Inverness Season - Ep 24, Samantha

Samantha estava irritada, esfomeada e ainda tinha de aguentar com bastantes contratempos pelo seu caminho. Quando tudo voltaria ao normal, à paz que ela sentira tantas outras vezes? Sua mente queria lutar contra o que os seus instintos gritavam. Até quando conseguiria controlar-se?

“Tonight I’m A Hunter Again” by Samantha Saint


Corri, corri e corri, a minha próxima vítima tinha que estar para breve, seria muito rápida de eliminar.
Os meus olhos ardiam, as veias das minhas mãos e do meu pescoço estavam a fervilhar de fome e rancor. Cravei as unhas numa árvore que estava mesmo ao meu lado e escorreguei as mãos na mesma. Desfi-la em menos de nada, só pó, pois aquele ódio por dentro com uma intensidade alucinante. Queria matar! Sangue fresco, era o que eu precisava! Há muito tempo que não sentia uma necessidade tão grande de acabar com quem quer que se atravessasse no meu caminho. Fosse quem fosse!

Voltei a dar largas à minha busca. Encontrei um lobo no meio do caminho para a minha fonte de alimento que ainda não estava traçada.
Nunca fizera tal coisa mas hoje… O lobo, idiota, tentou atacar-me, mas sem qualquer sucesso como seria de esperar. Agarrei o pescoço do animal com as duas mãos. Ele ganiu e remexeu-se até à exaustão, mas foi inútil. Com as minhas mãos eu tirei a vida daquele infortunado. Mas a minha vontade de matar ainda não tinha cessado, persistia na minha mente e em todos os centímetros do meu corpo.

Noite de caça, noite de me vingar daquele que me torturou sem me tocar. Foi quando a minha esperança de encontrar uma vitima nas redondezas que o avistei quase no final da floresta, escondido atrás de uma árvore. Não era belo nem perfeito, apenas minimamente agradável a minha vista exigente! O pobre coitado estava completamente embriagado. Triste de se ver mas perfeito para matar.
Aproximei-me lentamente, o homem olhou-me e sorriu.
- Boa noite querida! – Disse olhando de cima a baixo para mim.
- Bela noite, sim. – Olhei para o céu e sentei-me a sei lado. Aquele “querida” tinha-me enojado um pouco, mas já estava habituada aquele tipo de reacção.
- O que queres? – Sussurrou ao meu ouvido e começando a agarrar-me a cintura.
- Hum… Vejamos… És a única alma viva que aqui está. Estás completamente bêbedo. E o melhor de tudo é que és uma presa fácil.
- Serei eu ou tu uma presa fácil? – Começou a beijar a minha cara e o meu pescoço. – Afinal talvez sejas tu…
- Será mesmo?
Senti-me no seu colo e beijei suavemente o seu pescoço, ele parecia estar a gostar. Agarrou os meus quadris e queria me beijar também, mas não deixei. Aquele cheiro a álcool estava a deixar-me enjoada.
Não esperei mais, mordi o seu pescoço e o seu sangue não era saboroso como devia ser mas ainda assim o meu corpo começou a fervilhar! As suas mãos que me agarravam começaram a apertar-me ferozmente pela agonia que estava a sentir.
Os batimentos cardíacos estavam a diminuir rapidamente e o pesar do seu corpo era cada vez mais perceptível.
O corpo daquele moribundo faleceu… Levantei-me do seu colo e fiquei a olha-lo com desprezo. Limpei a minha boca ensanguentada e inspirei bem fundo. Aquele cheiro ainda era quente. Ri-me com conta vontade. Não havia arrependimentos nem remorsos. Estava viva e sentia-me muito mais forte…
Senti uma aragem quente a pairar. Devia estar para breve o nascer do sol. Tinha que chegar rapidamente à mansão, isto, senão quisesse morrer estorricada…
Quando entrei olhei para um relógio que se encontrava na entrada, cinco e meia, foi por um triz, mais um pouco e seria apenas uma memória desta infame vida.
Caminhava lentamente esbarrando um pouco nas paredes. Não havia sinal das vampiras, Eric ou Vladimor, o que tornava aquela casa a minha paz por não haver alma pena que me incomodasse neste momento tão sórdido e inoportuno.
Afinal de contas a minha fúria e irritação ainda não tinha passado. O que aquele imbecil me fez – meti a mão à boca e senti as minhas presas mais uma vez a saírem quando não deviam – como era possível que me tenha feito uma coisa daquelas? Deixou-me literalmente pendurada!!!
Ia a abrir a porta do meu quarto quando senti uma pancada forte em todo o meu peito, como se tivessem atirado um poste de electricidade para cima de mim, e uma reviravolta no meu estômago. Cerrei os olhos com toda a força e abri a porta… Na minha cabeça apenas apareceu um nome, um nome ao qual eu já não pensava a muitas horas…
Como podia eu ter alguma vez pensado em…
- NÃO!!! – Berrei ao entrar no quarto e bati com a porta com força excessiva. – Mas eu estou louca? – Era única coisa que eu conseguia dizer… Sentia a minha boca seca e todas as veias dos meus braços estavam agora salientes como se me estivessem a chamar.
Após tantos anos de busca, dedicação, desalento, angústia e finalmente a recompensa… O que tinha eu na minha cabeça? Não estava disposta a perdê-lo novamente por uma pessoa que não conheço verdadeiramente e principalmente… Que é meu parente! Com 200 e tal anos de diferença, mas mesmo assim…
Fui à gaveta da cómoda buscar a carta que Daniel me tinha enviado algum tempo antes. Quando agarrei naquela pequena folha de papel amachucada, recordei o passado tão recente na minha memória. Ao lado, Ainda estava o fui com o “S” que tinha encontrado dentro do meu casaco e que continuava sem saber a quem pertencia tal objecto.
Apressei-me a ir para a cama deitar-me. Olhei para aqueles dois pertences que me deixaram com uma sensação de estranheza muito grande… Teria sido Daniel a deixar-me o colar? Mas como teria ele arranjado maneira de entrar na penthouse sem que ninguém desse conta… Bem, com as coisas que ele fez e tem feito a verdade é que já muito pouca coisa me espanta! Primeiro aquela noite em Moscovo, agora este súbdito aparecimento aqui na Escócia… Nada batia certo. Talvez ele tivesse uma visitinha mais cedo do que aquilo que ele estava a espera.

Olhei mais uma vez o colar, pensei em toda a anatomia de Daniel e como isso me deixou louca e perdida de desejo, e coloquei-o ao pescoço. Só o tiraria se descobrisse quem me tinha dado. Apesar de no meu desespero, eu calculava de quem se tratava a oferta…

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