Inverness Season - Epi 12, Sheftu

Desde que Eric aparecera que a sua existência parecia ter perdido todo o sentido. Que loucura era esta que se atravessava pelos seus poros? Talvez um pouco de diversão com comida pudesse fazer com que ela melhorasse… Ou simplesmente a levaria cada vez mais para aquele louco remoinho repleto de sensações. Estaria ela completa ao perder-se totalmente?

“Madness” by Sheftu Nubia


Permaneci quieta deitada do seu lado, à espera que ele finalmente adormecesse, deixando a sua respiração regular e serena. Não pensei duas vezes, ergui-me e segui para algures, necessitava de esquecer tudo isto, precisava de não me recordar dele, de deixar de o ter constantemente na minha cabeça, torturando humildemente minha alma e meu corpo...
Vagueei pela noite que já estava a meio, sentindo o frio gelado sobre o meu corpo, fechando os meus olhos para que essa sensação fosse ainda mais intensa... Uma imagem começou a formar-se em minha mente, o seu sorriso me marcava a sentença, um rosto aberto, livre, que seguia rumo ao meu, me fazendo desejar que seus lábios me preencham e me deixem contagiar todo o meu corpo. Ele não me saía da cabeça, não queria sair da minha cabeça.
Meus passos se tornaram mais rápidos, não me importava onde meus pés me levariam, queria libertar-me, libertar a minha mente que cada vez mais se prendia ao desejo por aquele homem. O único homem que eu desejava, o único homem que eu odiava por tanto o querer...
Entrei num café, com a intenção de esvaziar a minha mente e entreter-me, queria que tudo isto se fosse embora de mim e voltasse ao passado, não tão longe quanto isso... Um homem sorridente aproximou-se de mim, tentando usar as mais rústicas armas de sedução, sorri-lhe de volta.
- Queres que te pague uma bebida? – Perguntou-me ele.
- Claro, obrigada. – Sorri humildemente ao observar o homem moreno a aclamar de alegria, pensando ter conseguido manipular-me com o seu charme. Era curiosa esta raça masculina, sempre tão certa de ser caçadores na perfeição e vindo directamente à caça proibida, aquela que sempre lhes traria morte.
- Segue-me... – Disse ele, caminhando para uma mesa encostada à janela. Abriu caminho para que me sentasse, ficando assim entre ele e a janela, querendo ele ter a certeza que não fugiria com facilidade. Não sabia ele que quem iria fugir no final de tudo seria ele. – Que queres beber?
- Whisky duplo com gelo. – Respondi secamente, sem que ele reparasse muito no meu estado de espírito. Estava bem mais ocupado em ver que caça teria conseguido, procurando com o olhar em cada parte do meu corpo as razões que o fizeram vir até mim. Um minuto depois chamava a empregada de mesa e pedira dois whiskys duplos com gelo, querendo ser cordial.
Ainda nem tinha acabado a sua bebida e já começava com os seus jogos de sensualidade para que me conseguisse levar para a cama. Eu sorria alegremente, tentando parecer totalmente apanhada por ele, como se ele tivesse ganho. Reparei que ele me tentava embebedar, estando constantemente a pedir mais bebidas para nós e encorajando-me a beber mais um pouco. Simplesmente permanecia a sorrir, ao ver todos estes anos de evolução não trazerem quaisquer frutos para o homem. Sempre os mesmos vícios, sempre as mesmas técnicas...
- Queres ir dar uma volta? – Perguntei sem grande vontade.
- Sim, claro... Onde queres ir? – Respondeu todo extasiado.
- Não sei, quero fazer algo arriscado e que contenha muita adrenalina. Tens algo em mente? – Perguntei fitando calmamente o seu olhar, fazendo com que todo o seu corpo tivesse uma reacção directa sobre tudo o que se estava a passar, abri o meu sorriso, fazendo com que se desse mais uma reacção naquele homem. Sim, já estaria no papo.
- Podíamos andar um pouco de mota, e talvez depois pudéssemos fazer algo mais íntimo... – Disse, baixando a sua voz num sussurro na última parte.
Levantou-se e estendeu a sua mão para que pudesse me ajudar, sorri e aceitei a sua oferta, sendo escoltada para fora como um troféu. Seus amigos estavam do lado esquerdo sentados em grupo e nos observavam desde a minha entrada, parecia que ele iria ganhar algum estatuto entre eles, pena que fosse morrer logo de seguida.
Mostrou-me alegremente o seu veículo de alta cilindrada, esperando o espanto que rapidamente demonstrei ter...
- Queres andar nela?
- Claro!
Subimos os dois e começamos a seguir rumo à morte, não é que eu pudesse morrer, mas sempre era algum início. Fechei os meus olhos e senti o vento a passar sobre a minha face, a imagem de um corpo começou a moldar-se na minha imaginação, eu sabia que não era real, mas porque estava tudo isto na minha mente?! Senti algo a escorrer pela minha bochecha que, rapidamente limpei com a minha mão, observando a pequena película de água que saía do meu rosto...
- Estás louca?! Segura-te a mim, queres morrer?
- Talvez fosse a melhor ideia... – Respondi sem grande vontade.
- Acho que precisas de libertar toda essa fúria que tens em ti... – Respondeu-me o homem com um sorriso no rosto, tendo já parado e saído da mota. – E eu sei exactamente onde a podes usar... Alinhas?
- O que tens em mente? – Perguntei, não dando muita importância ao assunto. A minha mente permanecia ainda naquela imagem, naquele tormento que não queria sair da minha cabeça.
- Podíamos ir a um motel e usar toda essa fúria em nosso favor, ganhávamos os dois. – Respondeu, sorridente, me observando de alto a baixo. Não fazia a mínima ideia para o que estava a olhar, a mesma coisa que o iria aniquilar. Resolvi sorrir, aceitando a ideia. Começou por estacionar a sua moto no estacionamento que estava mesmo perto de um motel, tinha já tudo pensado desde o início... – Óptimo! Temos um local para onde seguir... Vem...
Segurou a minha mão, seguindo em frente rumo à porta e, segurando a porta com a mão disponível, permitiu a minha passagem.
- Quarto 30 Senhor Highmore? – Inquiriu uma mulher que se encontrava na recepção, já tinha a sua certa idade, seus óculos estavam pousados no seu nariz e a sua expressão tomava uma certa decepção sobre o homem que estaria do meu lado.
- Exactamente. – Respondeu, pegando na chave do tal quarto. Parece que já tinha vindo muitas vezes para cá...
- Senhor Highmore? – Chamou a mulher enquanto seguíamos para as escadas...
- Sim? – Virou-se o homem para ela, prestando-lhe atenção.
- Não vá pelas escadas hoje, estão a ser remodeladas...
- Ah, obrigado... – Respondeu, encaminhando-nos para o elevador.
Mais uma vez deixou-me entrar primeiro, marcando o sétimo andar e abraçando a minha anca com o seu braço esquerdo, aproximando-me mais dele ao ponto de sentir firme excitação do momento... O silêncio permaneceu, mesmo quando nos encaminhamos para o quarto e as portas foram abertas, sendo rapidamente tomada pelo fogo que o homem deveria ter suportado todo o momento até agora.
Começou a beijar-me efusivamente, retirando cada parte de roupa que existia entre nós, abraçando-me com mais força enquanto me deitava sobre a cama ainda feita, ficando surpreendido quando tentei força-lo gentilmente – como uma humana faria, pois não teria força para mais – a deixar-me ficar por cima dele, tomando o total controlo. Mas a ideia agradou-lhe, querendo entrar no jogo, aí comecei por pequenas mordidelas em seus lábios, fechando os meus olhos, seguindo para o seu pescoço, para os seus ombros quentes...
O seu corpo aquecia o meu enquanto permanecíamos em carícias, brincando levemente com o corpo um do outro. Recordava-me de cada traço do seu corpo, de como eu gostava do seu cabelo preto, despenteado e negro, que adorava entrelaçar sobre os meus dedos. Subi lentamente pelas suas costas, sentindo os arrepios que vinham dele, me lembrando das coisas que lhe desejava fazer a toda a hora, tentando alcançar a sua nuca para me perder em seus fios, sentindo a sua pulsação subir, querendo alcançar cada vez mais rápido o seu cabelo... Minha mão correu com o enorme desejo de ser dele, alcançando a sua cabeça, tentando agarrar os seus cabelos, despenteando-os, mas não os conseguia agarrar... Parei, abrindo os olhos e recuando rapidamente para o meu espanto: era aquele homem que tinha encontrado no café – não Eric.
Sua cara tinha tomado um certo espanto por ter parado tão rapidamente e tentei disfarçar, sorrindo falsamente... Mas eu conseguia ouvir a pulsação de Eric algures, uma pulsação que continuava rápida, que parecia tão perto, tão perto... Começava agora a endoidecer?! Respirei fundo, agora teria de me livrar de toda esta situação, já não iria continuar com isto, ele sobreviveria.
- Tive uma ideia... – Comecei, subtilmente... – Não tens correntes? Poderia torturar-te amarrado à cama...
- Boa ideia, hum... – Respondeu, fechando os seus olhos por momentos, abrindo-os de novo. – Sim, costumam estar algures por aquela cómoda. – Apontou para uma zona, levantando-se e indo buscar. Também tinha uma mordaça, era perfeito.
- Faz favor de se deitar para começarmos a festa? – Propus, com uma falsa alegria.
- Claro, comecemos então...
Mal se deitou, comecei a acorrentá-lo à cama, seguindo-se da mordaça. Sorri humildemente, ao erguer-me e começar a apanhar a minha roupa pelo chão, vestindo-a de seguida. Observei o homem que agora se tentava libertar, com o seu olhar agudo para mim, disse-lhe adeus e saí. A pulsação de Eric não deixava de me sair da mente, ainda a ouvia descontrolada e sabia agora muito bem onde ela estava – ao lado da porta de onde eu saía.
Deixei de respirar, continuando o meu caminho para o elevador sem sequer olhá-lo uma vez. Meu corpo ainda estava bastante excitado, minha memória se aliava à minha mente para me recordar o que mais desejava neste momento. Apertei a minha mão, tentando concentrar-me nisso e fugindo das ideias que cercavam a minha alma, começando a torturar-me vivamente...
Chamei o elevador, mas ele nunca mais se decidia em vir. A respiração dele era desacelerada, com a pulsação sem qualquer controlo, fazendo com que todo o meu corpo e a minha mente se animassem, criando constantes situações na minha cabeça, deixando-me a suplicar para que o elevador viesse rapidamente, que me afastasse o mais possível dele, que me deixasse fugir de tudo isto.
Finalmente, as portas se abriam e eu pude entrar, esperando que elas voltassem a se fecharem, carregando no botão para voltar para o exterior. Uma mão entra entre as duas portas, fazendo-as logicamente abrir, fazendo-me inspirar, sentia-me sem ar, mesmo sem que fosse necessário respirar, sentia que estava num espaço muito pequeno, precisava de sair daqui... Eric entrou, colocando-se de costas para mim sem me olhar, eu o observava incrédula, o que ele estava aqui a fazer?! O elevador começou a descer e senti todo o meu estômago a ser elevado ao mesmo tempo que ele descia.
Rapidamente vi a mão dele sobre o stop, virando-se para mim e me agarrando, mesmo ao ver-me tentar soltar-me não fazia qualquer menção de o fazer. Fitei-o, vendo em seu olhar uma fúria incontrolável, eu teria de dizer algo, mas as palavras não saíam da minha boca, não conseguia dizer nada, sentia que todo o ar tinha sido resgatado dos meus pulmões... Abri a boca para puder inspirar um pouco de ar, sentindo ao mesmo tempo os lábios dele se apertando sobre os meus, fazendo-me instintivamente fechar a boca, minhas mãos estavam agora sobre o seu queixo, tentando puxá-lo para longe, enquanto sua boca tentava consumir-me, tentava fazer-me entregar.
Largou-me, apesar de permanecer sobre os meus lábios, suas mãos agora procuravam as minhas, agarrando-as e empurrando-me para a parede, obrigando os meus braços a se encostarem à parede juntamente com todo o meu corpo, sentindo todas as suas curvas sobre mim, sentindo nele o que eu sentia em mim, deixando que a força se perdesse, permitindo que ele sorrisse...
- Assim sim, já gosto mais... – Suspirou ele, juntando o seu sorriso ao meu pescoço, começando a mordiscá-lo, deixando as minhas mãos livres, retirando os trajes que eu usava...
- Ai é? – Perguntei-lhe, agarrando o seu cabelo e puxando-o para trás, fazendo-o fitar-me com uns centímetros de distância. Sorria abertamente, ao ver que a sua fúria ainda não tinha cessado, bem como o desejo que crescia.
Empurrei-o contra a outra parede que cedeu, fazendo com que seu corpo entrasse nela, abrindo um pequeno corte em seu ombro. Meu dedo preencheu esse corte, captando parte da sua essência, levando-a ao meu nariz, seguindo-se da minha boca, saboreando lentamente aquele sabor... Quente, doce, estimulante... Queria mais! Rasguei a sua camisa, tentando aproximar a minha boca sobre aquele néctar, sendo rapidamente travada por uma mão em meu pescoço.
- Isso não, ainda não... – Suspirou, afastando-me um pouco do seu ombro. Arregalei os meus olhos, tentando virar-me, querendo ficar sozinha – como se fosse possível.
O que estava eu a fazer? Eu não me podia permitir fazer isto, não ia deixar que isto acontecesse... Não podia deixar... Seus braços me rodearam, abraçando-me e beijando o meu ombro, subindo pelo pescoço até à minha orelha, mordiscando subtilmente, antes de respirar sobre ela.
- Não desta vez... – Sussurrou, virando-me lentamente para ele, colando a sua testa na minha, mostrando aquele sorriso torto que tanto me cativa. – Tu nos queres tanto como eu.
- Não.
- Não? – Repetiu, sorridente, me observando de alto a baixo lentamente, aproximando o seu fogo ao meu e puxando minha cabeça para trás, fazendo com que todo o meu corpo ficasse entregue, despido, resgatado nele...
Abriu uma pequena ferida em meu pescoço, saboreou o liquido vermelho que saía dele, abraçando-me com ainda mais fulgor, aumentando rapidamente a sua pulsação bem como toda esta nossa batalha travada... Aquela que perdia efusivamente sobre o meu senhor, sobre aquele que me tem e me clama, embebendo cada parte do meu sangue, sentindo cada parte de mim, encostando-me contra a parede da eternidade, ficando apenas entre ele e a eternidade, perdida algures pelos momentos que se abriam em nós, escorrendo sons, novos momentos de total ardor que me faziam gemer de raiva...
- Diz-me agora que não me queres... Diz-me que não me amas... – Sussurrou ele, mordiscando novamente a minha orelha, acercando o meu corpo ainda mais ao dele, fazendo-me sentir cada parte de si, cada parte de nós, num ritmo caótico, provocante, mortal...
- Mata-me, mata-me lentamente... Mata-me em silêncio... – Arfei, bufando pelas minhas próprias palavras... Seu rosto fitou o meu, mostrando o pleno êxtase que ambos sofríamos, sentindo cada parte do meu corpo contorcer-se perante o dele, vivendo cada parte de nós, não querendo jamais esquecer...
- Diz-me que me amas... – Ordenou, fazendo com que o meu olhar se virasse para o lado, querendo escapar da sua força, querendo escapar de tudo o que eu mais queria, tentando não sentir tudo isto que acontecia, tentando jamais perder-me onde já estava completamente perdida... Resgatou minha face, reclamando os meus lábios nos dele, pedindo neles tudo o que ele queria, desamparando-me, deixando-me sem força, estaria perdida, estaria completamente nele, sentiria cada traço de raiva dele escassear, era o nosso momento, ele me tinha, ele me tinha...
- Toma-me como tua, sou tua... Vá, pega o que é teu e usa-o... – Firmei entre beijos, iniciando a minha demanda pela total perdição do abismo que me afundava...
Definha-me em teus braços, deixa-me recalcar cada novo momento que traças para nós. Porque cada novo momento nossos corpos se unem e clamam por vitória, aquela que não te quero dar, meu amor... Aquela a quem não me quero dar... E a vitória, batalha travada entre mim e o que sinto, perde-se dentre as eternas horas de tortura perante este homem... Desprezível, manipulador, arrogante, mas totalmente desejável, totalmente meu...

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