Inverness Season - Ep 18, Vladimor

Vladimor encontrara-se com um vampiro, estaria a sua aparência certa? Seria ele um possível amigo e visitante da grande mansão? Mas não era isso que marcaria o seu dia. Uma nova viagem pelo mundo da sua amada dama estaria próxima? Ou seria a última vez que a veria?

“Sublime” by Vladimor Iorganov


Passei a deambular, cada vez mais e mais, pelo bosque, mas em vão! A Dama do Bosque não apareceu… Mas os sons eram mais refrescantes que antes, talvez por saber que alguém me ouvisse e não me perturbasse… Sim porque a mansão tem ficado bastante agitada ultimamente…
- Hummm… Então sois vós o novo hóspede da mansão? – Uma voz simpática e hospitaleira contudo cheia de frieza e poder!
- Quem sois?
- Lawrence é o meu nome… Mas ainda não me respondeu a questão que coloquei…
- Vladimor, meu caro, Vladimor Iorganov! – Parece-me ser uma pessoa certa, ou deva dizer, vampiro…
- Boas maneiras vindas de alguém que muito tempo viveu… Gosto disso num homem, ou devo dizer, Lobisomem… - Aquilo por alguma razão não me caiu bem, parecia ser um insulto!
- E não me interprete mal Sr. Lawrence, mas as raças não interessam quando as boas maneiras são para serem aplicadas!
- Concordo plenamente, e perdoe-me se fui rude em algo que disse, o que quis dizer foi apenas que é interessante saber que a sua raça continua viva, embora muito diminuída.
- Sim… a guerra contra os vossos colheu muitas vidas, segundo o que ouvia pelos rumores. Sabe, é que nunca me interessei muito por essa guerra!
- Então somos dois! Acho deveras muito absurdo o extermínio dos seres como nós, imortais mas por esse mesmo facto, amaldiçoados. Mas é sem dúvida surpreendente ver um lobisomem… nunca estive com um e muito menos falei com um… São todos vós assim?
Não… a maior parte da minha raça é puramente selvática, sem saber controlar-se! Isto era o que deveria responder, mas por alguma forma fui impelido a fazê-lo.
- Não sei ao certo embora tenha a sensação de que muitos dos lobisomens de hoje em dia andem por aí entre todos os mortais, aparentando ser um deles! – Um riso puramente genuíno soltou-se dos pulmões de Lawrence! Parecia divertido por saber exactamente que era o contrário, até que finalmente me juntei a ele e a tensão ficou reduzida a nada a não ser uma boa atmosfera.
- Caro Vladimor, você tem bastante graça! – Enxugando os olhos raiados de pequenas gotículas de sangue – Pensava mesmo que me podia enganar assim?
- Claro… - uma pausa e uma cara de consternação envolveu a face de Lawrence – Que não! Sr Lawrence, nunca na minha vida poderia tecer tal coisa! Apenas quis defender o orgulho da raça que sinceramente desconheço em muito… Tudo o que sei, foi-me contado à muito tempo atrás, julgo até, antes de você ser gerado…
- Desculpe-me mas sou bem antigo, um dos primeiros nobres vampiros até, pelo menos aqui de Inglaterra! – Sem dúvida, com esse sotaque só poderias ser daqui caro lord vampiro – Mas mesmo assim deixa-me curioso, de que época sois Vladimor Iorganov?
- Basta mencionar que sou do século quinto depois de Cristo, proveniente da península da Escandinávia. – Ele ficou embaraçado porque realmente era bem mais antigo do que ele – Mas apareci em Inglaterra depois da guerra dos cem anos! Desde então que estou neste bosque…
Essa tarde foi muito agradável! Pois conheci um vampiro antigo e muito simpático… Trocámos histórias e ele até me convidou a entrar na mansão, o que recusei pois era o acordo, ao que ele assentiu e voltou vinte minutos depois com um belíssimo gin e gasosa para desfrutarmos e mais histórias foram contadas.
Lawrence ainda vinha ali a garagem de vez em quando e falávamos sempre um pouco mais e mais, até que posso dizer mesmo, que me tornei um bom amigo do nobre britânico. Ele era simpático, sofisticado e bom contador de histórias! Trouxe-me alguns livros que li com calma e passava assim os serões sem grandes problemas.
O mafarrico não mais me chateava, apenas me perturbava a sua presença na mansão, pois andava sempre de um lado para o outro citando ritos antigos e emanando feitiços entrelaçados: “ Se ele quer ajuda que venha pedir…sabe bem que o posso ajudar e seria melhor, mas aposto que é demasiado orgulhoso para pedir auxílio no quer que seja…deixarei a criancinha entregue aos seus feitiçozecos de protecção mal elaborados”, resumindo, acabava sempre por borrifar nele.
Numa noite de Lua cheia percorri o bosque, solitário mas com uma luminescência prateada. Linda noite de Lua cheia, bela penumbra e fantasiosa sombra! Como anseio o teu toque delicioso sobre a minha pele! Como te tenho tão presente mas sempre longe! Lua, porque para mim assim olhas? E porque para mim olhas? EU, um filho de homens e amaldiçoado para a eternidade! Porque me queres tanto ver assim nesta figura animal e não me deixas findar? Será que te sentes sozinha amada Lua?
Durante este devaneio de pensamentos senti a presença de alguém que me era conhecido, e que presença!
- Dama do Bosque… - Apenas um sussurro me saiu…
- Vladimor! Não me presenteaste com um belo sonho esta noite… - Será que os meus sonhos são a única coisa que queres de mim? Cruel Dama do Bosque – Por isso vim buscar-te!
-  COMO??? – Incrédulo… buscar-me? Que quer ela dizer?
- Os teus sonhos denunciam-te e as tuas vindas aqui também, contudo eu não me mostro… e sei que queres saber o porquê… - Não gosto nada quando ela faz isto, ver os sonhos como se de um livro aberto se trata-se… - E eu quero mostrar-te em vez de te dizer!

Com isto dito, a Dama do Bosque saiu da penumbra e da coberta das Sombras, e mal me virei senti um arrepio pela minha coluna a baixo! A cada passo dado, o seu porte esbelto se mostrava como um pedaço de desejo! A cada inspiração sua, o seu peito voluptuoso se mostrava mais apetecível! Que sensação!
Deslumbrado, paralisei onde estava e um nó na minha garganta se formou… Não é normal me sentir assim visto já me ter deparado com um sem número de mulheres magníficas, mas havia qualquer coisa que me deixava estupefacto! O aroma do bosque enchia-me os pulmões! O desejo e o prazer de estar na presença de tão fascinante criatura era soberbo! Mas era quase insuportável o facto de ela se estar a aproximar tão furtivamente e sensualmente… Não aguentando mais, e estando ela a um escaco passo de mim, agarrei-a! Abracei-a...
-Vladimor! O que estou prestes a fazer é de pura e livre vontade! É algo que desejo realizar e tu és quem eu escolho! – Aquelas palavras foram chocantes, pois a linguagem do bosque não permitia a mentira… - Escolho-te pois por ti este bosque nutre a simpatia e eu a ti me entrego!
E selou estas palavras com um beijo! Tão diferente do anterior! Tão mais imponente! Tão… OFEGANTE!!!
Sob a luz prateada da Lua os corpos antes separados apenas num se tornaram! Envoltos em carícias e beijos! Envoltos em desejo e paixão! Enlaçados no furor e no êxtase de um elo eterno!
Os lábios dela eram tal como favos de mel quentes e doces! Os seus seios eram como a seda! O seu toque era refrescante como o orvalho matinal! Todo o seu ser era a personificação da Natureza de alguma forma! Mas o seu olhar era como o da Lua! O seu efeito em mim era catastrófico! E então tudo ficou inundado de uma sensação de prazer nunca antes sentida!
Apenas a brisa se fazia sentir e o cantar dos grilos enchia o seu movimento!
- Vladimor… Promete-me que voltarás aqui quando aquilo que pretendes fazer estiver terminado…
- Não sei se conseguirei voltar, pois muito irá passar-se, contudo, posso prometer-te que serei fiel a ti e somente a ti!
Mais um momento em que a Lua nos acolhia com a sua fria luz…
- Vladimor, poderei tratar-te por Vlad?
- Somente se me disseres o teu nome…
- Stratis… é o meu…
Um beijo silenciou tudo o que tinha para se dizer e o fogo voltou e a paixão alastrou-se perante toda a penumbra da noite!

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