Inverness Season, Ep 8, Vladimor
Por mais anos que este lobisomem tenha vivido ao longo da sua existência, por mais seres que tenha conhecido... Jamais poderia imaginar a nova façanha que se atravessava agora pela sua vida: uma nova amiga vampira. E ele sorriria, perante esta nova fase cheia de novidades. Resta saber, estariam todos a salvo uns dos outros?
“Friends or Foes?” by Vladimor Iorganov
Depois daquela confusão toda, de sangue e ripas de pele já
saradas, isto de ser lobisomem e o outro de ser vampiro tem as suas vantagens
numa batalha… se não morrermos está tudo dito, continuamos a existir!
- Humm...garagem...Passei por lá a bocado...- Olha…ela está
a falar comigo… - O que estás a fazer?
- Agradeço-vos do fundo do coração, cara senhora. – Não
sabia bem o que dizer por isso preferi agradecer do que ficar estupefacto de
alguém estar a tentar falar comigo - O seu gesto tocou a minha humilde alma e,
te-la-ia sempre em consideração. A...
- Okay, pára! – Elah... ela parece não querer
formalismos…que alívio… Sempre pensei nos Vampiros como seres estupidamente
requintados, acho que vivi demasiado tempo isolado… - Não precisas de falar
assim comigo, não estamos no sec XVIII! Outra coisa, não agradeças mais ou mudo
de ideias...
- Menos mal... Sabes, esta casa está abandonada a anos.
Compraram-na?
- Não, é emprestada. Viemos para ficar. A não ser que
resolvam explodir com ela! – Tinha sido uma piada, certo???
De repente a porta fica escancarada… Lá entra o mafarrico de
vampiro… Ele irrita-me mesmo e muito solenemente…não sei porquê… mas mesmo
tentando controlar-me é insuportável a sua presença!
- Anda cá... - Que indelicadeza… e a agarra-la com tamanha
força e brusquidão… não gostei, vais ver que é melhor não te portares assim
quando estou presente…mafarrico…
- Larga-a.
Um breve mas suficiente momento de cruzar de olhos bastou
para que os meus nervos começassem a fervilhar… por fim…ele largou-a e assim o
fiz também.
- Okay. O que foi?
- Esta... É a pior das ideias que já tiveste! Num rol de
ideias esta é a pior.
Não devem ter ensinado ao jovem que não se aponta que é feio
e ainda por cima a insultar… sem dúvida…não o suporto enquanto não mudar de
atitude!
- Obviamente...- Virou-se Cármen a meter raiva ao mafarrico…
Engraçado estes jogos - O Eric diz sempre que tenho más ideias.
- E TENS!
- Isso é subjectivo!
- Uma ova! - Eric avançou uns passos, ao mesmo tempo avancei
sem demonstrar vontade nenhuma de parar por ali. - Os lobisomens são perigosos,
irascíveis. Sem contar que um aqui seria um autentico chamariz para todo o tipo
de ameaças.
- Eu não acho isso.
- Não há o que achar, é a verdade Carmen! Os lobisomens são
o pior que há...tê-los aqui é...
Ele nem fez um esforço para tentar perceber que sou apenas
um convidado… ele pode ser poderoso mas e parvo que nem uma porta para me ver
logo como inimigo…deve ser das várias histórias que rolam por mundo fora de
sermos inimigos eternos… parvoíces…
- Eric, está descansado que a tua liderança não será posta
em causa! Vladimor vai ficar quieto como um bom lobo que é e, não vai incomodar
ninguém. Portanto, o teu lugar como macho alfa está seguro e ninguém to vai
tirar!
Eric bufou de raiva.
- ELE É UM CÃO!
- Chama-me cão, mais uma vez... – Rosnei-lhe. - E apanharás
os teus dentes do chão!
Agora é que as coisas vão aquecer…ou então parar por aqui…
cão…humph… lá por ser o melhor amigo do homem não quer dizer que eu seja um!
- Cão! – É O FIM!!!
Chegaram milésimos de segundo para ficar tudo manchado de
carmesim! Não vi nada mais a não ser aquele serzinho estúpido a gracejar… mas a
parede pareceu ser um bom conforto para o mafarrico! Mas ele gosta…continua com
uma cara de gozo? ESBORRACHAR era o meu único pensamento…
- CHEGA! CHEGA! – Um berro nas minhas costas e uma criatura
frágil a separar-nos... Que impróprio… Mas… - Pára, Vladimor!
Voltei a ficar lúcido…a raiva parou de ferver com o toque
suave da criatura…era Cármen… Que vergonha…
- Sim, quieto rafeiro...- Sibilou Eric.
- Isso aplica-se a ti também. - Disse ela ao estropício. -
Ele fica, se tens problemas...vai-te embora!
Espera lá…afinal não é assim tão frágil…julguei-a mal…mas
mesmo assim…isto é preocupante… Já tenho inimigos dentro duma casa…era de
esperar mas assim tão rápido…talvez seja culpa minha por estas coisas, mas
tenho aquela leve sensação de que vai ser algo muito interessante!
- Se querias um animal de estimação, porquê que não chamaste
o Dean? - Cármen subitamente parou ao ouvir a palavra DEAN… quem será essa
personagem? - Ao menos o seu sangue dá para beber.
Vislumbrei as outras duas… a bela loira vampira e ainda a
atraente morena… Isto até tem a sua piada…todas têm uma cor diferente de
cabelo… aposto que as suas histórias são sem dúvida muito distintas…
- És um idiota!
Uau… mas esta ruiva tem força! Parece diferente… mas tenho
de me acalmar que não me posso irritar mais… parece que se me transformar, o
mais provável e o mafarrico arremessar aquele silvo que tem preparado…
Acalma-te Vlad, acalma-te! Mas agora ela também tem de se acalmar…
- Ele magoou-te? – Perguntei genuinamente preocupado e
curioso, agarrando-lhe o braço.
- O Eric é assim mesmo...
- Se a minha presença cria alguma divergência, sempre posso
voltar para a floresta.
- Ficas e pronto.
Entre sorrisos de simpatia apercebi-me duma coisa…o pulso
dela estava marcado - O teu pulso.
- Já passa. A cicatrização rápida faz parte de nós,
vampiros… Sim...? – Como é que ela reparou???
- Sem ofensa mas, não pareces...vampira. Desculpa, não
devia... – Que observação sem sentido…
- Sabes, Vladimor... - Mostrou-me um entretido sorriso -
Pedes muitas desculpas. Não te preocupes, não és o primeiro a notar este meu
lado mais, humano.
Após isto, abriu a porta, mas o meu sentido de cavalheirismo
não me permite avançar… segurei a porta e caminhei ao seu lado depois de fechar
a porta
- Vladimor? Hum...De onde és?
- Península da Escandinávia.
- Uau, isso é longe. Como vieste aqui parar?
- Longa história. Com tempo e paciência, talvez te conte. – Curiosa
a senhora ruiva de nome Cármen… Mas não acho que deva já contar as coisas todas
assim de uma só assentada.
- Oh és um cortes! – Acusou-me. Tem piada, já não me sentia
assim a algum tempo…quase tinha esquecido aquela sensação de companheirismo.
Não precisava de falar para saber que as coisas estavam bem, por vezes o
silêncio é bom…contudo havia algo que me incomodava…
- Bem-vindo.
Nem tinha reparado mas chegáramos a uma GARAGEM!
- Isto é grande. Eu não preciso de tanto espaço, Carmen. –
Antes que ela me desse na cabeça – Mas, tudo bem. Não faz mal...algum tipo de
informação acerca dos outros residentes?
- Hum...mais ou menos...- Não te cales minha jovem -
Oh...esquece! Tenho a certeza que de vais habituar. – Brigado pela informação,
era o que queria dizer…mas se o disse-se rir-me-ia na cara dela…Contudo, senti
que necessitava de lhe dizer algo mais, deixar as coisas claras para com ela!
Agarrando-lhe no braço, disse:
- Sou firme nos laços que crio. Sinto que tu és boa pessoa,
apesar de ter sofrido. Não consigo deixar de agradecer-te, Carmen.
- Vladimor! - A voz fez-nos erguer o olhar para a janela e
ali estava a vampira Samantha toda contente - Bom ter-te por aqui, esta casa
precisava de vida. Boa noite.
- Obrigado minha cara, e que a noite seja benevolente para
si! – Respondi com uma breve vénia
- Acho que tens uma fã.
- Acontece-me sempre. – Achei apropriado entrar na
brincadeira.
- Isso foi uma piada? Muito bom, estamos bem...
Rimo-nos… Uma infantil risadinha entre duas criaturas que a
eternidade parece acolher… eternidade… e um flash de uma memória distante…
Petrov… meu mentor… e… amigo!
- Boa noite, Miss Carmen. – Disse-lhe repentinamente mas
gentilmente para não causar transtornos e para que ela pudesse ir descansar.
- Boa noite, Sr. Wolf. – Impressão minha ou ela
chamou-me Wolf? – Wolf – Repeti a palavra entretido.
Carmen…hummmm…uma vampira interessante… É bondosa o
suficiente para albergar um lobisomem como eu! Sheftu… de certeza que vai ser
algo de complicado…parece-me a entidade mais forte daqui! Samantha… não a
consigo decifrar, mas pareceu-me uma criatura puramente atraente! Quanto ao
Eric…o mafarrico… ele é perigoso! Além de não gostar de mim, na realidade
parece um cão da Sheftu, logo tenho de ter cuidado para não me chatear com
estes dois! Estes foram os pensamentos que tive enquanto explorava os recantos
da garagem e subia até ao segundo piso…
O
segundo piso era vasto mas não tão vasto como a imensidão do bosque. Senti uma
sensação de melancolia… Senti que seria uma nova casa… Só esperava não
acontecer o mesmo que me acontecera no último lar onde permaneci… Petrov,
afinal há mais como tu… Albergaram-me e sinto que me estão a aceitar, contudo,
as minhas buscas não cessarão!!!
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