo. Eu aviso…
O meu estômago revirou e eu encostei-me à porta, sentia um cheiro doce no ar e a fome assolou a minha mente… Foi quase incontrolável!
Voltei a deitar-me apesar da ausência do sono. Cerrei os olhos e a boca com toda a força que consegui para poder sair daquele pesadelo…
Voltei a dormir… A minha mente rodopiou em milhares de pensamentos da noite passada… E todas a perguntas que tinha na minha cabeça foram respondidas ao acordar… Vampiro!

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