Inverness Season - Ep 30, Trish
Cada vez mais próxima do seu destino, será que conseguiria
atingir os seus objectivos? Passo a passo, seguia rumo ao tal lago. Ela
acreditava que rapidamente iria solucionar o seu puzzle, junto com a alma
daquele que ele procurava. Seria realmente isso que aconteceria?
“Wanted” by Trish Rayven
Vampiro: sinónimo de um ser pouco inteligente e racional que
não consegue controlar os seus instintos quando entra em contacto com uma
insignificante gota de sangue. Depois do primeiro contacto que tive com estes
seres, essa é a única definição que acho adequada para caracterizá-los. Apesar
de admitir que a visita ao covil desgastou a minha reserva energética, agora
que os conheço chego à conclusão de que são meros animais sem qualquer
controlo.
Decidi oferecer a mim mesma um dia de folga, por isso
deixei-me ficar no motel. Sentada na cama enquanto visualizava o meu último
troféu, a mão do vampiro que teve a infelicidade de me tocar, ouvi um grito
desesperado que vinha do quarto ao lado do meu. Abri a porta para o corredor,
no mesmo momento em que a criadita das limpezas passava com o carrinho das
toalhas.
- Desculpe a indiscrição minha senhora, mas não se preocupe.
Aquele casal vive neste motel há anos e ele foi sempre conhecido por tratar mal
a mulher.
Olhei para a criadita como se ela fosse uma formiga
insignificante e voltei a fechar a porta. Não queria saber se o homem espancava
a mulher, só queria que não me chateassem. Ao segundo grito, passei-me. Com um
pontapé abri a porta do quarto de onde vinha aquela barulheira. Parei à frente
dos dois humanos que numa posição cómica e petrificada olhavam para mim com
espanto. Após as primeiras reacções, o homem ainda irado dirigiu-se a mim,
tentando-me agredir da mesma forma que aquela desgraçada, mas isso não
aconteceu. Saquei do cinto um punhal e, com um movimento rápido, abri de um
lado ao outro o pescoço daquele maldito. Depois de alguns segundos a tentar
suplicar à mulher para que o ajudasse, este caiu no chão morto. Comecei a
sentir algo a brilhar e, ao meter a mão no bolso do casaco, percebi que tinha
accionado o cofre das almas. O brilho daquela pequena caixinha que parecia um
guarda-jóias era tão intenso que os meus olhos não aguentaram. A caixinha ao
cair no chão, abriu-se e ao som de uma canção de embalar pude ver uma
substância branca, que parecia ectoplasma, a sair do corpo do morto e a entrar
no cofre. Seguidamente a música parou e a tampa do cofre fechou-se. Tinha
capturado mais uma alma impura, mas cada vez que o fazia perguntava-me quem é
que precisaria delas e para onde é que elas iriam, estava na altura de pedir um
relatório completo ao Colin na próxima vez que nos encontrássemos.
Enquanto fazia o meu trabalho a mulher – aterrorizada –
tinha ligado para a polícia. Mas, quando eu percebi isso, era tarde de mais
para me livrar dela. A única coisa que tinha a fazer era desaparecer daquele
motel o mais rápido possível.
Ao entrar a correr no meu quarto, peguei na grande mala de
couro e despejei lá para dentro o que estava à mão. Era impossível tentar um
confronto com a polícia, visto que isso me tornaria na pessoa mais famosa das
Escócia, mas não por bons motivos. O meu objectivo não era encontrar uma
fotografia minha com o título “WANTED” em todos os bares e tabernas por onde
passasse.
Estava irritada com o meu desleixo, não me conseguia
conformar por ter deixado a mulher à vontade para fazer o que lhe desse na
cabeça, enquanto eu estava ocupada com o homem. O mais natural é que quando ela
contar aquilo que viu à polícia, seja internada num asilo. Apesar de
identificar com a sua situação não posso fazer nada, até acho que lhe fiz um
grande favor, matei a causa dos seus problemas.
Quando saí do meu quarto arrastei a grande mala de couro
pelo corredor e algo despertou a minha atenção. Passei por uma porta
entreaberta e ao ouvir o nome Eric uma sensação de desconforto apoderou-se do
meu corpo. Apesar de estar com pressa tinha que espreitar a divisão através da
frincha da porta. Dentro do quarto que, assemelhava-se muito ao meu, estavam
dois homens à conversa. Falavam acerca de uma mansão ao pé do lago Loch Ness e,
segundo um deles, existia um plano de assalto a essa habitação. Um dos homens estava
de costas, por isso não consegui ver as suas feições, mas o outro era o machão
atraente com quem eu já tinha esbarrado. Agora percebo a razão pela qual ele
ficou tão intrigado a olhar para o meu livro de poções, ele sabia coisas que
normalmente um ser humano nem imagina. Ao ouvir a conversa deles, fiquei
curiosa em relação a esse tal Eric e senti que talvez encontra-se alguma coisa
de especial nessa casa.
Os meus pensamentos voaram e eu voltei a realidade, quando
ouvi as sirenes dos carros de polícia que já se encontravam na parte exterior
do motel. Corri para a janela mais próxima e vi um agente com um megafone que
proferiu a seguinte frase:
- Saia com as mãos no ar que ninguém lhe fará mal.
Estava completamente cercada e não fazia a mínima ideia de
com iria sair dali. De repente uma ideia brilhante atravessou a minha mente.
Lembrei-me de um feitiço que aprendi depois da Sra. Morgan morrer, mas a
verdade é que nunca o tinha utilizado por isso tinha receio que não funcionasse.
O feitiço consistia em conseguir transformar-me num animal e conseguir fugir
dali para fora.
Abri a porta que dava para a rua e centenas de polícias com
as armas em ponho preparavam-se para me encher de buracos. Fechei os olhos e em
voz alta disse as palavras-chave que supostamente me transformariam num animal
qualquer, mas nada aconteceu. Dei um passo para a frente e uma chuva de balas
iria atravessar minha pele se no último minuto a transfiguração não tivesse
acontecido. Na forma de um corvo preto pairei pelos céus, enquanto lá em baixo
os Srs. Guardas ainda tentavam perceber o que se tinha passado. Fui aterrar
exactamente no local que pretendia, a floresta do lago de Loch Ness. Após ter
voltado à minha forma original senti que uma nova fase de disputas e emoções
iria começar.
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