Inverness Season - Ep 19, Samantha

Parecia um dia normal, como tantos outros mas… Realmente seria? O que iria acontecer certamente era de se perder os sentidos. Surpresas um pouco esperadas, ou talvez, completamente indesejadas. Cada momento da sua existência agora envolveria outra pessoa. Quem seria?

“Are you Kidding, right?” by Samantha Saint


Afinal de contas já não precisava de falar com o Eric, o problema estava resolvido. Ia na direcção oposta ao meu quarto mas, já não fazia sentido. Então voltei para o meu quarto, abri a janela, empurrei o cadeirão grande para perto da mesma e fiquei a sentir a brisa bater-me no rosto.
A noite estava quente e, a verdade é que era muito agradável. Conseguia ouvir ao longe um pequeno pássaro a cantarolar… Há horas que o fazia. Era harmonioso. Olhei para a escuridão e ouvi um outro cantar. Mas desta vez não era um pássaro… Era um assobio de uma pessoa. Humana ou não era, sem dúvida alguma, um assobio.
Olhei à minha volta para ver de quem se tratava. Seria Vladimor? Que esquisito, ele uiva não assobia.
Levantei-me do cadeirão e fui até mais próximo da janela para escutar melhor. Vi um vulto não muito grande. Era, certamente, uma pessoa! Mas, encontrava-se meia escondida por trás de uma árvore. Sibilei para o estranho:
- Quem está aí?! – Disse, mas não obtive resposta.
Saltei da janela, sem grande dificuldade, e aterrei mesmo em cima de uma rocha. Ergui-me e encarei o vulto que anteriormente tinha ignorado a minha pergunta.
- Quem está aí?! – Voltei a perguntar. – Não volto a perguntar! A próxima vez ataco quem quer que esteja aí escondido!
Ouvi um murmúrio e o estranho falou. – Cheira.
Cheirar? Mas aquilo seria alguma brincadeira de mau gosto?
Abri as minhas narinas e inalei o cheiro que pairava no ar. Mas mal o fiz, foi fatal. Uma enorme tontura veio assolar o meu corpo e a última coisa que me lembro é de estar a cair e sentir um par de mãos segurarem-me pela cintura…
- Aiii a minha cabeça. – Estava deitada numa cama. Olhei à minha volta. Não reconheci o local onde me encontrava. Era uma cabana. E parecia ser no meio da floresta.
- Tem calma. – Ouvi uma voz ao fundo, a mesma voz que me tinha dito para respirar fundo. – Não te lembras de mim?
- É difícil lembrar-me de alguém que não vejo! Principalmente se esta se encontra com um cheiro imundo! – Sentei-me à beira da cama e coloquei a mão na minha cabeça. Ainda me sentia um pouco zonza.
- És uma vampira muito estranha Samantha. Confesso que és…
Ouvi passos na minha direcção e o vulto mostrou-se.
- Daniel?! – Disse surpresa.
- Sim, quem mais? – Gargalhou ao ver o meu ar de surpresa. – Qual o espanto? Eu disse-te que nos íamos encontrar brevemente.
- Não podias simplesmente aparecer? Tinhas que me fazer desmaiar e acordar neste lugar?
- Se eu te pedisse terias vindo?
- Pois…
- Estou a ver que não me enganei.
- Um pouco. Sabes que a nossa convivência apesar de curta foi… Hum… Deveras íntima. Mas para a próxima agradeço que simplesmente te mostres e eu vou OK?
- Está bem. – Disse entre risos.
- Já agora. Aquela carta foi um pouco estranha não?
- Estranha?! Não vejo em quê. Foi totalmente verdadeira. Só que queria deixar-te assim… Toda atrofiada!
As minhas presas saltaram instintivamente para fora. Mas ele não se moveu nem um milímetro.
- Ai tão stressada que ela é. Só estou a brincar. Tens que deixar de levar tudo tão a sério.
- E não levo! Não precisas de me estar a mandar esses conselhos de circunstância! Além do mais, tu nem me conheces para saberes como é que eu sou ou deixo de ser!
- Achas mesmo que não sei? Põe as coisas assim neste ponto de vista. – Começou a andar de um lado para o outro. – Se eu te encontrei, tirei-te de casa e ainda consegui atrair-te para aqui… - Examinou o meu rosto para ver se estava a acompanhar. – Ainda achas que não te conheço bem?
A minha aversão ao que ele estava a dizer era bem visível. Insuportável. Ele tinha razão… Inevitavelmente, tinha razão e eu não podia fazer nada para mudar isso. O meu desejo naquele momento era de elevá-lo no ar e esmagar-me o pescoço! Credo, estava a ficar igual à Sheftu… Ainda mais assassina do que aquilo que já era…
- Não estejas com esses pensamentos na cabeça!
- Quais pensamentos? Lês a mente também?!
- Não. Basta olhar para ti para ver que estas com uma vontade incontrolável de me matar!
- E se calhar é o que vou fazer mesmo!
- Não, não vais… - Começou a avançar para mim. Sentou-se ao meu lado e sussurrou ao meu ouvido. – O teu desejo por mim é maior que a tua vontade de me matar.
A lividez nos meus olhos era perceptível e por pouco não respondia por mim! Na realidade senti uma necessidade imensa de o beijar o que me deixou ainda mais descontrolada.
Saltei da cama, antes que fizesse alguma estupidez e, corri o mais depressa que conseguia para longe daquele lugar. Devia estar a correr há uns bons minutos quando me lembrei que não sabia onde me encontrava. Subi uma árvore gigantesca para poder me orientar e voltar novamente para a mansão. Equilibrei-me na ponta da árvore e olhei em meu redor. Tinha corrido na direcção oposta! Mas não estava longe. Apenas a uns oito ou nove quilómetros da mansão. Em poucos minutos estaria de volta ao meu quarto.
Desci da árvore e desatei a correr. Não para a mansão… Mas sim para a cabana. Nem acreditava no que estava a fazer!
Espreitei lá para dentro e Daniel estava deitado na cama com os olhos e abanava a cabeça com ar de negação. O que estaria ele a pensar para estar daquela maneira?
Abri a porta da cabana e caminhei para junto dele.
Levantou-se da cama e ficou perto de mim.
- Não devia ter vol…
Não me deixou terminar a frase. Agarrou na minha anca e na minha cara. Rodou-me com uma velocidade inacreditável para um humano e beijou-me com fervor. As suas mãos percorriam ferozmente e sem pudor, todo o meu corpo e, o pior de tudo… É que eu queria o que ele me estava a fazer!
De repente, sem razão aparente parou.
- O que foi? – Perguntei espantada.
- Vai.
- Desculpa?!
- Vai. Depois vou ter contigo. Agora vai…
Saí da cabana completamente desconcertada. O que raio se tinha passado ali dentro?
Já não voltei para a mansão. Corri para a cidade. Olhei para mim própria… Continuava impecável apesar de ter estado a correr tanto.
Aquelas imagens estavam a dar cabo de mim. A carta, o “rapto”, os beijos e depois aquela negação que nem eu percebi o porquê dela ter acontecido. E o mais frustrante era que, agora, a cara do Louis não desaparecia por nada e estava a assombrar-me! Ele ia ficar desiludido, eu tinha a certeza disso. Mas… Eu gostei de sentir outras mãos, que não as do Louis, em mim.
Só existia uma maneira de me libertar de toda aquela raiva, angústia e desespero… Caça!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Immolation Season - Ep 25, Carmen

Moscow Season - Ep 25, Carmen

Immolation Season - Ep 24, Julian