Inverness Season Special - Eric Manen

Existiam tantas coisas por esclarecer, eram constantemente bombardeados por novos acontecimentos. Como em tudo, a solução seria acabar com as pontas soltas. E, aquela bruxa caçadora de almas, era uma delas. Ele estava confiante que seria o seu fim. Mas… Qual das almas teria um encontro marcado com a morte?

“No More Talking, Let's Kill!” by Eric Manen


Mais uma vez saía durante as horas em que Sheftu permanecia a dormir, essa era uma das coisas boas sobre toda esta transformação, sempre assemelhava-se aos humanos, apesar de nunca realmente o ser novamente.
Tal como em todos os outros dias em que tinha procurado pistas em Moscovo sobre aquele atentado, viajando quase sem descanso, procurando em todo e qualquer pormenor que me pudesse dizer quem afinal estava por trás de tudo isto, hoje não seria muito diferente…
Sabia que aquela sombra estava constantemente a seguir-me desde a nossa primeira batalha, não fazia intenções de deixar que esta situação se prolongasse por muito mais tempo. Não, hoje não iria novamente a Moscovo, meus planos seriam muito mais concretos do que procurar respostas onde já não existem mais.
Segui o meu caminho para o local do nosso encontro, onde ela quase tinha morrido, caso Sheftu não tivesse interferido. Aquela bruxa não sabia que eu lia mentes, que cada passo que ela pensasse dar, eu já teria uma defesa para ele, que cada lapso seria demarcado por mim. Acredito que ler mentes me ajudará bastante, principalmente quando está em jogo a minha própria alma.
- Podes aparecer… Eu sei que estás aí. – Disse-lhe, sem que ficasse muito impressionada. Ela sabia bem para onde eu ia, seu instinto estava correcto, seria o seu juízo final.
- Acredito que chegou a tua hora. – Disse ela, aproximando-se defensivamente, pronta para qualquer ataque que eu pudesse dar.
- Vejamos a quem é que a hora chega… - Dizendo isto, avancei sobre ela, murmurando umas palavras que rapidamente se transformaram em energia que surgia sobre as minhas mãos, atingindo o seu escudo defensivo.
- Precisas de fazer melhor que isso. – Observou ela, atacando-me de seguida, mas rapidamente consegui captar o local exacto na sua mente, afastando-me com rapidez.
Enquanto as suas defesas estavam ligeiramente baixas, lancei novamente a minha labareda de gelo, atingindo-a num braço que rapidamente se solidificou. Um leve sorriso abriu-se nela, enquanto a sua outra mão derretia aquela dureza, libertando-se assim, com facilidade.
- Precisas de fazer mais do que isso… - Ridicularizou-me, sorrindo alegremente. Uma bola de fogo rapidamente atingiu-me por trás, deixando-me ligeiramente surpreso, prostrando-me por terra. – Pensas que não fui informada sobre o teu pequeno dom? Podes ouvir a minha mente, mas não podes captar as partes que bloqueio.
Sua mão pousou-se sobre o meu ombro, dizendo umas palavras que rapidamente fizeram o seu efeito. Comecei por não sentir nada, mal a minha magia começou a fazer-se sobre a minha mão, a fraqueza aproximava-se do meu corpo como flechas envenenadas.
- Não será assim que conseguirás levar a minha alma… - Apontei, erguendo-me com a bola a crescer cada vez mais sobre as minhas mãos, não era fria, não era quente. Seu tom azulado foi escurecendo, removendo aquele sorriso sínico que continuava a querer surgir nos lábios daquela mulher.
- Se usares demasiada energia, acabarás por morrer… Nem que me mates primeiro, terei o meu trabalho realizado. – Concluiu, afastando-se à defesa, criando um escudo invisível de onde a energia saía com bastante intensidade.
- Não cantes a vitória antes do fim…
A realidade é que sentia o meu próprio corpo ceder enquanto mais energia gastava, a cada minuto que passava a minha rapidez diminuía, sentia-me a ser sugado por mim mesmo, sem que nada pudesse fazer contra isso. Não acreditava que minha vida acabasse assim, que ela saísse vitoriosa de toda esta situação… Haveria alguma maneira? Se houvesse eu certamente a encontraria.

Rapidamente o meu raciocínio captou algo na minha memória que jamais me tinha lembrado em todos estes anos, os meus ensinamentos eram muito mais do que simplesmente usar energia, conseguia recebê-la, eu talvez conseguisse combater toda esta situação sem que morresse realmente.
Não é a força que importa mas a energia que se tem e recebe, que minha vida sinta o pulsar da vida, que se liberte e capte a força que não está em mim. Liberta-te, minha alma, deixa-te pulsar sobre a energia que nasce envolta em harmonia.
Eu conseguia sentir, aquela energia que se libertava em excesso sobre o meu exterior, minhas mãos se cercavam da sua força, um enorme vazio de energia minha se fazia mostrar, deixando-me mais leve, sem que a tortura retirasse a minha energia. Sim! Eu conseguiria sobreviver!
Sorri levemente, um sorriso que rapidamente se tornou numa gargalhada estridente. Trish parecia irritar-se, ao ver que a esfera de energia aumentava mas permanecia ligeiramente imune aos seus efeitos, sem que realmente soubesse que era ela mesma que estava a comprar o bilhete para a sua morte.
- Mas como?! – Perguntava-se ela, ao tentar atingir-me com uma forte fonte de energia, sendo sugada pela minha, atingindo agora o seu tom avermelhado escuro, ficando assim mais que pronta para que finalmente aquela mulher morresse.
Ajoelhei-me, fechei levemente os meus olhos para que conseguisse controlar toda aquela energia que se mantinha cativa sobre as minhas mãos, conseguia até ouvir a sua mente a questionar-se do que se estava a passar. Já que ela acabaria por morrer, sempre tinha o direito de pelo menos saber o que se estava a passar com ela.
- Estás preparada para morreres? – Questionei-a.
- Eu já estou morta há muito, e tu serás o meu troféu para a entrada da minha paz eterna.
- Sabes que para quem já está morto, falas muito… - Ouvi na sua mente e senti uma ligeira irritação, estava na hora. – Bem, então testaremos essa tua capacidade de não morreres.
Suas defesas aumentaram ao longo que a energia que tinha captado embatia sobre ela, conseguia sentir a sua ligeira agonia, até que realmente comecei a senti-la, pois usava agora parte da minha própria essência, deixando que o meu corpo conseguisse enfraquecer o suficiente para que uns bons dias de sono fossem bem-vindos.
Seu corpo finalmente perdeu a força para combater, caindo assim no chão, murmurando algo que não conseguia ouvir… Aproximei-me com rapidez, a possível no meu estado, e segurei-lhe a cabeça.
- Collin, não… Não fui eu, posso voltar! – Dizia ela, sem grande sentido… Esticando a sua mão em direcção às minhas costas.
Quando ia observar o que era, algo no meu ombro me fez atordoar, deixando-me possivelmente cair inanimado em cima daquele corpo atormentado.

A luz estava completamente apagada, nada poderia fazer quanto a isso pois nem sabia onde realmente estava.
- Alguém está aí? – Perguntei, tentando procurar qualquer foco de luz.
- Como ousas aniquilar a minha escolhida? – Disse uma voz, apesar das palavras duras, parecia confiante.
- Minha alma estava em risco, apenas segui a meu favor.
- Eu a ordenei levar a tua alma. – Sentia-me ligeiramente surpreso, não sabia a razão pelo que o tinha feito, mas sinceramente nem sabia se realmente isso era verdade. – Tu bem sabes pelo que estás condenado.
- Como?! – Sentia-me profundamente indignado com o que a voz dizia, não havia nada que tivesse feito que outros não o desejassem fazer.
- Prepara-te que as próximas tormentas serão ao nível da tua afronta. – Fez uma leve pausa, continuando. – Jamais voltarás a criar nenhum ser como aquele que transformaste. A tua condenação será eterna, jamais sentirás a leveza de antes. Prepara-te que a hora chegou.

Quando abri novamente o meu olhar, estava sobre o corpo daquela mulher, parecia morta, mas as horas já tinham passado… Como seria isso possível? Teria dormido assim tanto?
Tomei consciência das palavras que se tinham feito sobre a minha mente, uma vontade urgente de ver a Sheftu me assolou no íntimo da minha vida. Uma sensação de tristeza não parava de me perseguir… Só desejava que tudo estivesse bem…
Corri com todas as minhas forças, mas não queria realmente saber ao certo o que se tinha passado. As defesas, aquelas que eu tinha criado sobre a casa tinham sido eliminadas. Oh Não! Abri a porta de rompante e vi a destruição total, estava Carmen ensanguentada, tal como o seu novo amigo humano e um outro, todos aparentavam estar sobre esta batalha.
Na minha mente assolavam memórias que circulavam na mente de Carmen ao ver-me… Não! Não podia ser… Não… Por favor, que tudo isto seja um enorme pesadelo e que acorde do lado dela… Por favor!

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