Inverness Season - Ep 42, Samantha

Nada podia ser mais interessante do que uma morte repleta de amores. Sim, Samantha agora vivia um dilema de morte à sua frente. Existiam segredos, passados mal contados e ainda discussões que se iriam intensificar. Mas... O que acabaria por restar?

“Sorry, My Lover” by Samantha Saint


Saímos da mansão. Um passeio e uma boa caçada era o ideal! Mas o Louis parecia-me agitado. Era esquisito, pois parecia não estar à vontade ao meu lado… Porque seria?
- O que se passa contigo? – Olhei-o de lado enquanto lhe perguntei.
- Comigo?? – Disse surpreendido. – Nada. Porque perguntas?
- Tens a certeza? – Olhei para ele desconfiada. – Eu bem vi…
- Viste o quê?! – Ergueu uma sobrancelha.
- Carmen.
- Epá! Por favor! Não vais começar?!
- Não. Era só uma pergunta. Afinal porque estás agitado?
- Por nada, querida. – Colocou-se à minha frente, abraçou-me e beijou a minha testa. – Lá porque estou “esquisito”, como dizes não significa que se passa algo. Ou tenho logo que ter algo?
- Pronto! Pronto! Não refilo mais! Mas eu ainda vou descobrir o que é que se passa…
- Caramba Samantha!

Olhei para ele e sorri. Ele ficou com uma cara de aborrecido. Talvez fosse melhor eu contar a carta do Daniel… A carta e tudo o resto… Ou seria má ideia? Se não conto e ele descobre pode dar chatice…
- Louis… – Disse hesitante. – Agora quem tem algo para te dizer sou eu…
- Que pela tua cara não é coisa boa. O que se passa? Vais fugir?
- NÃO! Estás louco? Nunca na vida! Hum… Morte. – Deitei a língua de fora.
- Tu e as tuas piadas. Vá, conta-me lá o que se passa.
- Tu sabes quem é o Daniel, certo?
- O teu parente afastadíssimo?
- Sim, esse mesmo.
- Sei. O que tem ele? Precisas de o encontrar?
- Não. Mesmo que precisasse já não era preciso.
- Desculpa?
- É isso mesmo… Ele mandou-me uma carta… – Tirei um papel dobrado em quatro que tinha colocado no bolso umas horas antes. – Toma.
Ele pegou na carta, sentou-se numa pedra grande que estava perto e começou a ler.
Deve ter lido-a umas quatro ou cinco vezes para assimilar como deve ser. Quando acabou, amachucou-a com uma só mão. Cerrou os dentes e fechou os olhos. As veias do sei pescoço estavam muito mais expostas. A ira era totalmente visível na sua expressão corporal.
Inspirou e expirou fundo algumas vezes. Colocou-se de pé em cima do penedo, olhou para o céu que naquela noite estava límpido, e voltou o seu olhar para mim…
- Era isto que tinhas para me mostrar? – Voltou a desviar o seu olhar.
- Sim era… – Mordi o meu lábio meio embaraçada com a situação.
- Parece-me… Bastante… Intima.
- Pois eu…
Cortou-me a palavra antes que eu pudesse dizer o que é que fosse para me justificar.
- Não precisas de dizer nada. – Disse-me isto mas sem nunca me encarar.
- Desculpa. Mas eu não tenho culpa…
- Sim, eu sei. Não estou chateado contigo. Só com umas coisas que aconteceram…
- Que coisas?
- Nada Samantha. Na altura certa vais saber.
- Louis!! Opa! Por favor, diz agora.
- Agora não. Depois vais saber…
- Já vi que não vale a pena insistir não é?
- Vês como sabes? – Sorriu com aquela carinha de anjo que me fazia tremer dos pés à cabeça.
- Mas há outra coisa…
- Mais? O que mais virá para aí… - E contei tudo o que aconteceu entre mim e o Daniel. Ele parecia mais aborrecido que nunca. Mas ouviu-me sem proferir uma única palavra.
- Tudo bem…
- Tudo bem? Conto-te isto tudo e tu a única coisa que dizes é “tudo bem”?
- O que diabo queres que diga!
- Não sei… Que refiles, que barafustes, sei lá qualquer coisa!
- Samantha, mete uma coisa na tua cabeça… Há coisas que nunca deixarás de ter, e uma delas é a liberdade. É chato, ficou sinceramente triste com o sucedido, mas eu compreendo. E ao que parece… Já não preciso de falar nada…
- Nada?
- Eu não falei “numas coisas que aconteceram”?
- Sim, e…?
- E o teu ar não engana ninguém. És-me transparente como a água!
Voltamos a caminhar pela floresta completamente em silêncio. Era desconfortável. Eu tinha a certeza que ele tinha ficado chateado. Era mais que óbvio. E não cheguei a perceber se ele me tinha dito aquilo para me picar ou se realmente tinha algo para me contar.
Sem motivo aparente, ele desata a rir.
- Qual a piada?
- Nenhuma.
- Riste sem teres uma piada?
- Não… Estavas como ciúmes ou foi só impressão minha?
- Ciúmes?
- Sim, da ruiva… Carmen não é? Ela é bonita!
- Ela é muito bonita e muito humana! E segundo me consta já está ocupada.
- Não te preocupes, não estou interessado em ninguém.
Rapidamente estanquei no lugar onde estava. O que queria ele dizer com isso? Não me queria? Era só um passatempo?
- Não estás interessado em ninguém? – Ergui uma sobrancelha à espera da resposta.
Ele olhou para mim e pela minha expressão ele compreendeu onde é que eu queria chegar.
- Se não fores tu, não quero mais ninguém… Era mais isso que queria dizer.
- Só comigo? – Desatei a rir ao ver a sua expressão. - Eu acho que tu pensas que não.
- Não te estejas a rir. Eu sei que gostas de mim. Mas eu tenho um feitio muito complicado. Eu até tento evitar… Ao longo de tantos séculos aperfeiçoei muitas habilidades, mas uma coisa que nunca mudou foi o feitio.
- Eu também tenho um feitio complicado!
- Sim, eu sei… Mas é diferente. Se tu reparares eu não discuto contigo. Eu prefiro logo amuar!
- Pois eu já reparei! Eu às vezes quero discutir porque é mesmo preciso e tu não dás saída!!! Isso enerva-me. És muito criança!
- E fazes bem… Fazes melhor que eu que guardo tudo cá para dentro e fico a remoer no assunto e não saiu dali! Criança? Vê lá, vê Sam.
- Sam, não. – Olhei-o um pouco irritada, mas logo a seguir sorri e beijei-o na boca.
- Hum… Tão bom. Tens a certeza que queres ir caçar?
- Estou faminta, querido.
- Está bem então. Mas vamos ser rápidos.
- Porquê?
Começou a beijar-me e eu senti a sua voluptuosidade em mim. Compreendia agora o que é que ele queria chegar com Tens a certeza que queres ir caçar? Talvez pudesse adiar um pouco… Mas como poderia eu adiar se aquele ser é sensualidade em qualquer movimento, em qualquer parte do seu corpo. A essência dele ia-me fazer quebrar.
- Agora compreendi… - Disse tão simples como sensual.

Naquele instante ouvi um ruído que não era propositado para aquela situação. Louis notou o meu desconforto…
- Que se passa? Estás com problema de que apareça alguém? Nem parece teu! – Disse deitando a língua de fora.
- Não… Mas ouvi algo… Hum, familiar…
- Porque será, não é Samantha?
A voz saiu do lugar onde eu ouvi inicialmente o ruído. Das sombras apareceu Daniel com ar de gozo como se tivesse a achar piada a situação. Olhei para ele e depois para o meu amado… Não parecia nada satisfeito com a situação mas também não parecia irritado, mas olhava o seu oponente com desdém.
- O que raio estás aqui a fazer?
- Eu agora estou na cabana, lembraste?
- Eu sei, mas aqui – apontei para o chão – exactamente aqui. Porquê?
- Vim só… Dar um pequeno passeio. – Andava de um lado para o outro como se procurasse algo.
- Estás a procura de algo? – Desta vez foi a voz de Louis que se fez ouvir.
- Não nada… E tu? Procuras algo?
- Não – agarrando a minha cintura – já encontrei… Primeiro que tu, se é que me faço entender.
- Oh sim… Claro. Compreendo. – Olhou para mim, mas o seu olhar queria dizer algo mais do que aparentava.
- A mim parece-me que já chega desta conversa sem jeito. Vamos Louis…
- Calma! Agora quero saber o que é que este humano quer daqui.
- Este humano, como bem disseste e frisaste, está a ameaçar o teu território… - Louis ia saltar para cima dele mas eu agarrei-o pelo braço – Uhhh agora quer me agredir! Tens a certeza que queres alguém como ele ao teu lado? Mereces melhor!
- Daniel, chega!
- Não chega nada! Esse… Nem sei que nome lhe dar, desaparece sem deixar mais nem menos, deixa-te de rastos e tu ainda o defendes?? Realmente o “amor” é mesmo cego!
- Deixa de ser imbecil! Ele é a minha eternidade!
- Por quanto tempo?
Louis não aguentou aquelas bocas, não tive tempo de nada, quando dei pela situação, já ele estava em cima de Daniel, a agarrá-lo com uma mão pelo pescoço, com as presas de fora. E naquele mísero instante…

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