Inverness Season - Ep 41, Vladimor
O seu passado se fazia bem vivo, mostrando-se com todo o poder, demonstrando que jamais tinha esquecido o velho lobisomen que Vlad era. Quem iria ganhar? Poderia não ser um simples jogo de vida ou morte para ele, mas certamente seria uma diversão para o seu adversário. Conseguiria ele reencontrar a sua amada ou simplesmente seria torturado pela eternidade?
“Passed Revelations” by Vladimor Iorganov
A dor de uma inteira vida abateu-se sobre mim quando acordei
e percebi o que se tinha passado… Encontrou-me! ELE ENCONTROU-ME!!! Mas como?
Porque raio agora quando a minha vida se estava a endireitar verdadeiramente?
Vendo bem, a minha vida foi levada em fuga, uma tentativa vã
de morte durante uns longos séculos, atravessando campos de batalha e sempre
nas linhas da frente! Mas quando parecia que a morte me ia colher, as últimas
palavras de Petrov ressoavam na minha cabeça: “VIVE! Pois é na vida que vais
aprender! Não numa morte vã!” e não mais conseguia levar a cabo o “suicídio”!
Contudo andei a fugir e não em procura de uma resposta para as dúvidas que
estas palavras me suscitaram… Agora, agora que estava realmente a começar a
compreender uma parte destas palavras, ELE APARECE! Aquele que antes habitava
em mim agora habita numa mulher que enviuvei já há muito tempo atrás.
Sentimentos de ódio e raiva incapaz de ser contida, ainda o marcam e pelos
vistos foi isso que o aproximou daquela mulher… Espera lá… mas ela deveria
estar morta… Foram séculos que se passaram e ela não mudou nem um bocadinho!
Lembro-me de a ter visto antes de entrar em modo de selvajaria! Lembro-me de
notar que existia mais uma entidade ali que me era familiar mas num corpo que
não reconhecia… Então a visão que me foi mostrada… Era real! Sendo assim, as
palavras proferidas não foram em vão, e Stratis agora está a pagar pelos
pecados por mim cometidos… NÃO!!! Ela não! Mesmo sendo uma dryad… Espera, por
ser uma dryad e estar no seu elemento, ele não lhe pode fazer nada, mas pode
enfraquece-la até que ela fique como ele quer que eu fique, desesperado e aí a
morte virá…
Perante tantos problemas e tão poucas respostas queria falar
com Lawrence… Ele que é também um conhecedor de muitas coisas e que tem bons
contactos… Sim porque falar com Dragulia agora ou com Ian não iria ajudar,
visto que estão longe. Enquanto caminhava fui sentindo uma sensação de agonia,
familiar… Ele ainda estava por cá e segui então o vago rasto! Por entre as
árvores altas escocesas daquele bosque, estava a mansão e o rasto estava nesse
mesmo sentido… Então isso quer dizer que ele está por aqui, e se está por aqui
é bem provável que não seja para fazer amigos por isso é melhor apressar-me!
Comecei a correr e vi-o! Aquela figura de mulher de cabelos
negros e vestido branco! Aquela criatura alimentada pela raiva, ódio e medo. O
meu sangue ardia de êxtase da batalha anunciada, pois não iria ser apanhado
desprevenido, contudo ela também não foi pois parecia estar a minha espera! Um
sorriso escapou-lhe dos lábios e deu meia volta e fugiu! IMPOSSÍVEL! Está a
fugir outra vez! COBARDE! E a perseguição recomeçou!
O bosque contém vários e múltiplos caminhos e eu conhecia-os
bem, a sacana não me iria fugir, ai não ia não! Não gosto que façam pouco de
mim e que mal façam aos que me rodeiam! Stratis iria ser salva, ou assim o
espero, quando derrotar esta criatura! Não sentia medo algum, pois já o tinha
derrotado quando realizei o feitiço do livro branco, por isso não tenho medo!
Mas lá no fundo no fundo sentia uma pontada de insegurança, pois podia correr
mal e morrer no processo! Antes isso não me assustava, mas agora que amava, as
coisas mudaram…
A fuga, como esperava, foi rápida e quase impossível de
seguir, mesmo com encantamento e pior foi quando ela se teletransportou! Afinal
ele treinou-a bem… Não contava com este desenrolar de eventos… De repente Miss
Carmen apareceu no meio dos arbustos:
- Também a viste, certo? – Então foi isso… Ela reparou nela…
- Sim.
- Quem é?
- Não sei. – Por muito amiga que de mim sejas Carmen, não te
quero envolver senão tu serás engolida por este monstro…- Mas, move-se
depressa. Começou por aqui a deambular ontem a noite, tentei apanha-la mas,
foge-me sempre.
- Vamos para a mansão.
Ela ajeitou o seu cabelo ruivo e cheiroso… Realmente é
uma vampira encantadora! Se não fosse a Stratis acho que me apaixonaria por
esta… Contudo sei que já tem alguém no coração, hilariante! E porque não
meter-me com ela um pouco, para desanuviar…
- Ouvi dizer que a casa, é tua agora. – Pois é… ainda não
lhe contei que conheço o Lawrence, que insensível da minha parte - Falei com o
Lawrence. Grande cavalheiro.
- Okay, tu e eu temos uma conversa adiada. Quero saber quem
tu és, cachorrinho!
As coisas podiam correr melhor se esta última palavra não
tivesse sido prenunciada, principalmente vindo dela…- Vou ignorar o facto de me
teres chamado cão porque, confesso, gosto de ti e és a minha única aliada
naquela mansão. E se tens dúvidas acerca do que sou: Sou um Lobisomem.
- Engraçadinho! Ora, Vladimor eu ainda não sei nada sobre
ti…
- Isto tem a ver com aquilo que disse ontem? – Agora é a
minha vez de jogar a cartada… Devia ter era começado por aí - O facto de saber
muito bem o que andaste a fazer e com quem…
Pela reacção de morder o lábio…hummm… não me enganei em nada
mesmo! Miss Carmen, Miss Carmen, vê-se que não está habituada a lidar com os
cinco sentidos apurados da minha espécie!
- Talvez… - E ainda tenta dar a volta, sem dúvida engraçado
- Vais, responder-me?
Antes de responder, uma reverberação percorreu a minha
mente: “A brincadeira já acabou? E eu a pensar que nos íamos divertir Vladimor
Iorganov! Façamos o seguinte, se ela vier, desta vez morre! Sabes bem do que
sou capaz!” Afinal ainda está por perto… Mas quem aí vem é capaz de me ajudar a
evitar que Carmen fique alarmada, pelo menos assim espero. - Penso que vem ai
gente para te ver. – Apontando para um jipe verde, de onde me veio o cheiro que
emanava do corpo dela. Aproveitei a distracção e corri sorrateiramente para a
direcção oposta à mansão! Uma mensagem psíquica! Ele treinou-a mesmo bem!!!
Não sabia como comunicar nem como ir ao encontro dele! Tinha
apenas uma única pista… O local onde se teletransportou. Encaminhei-me para lá
e recitei o teletransporte em movimento, pois viagens espaciais e temporais não
são o meu forte, contudo se existir um canal já previamente realizado sou capaz
de o abrir com uma relativa facilidade… mesmo assim foi um grande choque
aperceber-me que não tinha saído do mesmo local… Então mas o que era aquilo? O
que se estava a passar? Estou ainda no bosque mas já não sinto a Miss Carmen…
Isto não é normal…
Fui caminhando a ver se sentia um rasto que fosse do
nemesis… Nada! Deambulei pelo bosque que tanto me parecia conhecido como
perfeitamente desconhecido… Contudo avistei a figura daquela que mais ansiava
encontrar! STRATIS!!! Corri desenfreadamente por entre as árvores como um louco
apaixonado! Fiquei cego de esperança! E essa mesma falta de cuidado foi o que
me fez cair mais fundo…
- HAHAHAHA! Podes correr seu cego, pois não a vais
encontrar! – A figura de Stratis estava a falar de forma estranha, mas porquê?
– E sabes porquê? Pela tua cara de desnorteado não… é simples, porque ela não
está aqui mais! – O choque da realidade é sempre duro! – Mas como vieste sem
qualquer preocupação – enquanto dizia isto, a figura harmoniosa de Stratis
começou a dissolver-se e a verdadeira forma da criatura veio ao de cima, a
mulher dos cabelos negros e vestido branco – vou dar-te uma pista…
- De que falas? E porque raio me atormentas ainda? – Comecei
a esgotar a paciência com estas ilusões!
- Por nenhum motivo em especial… Só porque mataste quem me
deu vida! Os meus pais! Só porque és uma abominação e eu sei que é o meu dever
destruir-te por completo! - Aquela sinceridade era letal e a sua raiva era
palpável…
- No passado procedi a algumas atrocidades mas apenas por
defesa minha e do meu mestre… Numa batalha, seja do tipo que for, existem
sempre a possibilidade da morte! E os teus foram colhidos por ela! Podia ter
sido outro qualquer mas fui eu… Isso não te dá o direito de me atormentares! És
uma viking não é verdade? Então porque ages como se não o fosses?
- Talvez porque não o seja mesmo! – COMO??? Não é uma
viking? Então quem será? – Humphf… Viking… Que ofensa! Primeiro… Sou nobre e
não uma selvagem! Segundo venho de uma família de renome! E essa mesma família
foi por ti, sim, por TI chacinada! Sou Alexis Iorganov! O que achei estranho
foi ter um irmão! – Estou incrédulo…tinha uma irmã… aliás, tenho uma irmã que
agora sofre da mesma maldição que eu por eu a ter escorraçado… - E quando ainda
nem nos conhecíamos tu mataste os pais que me deram a luz da vida! Tu
roubaste-mos!
Depois das revelações não estava nada a espera mas veio um
riso maléfico… Repleto de escárnio e ódio! – Como assim? Uma irmã? Do pouco
tempo que me lembro… Não tenho recordações de uma irmã! MENTES!!!
- E porque havia eu de o fazer? Somos do mesmo sangue! Somos
da mesma carne! E desde que nascemos temos a maldição nas nossas veias! Só que
tu rejeitas-te a tua e eu aceitei-a! Tenho eu agora o espírito do lobo traído
pelo nosso pai! O PAI QUE TU CHACINAS-TE por não te saberes controlar nem
comportar! E depois andas-te a fugir ao sucedido! QUE MARICAS DE GÉMEO QUE
TENHO! Metes-me nojo!
Cada palavra trespassou-me como uma lâmina afiada de uma
lança! Não tive como refutar tudo aquilo… Ela falava com sinceridade envolvida
num ódio insuportável! Era tremendo! Era arrepiante! Como posso eu contrapor o
que quer que seja?
- Mas não te preocupes irmão! O desespero fará parte de ti
como fez parte de mim! Esta é a minha sentença! Não me conseguirás tocar aqui,
visto que não estou presente! – Ela é mais uma ilusão… PORRA! Uma armadilha! –
E a penitência que tens em mão é sair deste mundo onde entraste tão cheio de
confiança! Agora desenrasca-te… irmão… -Estas últimas palavras foram ditas com
um certo pesar e melancolia que me pegaram de surpresa!
Colocar-me num mundo cheio de ninguém! Há uns tempos
atrás não me importaria com tal coisa, mas agora…agora sim era um tormento!
Dizem e sempre disseram que a vingança é um prato que se serve frio… E agora
percebo o porquê! Estou impotente no meio de um mundo onde tudo me é familiar
mas distinto de sentimentos! É um vazio no meio de um todo! QUE RAIVA!
Só me apercebi que estava num mundo paralelo criado tarde
demais… é frustrante… mas não me vou deixar ficar só porque não gosto deste
tipo de matérias! Irei sair daqui e reencontrar-me com todos! Não acredito que
o mundo resista a certas coisas que estou prestes a realizar, por isso posso
libertar todo o poder que encerro! Vai ser interessante, mas preciso de
preparos antes das acções! Espera-me Alexis! Vou dar cabo dos teus escárnios e
tentar compreender o que se passa na realidade! A ignorância não me vai levar a
melhor, nem mesmo depois de tantos choques recebidos de uma só vez!
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