Inverness Season - Ep 34, Samantha

Samantha nunca pensara encontrar tanta verdade no meio de todo o mistério que existia sobre o seu passado. Conseguiria ela suportar cada detalhe do que acontecera com os seus pais? Acreditaria ela que a sua existência seria bem mais do que os laços de um passado distante?

“Strange Truth” by Samantha Saint


- O que é que tu estás aqui a fazer com esta mulher Samantha?
- Tu conhece-la?
- Sim, conheço mas isso não me parece relevante para agora. Que raio é tu lhe estavas a dizer?
- Eu estava a dizer à tua prima que… – Disse a mulher.
- Calma lá o andor! Íris? Mas é esse o seu nome? Já não estou a entender nada! – Daniel aproximou-se de mim aos poucos e ficou bem junto de mim, como se me tivesse a proteger. Como se eu precisasse de um humano como protecção… – E ela estava a contar-me que foi ela que me transformou e porquê. Mas fomos interrompidas por ti.
- Mas tu és imbecil?! Foste-lhe contar isso tudo com que propósito? E aliás o que andas tu por aqui a fazer?
- O que eu ando aqui a fazer não me parece da tua conta. Mas ao que parece ela já sabe quem é a mamã… – Disse-me ironicamente olhando para mim e depois para Daniel.
- Tu sabes quem ela é? – Olhou-me espantado por eu saber algo que muito sinceramente desconhecia.
- Ao que parece eu sei. Foi o… Contaram-me.
- Foi o? – Disse a mulher agora muito curiosa.
- Ninguém que te interesse…
- Hum… Deixa-me adivinhar… Loiro, olhos verdes, lindo de morrer e porte de cavaleiro… Louis! Acertei? – Disse-me gozando com o meu ar de embasbacada.
- Mas como…?
- Não pensaste que foi só a ti que transformei pois não?
- Tu és capaz de parar?!! – Vociferou Daniel agora parecendo mesmo irritado com a presença incomodativa da Íris.
Os meus joelhos tremeram e todo o meu corpo frio gelou… A minha palidez deve se ter acentuado pois senti-me fraca e sem forças por breves momentos.
- Tu transformas-te aquilo que eu mais amo?
- Sim… Claro que foi uma mera coincidência! Ele foi primeiro que tu. Mas deu-me um gozo especial… Ele estava tão baralhado durante os primeiros tempos… Foi lindo vê-lo sofrer um bocadinho.
- Sua…!
 Não terminei a frase. Saltei para cima daquela vadia que me estava a enlouquecer com aquelas palavras. Ela, como se não fosse nada, colocou uma mão no meu peito e empurrou-me para cima e conforme eu descia apanhou-me e atirou-me com toda a força para o chão. Daniel correu em meu auxílio…
 
Abri os meus olhos e, quando dei por mim, estava deitada na cama que se achava na cabana.

- Está aí alguém?
- Sim, eu estou aqui. – Era Daniel que se juntou rapidamente a mim. – Estás bem? Estás ai deitada há uns bons 20 minutos. Estava começar a ficar preocupado! Mas afinal o que andavas tu aqui a fazer?
- Eu… Nem sei bem… Espera, eu vinha falar contigo.
- Comigo? Porquê?
- Porque – Meti a mão ao bloco do casaco. – te queria perguntar se tinhas sido tu a dar-me isto.
Ele observou-o incrédulo. Parecia que já tinha visto aquilo em algum lado… E não me enganei…
- Eu não acredito que ela te deu isso. Cabra!
- A…
- Sim, a Íris! Isso é prata como já te deves ter apercebido. Para trazeres isso tão embrulhado.
- Pois, mas isso só me começou a queimar quando eu adormeci.
- A ideia é mesmo essa. Só funciona quando o metes ao pescoço e começa e receber o calor.
- Mas o meu corpo é frio!
- Não tão frio como esse colar…
- Do que é que tu estás a falar?
 - Ouve, eu não sei nada sobre esse fio. Mas tenho a certeza que foi ela. E está envenenado!
- Então o que é que ela quer de mim?
- Não faço a mínima ideia, mas acho que vais arranjar problemas dos grandes. Principalmente por causa do Louis…
- O que sabes tu exactamente sobre o assunto?
- Nada de mais…
- Não me venhas com parvoíces! Fala lá o que sabes!
- A sério, que não sei de nada. Não estejas a insistir que nem vale a pena.
Seguiram-se alguns momentos de silêncio. Eu não sabia mais o que dizer, aliás, tinha milhares de coisas que percorriam a minha cabeça. Coisas que precisava mesmo de entender. Ao fim de todo aquele tempo, foi eu que falei.
 - Porque me deixaste pendurada na outra noite?
 Não pronunciou uma única palavra… Só ficou ali, a olhar-me como se a resposta a minha pergunta estivesse nos seus olhos. Eu continuava à espera, ficando cada vez mais impaciente.

- Vais me dar uma resposta ou nem por isso?
- É óbvio, não?
- Ai é? – Ergui uma sobrancelha ainda esperando pela resposta.
- Sim! – Disse com um ar todo feliz. – Não merecias! – E desatou a rir como se tivesse muita piada, aquilo que tinha acabado de me dizer.
 - Oh Daniel! Tu deves estar a brincar comigo! – E dei-lhe uma paulada na cabeça, mas foi com força excessiva e ele queixou-se.
- Estás louca?! Não me podes fazer isso assim! Ias-me deslocando o pescoço!
- Desculpa, não estou habituada a lidar assim tão de perto com humanos…
- Ah! Ah! Que engraçadinha que tu me saíste! – Riu ironicamente e ficou com uma cara de aborrecido.
- Pronto, está bem. Para a próxima dou mais devagar…
Seguram-se uns breves momentos de silêncio e, de repente, sem razão aparente para o sucedido, desatamos os dois a rir um para o outro… Foi estranho… Nunca tinha tido uma relação tão próxima de um humano… Ele, até parecia… Um amigo? Apesar de todos os acontecimentos parecíamos mais próximos e mais unidos… Não nos conhecíamos há muito tempo nem muito bem, mas era como se ele tivesse passado uma eternidade ao meu lado…
- Sabes… O Louis vem cá…
- Ai vem? - Disse com um ar trocista. Mas nada satisfeito, a meu ver…
- O que tem?
- Confesso que não gosto lá muito dele…
- Mas tu nem o conheces!
- Ainda achas que não? Sei muita coisa a teu respeito…
- Como por exemplo?
- O suficiente…
- Mas que explicito que tu és!
- Não preciso de ser… Não te estou a dever nada.
- Imaturo… – Disse aborrecida.
- Mimada!
- Talvez um pouco… – Ri com gosto e de repente um pensamento importante assolou a minha mente. – Tenho que me ir embora. E rápido!
- Embora? Embora porquê?
- Vou buscar o Louis.
- Mas que cavalheiresco! Pensava eu que ele, sendo o teu cavaleiro andante, é que te deveria ir buscar onde quer que fosses!
- As coisas não são bem assim, e tu sabes.
- Está bem, está bem… Vai lá, então.
- Vou sim…
Levantei-me do lugar onde estava para sair rapidamente quando ele me puxa pelo braço e beija-me com fervor… Senti-o a apertar o meu corpo e a puxar-me cada vez mais para junto dele. O meu estômago deu uma volta e eu ainda assim falei.
- Qual é a ideia? Primeiro não mereço e agora beijas-me?

Ele olhou-me nos olhos, a sorrir, passou a mão no meu rosto, deu um beijo na minha testa e ao mesmo tempo que me largou disse:
- Ainda vais ser minha Samantha…

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