Inverness Season - Ep 16, Carmen

Carmen nunca pensara que sonhar pudesse ser tão libertador e preso, ao mesmo tempo. Cada célula morta do seu corpo reclamava pelo corpo quente dele, naquela loucura que era amarem-se com loucura. Seria tudo apenas um sonho ou talvez fosse realidade? Era algo que só os dois saberiam responder.

“May I never wake up from this sweet dream” by Carmen Montenegro


***
O lençol de seda fundia-se perfeitamente na minha pele, cheirava bem e naquele momento estava quente. Os meus olhos estavam fechados mas, conseguia ver que o quarto estava iluminado. Estava tudo calmo, em paz e tudo parecia estar certo.
Senti o peso de alguém deitado ao meu lado, mas nem aquilo me incomodou. Senti um movimento ao e, de seguida, um hálito quente contra a minha pele. Eram beijos leves mas sedutores que percorriam a minha coluna acima. O lençol, que tapava somente as minhas pernas, afastou-se e a sua pele tornou-se o meu novo cobertor. Era quente, forte e o cheiro másculo inundava os meus sentidos. Ao sentir a sua boca contra o meu pescoço, os seus dentes prenderem a minha pele, sorri.
- Para um humano, tens muita energia…
- Tu és a minha energia.
Voltei-me para cima e deparei-me com a sua beleza masculina. Os seus traços fortes, nariz perfeito, aquela barba de alguns dias e o cabelo raso na cabeça de cor de areia. Os seus olhos verdes estavam mais verdes que nunca e a sua pele morena ficava tão bem nele. 
Estendi a mão e toquei naquela cara perfeita, não hesitei soltar um sorriso. Isto estava bem demais. Muito bem, muito perfeito para sequer ser real. O seu sorriso iluminou a sua cara.
- O que foi?
O meu dedo passou pelos seus lábios finos e vermelhos.
- Isto é um sonho.
- Porquê que achas que isto é um sonho?
- Devido à nossa condição.
Afastei-me dele com gentileza, levantei-me da cama e depois de contorná-la, encaminhei-me para a gigantesca janela do meu quarto. A vista era estonteante e, assim que me aproximei, tive a certeza de que aquilo era um sonho. A luz, o calor, os sons… Era tudo demasiado perfeito.
- Sejamos sinceros: tu queres matar-me pelo que fiz aos teus pais, Dean. E eu não estou disposta a deixar-me ser apanhada por um ser humano, por isso, também quero matar-te. Odiamo-nos.
O seu silêncio provou que ele percebia o que dizia. Senti os seus olhos a observar-me. Notei a minha pele sob o sol.
- E, olha em volta. Desde quando eu posso ficar no sol e não me queimar ou este lugar… Não é o meu quarto, nem o teu. As cores, a luz… Isto é um sonho!
Caímos ambos no silêncio sem saber exactamente o que dizer.
- Então, não quero acordar. Que fique em coma o resto da minha vida…
Voltei-me para ele espantada com as suas palavras.
- O quê?
- Se isto é um sonho como tu dizes, então significa que quem manda aqui são os nossos sentimentos, os nossos desejos mais profundos. Eu sei que, no momento em que acordar, vou voltar a odiar-te, vou querer matar-te. E, sinceramente… - sorriu tímido – Não é isso que eu quero neste momento.
Vi-o levantar-se da cama, sem se importar com a sua nudez. Mostrando-me a sua majestade e sensualidade. Quando chegou perto de mim, beijou-me com paixão.
- Quando eu acordar, provavelmente não vou lembrar-me disto e tenho a certeza que vou meter-me na estrada e procurar por ti. A minha sede de vingança só vai aumentar e eu vou querer-te morta. Neste momento, eu quero tudo menos ter-te longe de mim, Carmen.
Eu sorri com as suas doces palavras, há muito que não as ouvia, e quando ele disse no total da sua sinceridade, não aguentei e sorri. 
- Eu também não te quero longe de mim, Dean. E, eu lamen…
- Shhh! – Calou-me com o calor dos seus lábios. - Não fales, não digas acerca disso. Só quero aproveitar.
Senti que ele queria que eu fizesse parte dele. A sua energia fundiu-se com a minha enquanto os seus braços rodeavam a minha cintura. Quando nos afastamos a minha cara de felicidade era impossível de esconder, mesmo assim voltei-me para a janela não queria que ele visse o meu ar de miúda apaixonada. Já não tinha idade para aquilo! Foquei-me na vista, era magistral.
- Onde estamos?
- Não sei. Não reconheço a vista.
- Nem eu… - Eu era invadida por uma sensação tão boa! - Não sentes uma espécie de paz interior? Como se tudo estivesse certo, como se este fosse o nosso destino… Percebes, o que quero dizer?
- Acho que sim.
- É como se o facto de eu estar contigo, fosse algo certo. Ninguém para julgar, apontar o dedo ou assim. Só nós! Sinto-me leve…
Afastei as suas mãos, corri para cima da cama e comecei a saltar. Aquilo sabia tão bem e era tão certo! Eu pulava, pulava e pulava em cima da cama fofa.
- Carmen…
- Sinto-me bem, Dean! – Eu dava pequenas piruetas enquanto saltava. - Não te sentes bem?
Ele não respondeu, enquanto saltava vi-o ainda junto a janela espantado com os braços cruzados e um sorriso na cara. Ele avançou e parou mesmo a borda cama, eu não parei de saltar.
- És uma criança.
Parei de saltar. Eu não era criança! Avancei os passos que nos separavam, debrucei-me e apontei-lhe o dedo.
- Tecnicamente, sou mais velha do tu.
- Eu tenho 26 anos, tu tens 24… Aos olhos de um cidadão comum, eu sou mais velho!
Voltei a erguer-me. Ele não disse aquilo!
- Pois eu não sou comum, mortal. Eu sou vampira!
Num gesto rápido, fui puxada por um braço, ele segurou-me pela cintura e nós caímos em cima da cama. Não consegui deixar de soltar uma gargalhada divertida, ele também me acompanhou, a sua gargalhada ecoava pelo quarto.
 Passado a sessão de riso, voltamos a encarar-nos, pude ler nos seus a paixão e amor que me tinha, mesmo sem falar conseguia ver nos seus gestos. Gentilmente, passou os dedos pela minha cara, afastou o cabelo do seu pescoço e observou as marcas das presas do meu criador. Ficou assim durante segundos, provavelmente com uma pergunta a formar-se no seu ser. O ar faltou-me quando a sua boca de aproximou da minha marca numa carícia suave guardada nos seus lábios.
Ficamos assim, pelo que pareciam ser horas. Ambos sentíamos que tínhamos tudo o que era preciso; apenas nós os dois. Ele encarou-me por segundos eternos, apenas trocando carícias, sentindo cada parte da sua pele. As minhas mãos percorriam o seu corpo; a pele morena, os braços firmes, as suas costas largas e também trabalhadas mas, nada de muito exagerado. O seu peito moreno, onde por debaixo batia um coração acelerado. 
O nosso desejo, um pelo outro, aumentou; Ele sentou-se, puxando-me com ele para que me sentasse no seu colo, sem nunca deixarmo-nos de nos beijar. A sua pele na minha era macia, as minhas mãos percorriam o seu corpo e as suas, não deixavam os meus cabelos fogosos. Os meus lábios estavam a centímetros dos dele, os seus chamavam por mim…
- Carmen… - A sua voz saiu num sussurro completo, capaz de derreter o mais duro dos corações. - Eu quero-te. Eu quero-te…
Olhei para ele surpresa, os meus lábios percorreram os seus lábios como que tentando captar cada textura. Já sabia o que ele queria mas, não era o mesmo…
- Com um vampiro, não é o mesmo que com um humano, Dean. Posso magoar-te.
- Não podes, não. Tu és a única pessoa que não me pode magoar. - Envolvi-o quando a sua boca se aproximou do meu pescoço. - Tu és minha, Carmen. Só minha…
Deitou-me na cama com todo o cuidado, sem nunca tirar os olhos de mim, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa. A única coisa que saiu da minha boca foi um suspiro profundo quando senti o seu ser fundir-se com o meu. Nós éramos perfeitos um para o outro. Era tudo perfeito.
Os nossos movimentos eram coordenados, naquele quarto apenas se ouviam os nossos gemidos e respiração ofegante. A sua voz dizia o meu nome, carregado de desejo e excitação, repetia vezes e vez o quanto me queria, o quanto me desejava. Toda aquela excitação fez com que as minhas presas descessem e Dean aproximou o seu pulso da minha boca. 
- Morde. – Ordenou. Nem pensei, agarrei o seu pulso, levei a boca e cravei-lhe as minhas presas. Eu menti quando disse que o seu sangue sabia mal como o do seu pai, eu menti quando disse que não queria o seu sangue para nada. Agora era impossível. Era impossível não adorar cada gota. Mordi-o com afinco deliciando-me com aquela maravilha vermelha. Ao mesmo tempo, os movimentos de Dean aumentaram de velocidade como se o facto de eu o morder, não o atrasasse, muito pelo contrário, dava-lhe mais força e desejo.
Sugava o seu sangue com vontade, olhei para Dean mostrando que o seu sangue sabia bem e como não deixaria nem gota escapar. Acabei por largar o seu pulso, ainda tinha na minha boca aquele gosto típico que descia a minha garganta, Dean agarrou a minha cara e espetou-me um beijo com violência, misturando saliva com sangue, algo que pareceu não incomoda-lo de modo algum.
- És meu…és meu agora… Dean…
- Sim…sou…só teu…
- Eu e…tu…ah…eu e tu…
-  Só nós, Carmen…

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