Moscow Season - Ep 30, Samantha
Samantha pensava ter algo a contar, mas pelo que parecia elas teriam bem mais a revelar. E, o mais engraçado é que era divertido estar no meio de toda aquela confusão. Uma nova casa, um novo inquilino e ainda haveria muito mais para descobrir, o que era perfeito!
“Better it's Impossible” by Samantha Saint
A viagem durou algumas horas mas, nada que não se passasse
bem. Observava o céu límpido, negro e estrelado. Era assim que todas as noites
deveriam ser.
Mal aterremos, tinha um carro à minha espera para me
transportar até ao hotel.
- Foi um prazer finalmente a conhecer menina Samantha. –
Disse o mesmo homem com um enorme sorriso na cara.
- Obrigada. – Retribui o sorriso. Sai do carro.
Subi até à penthouse e, quando saí do elevador, um homem ia
a entrar, mas olhou para mim com ar de medo. Que estranho… Nem o conhecia,
apesar da sua cara não me ser estranha. Entrei no meu quatro e inspirei bem
fundo. Senti um cheiro que não era habitual. Talvez por ter estado tanto tempo
fora tenha ganho um cheiro característico de Moscovo.
Peguei numa pequena mala e coloquei lá dentro alguma roupa.
K teria que cá ficar por agora, depois pediria para me o enviarem para Itália.
Tinha tudo o que precisava.
Mudei de roupa, para um vestido roxo. Tinha de ser um pouco
mais quente para não levantar suspeitas. E um casaco. Já não o vestia há mesmo
muito tempo.
Tinha descido até à entrada do hotel, mas tinha demorado
tanto tempo que já era de dia. Olhei para um Hummer que se aproximava e vi
Carmen, Sheftu e Eric. Mantive-me na sombra para que os raios de sol não me
atingissem. O observei-os para tentar entender o que se passava. De repente o
chão tremeu e caí, tal como toda a multidão que se encontrava à minha volta.
- SAÍAM DO CARRO! – Foi o que gritei no meio de toda aquela
agitação.
Mantive-me no chão e vi um enorme pedaço de betão cair mesmo
em cima do Hummer. Não tinha a certeza se tinham saído todos do carro. O pânico
estava instalado e vi muita gente desmaiada e outros aos berros completamente
exaltados.
Vi o Eric a aproximar-se de mim. Baixou-se e…
- Finge que estás completamente morta, vamos tirar-te daqui
para que não apanhes sol nem sejas apanhada.
Os homens colocaram-me dentro de um enorme saco preto e
levaram-me.
Esperei algum tempo e quando achei que já podia sair, abri o
saco e encostei-me achei aquele silêncio extremamente gélido.
Rapidamente chegámos ao local que nos era destinado. Uma
morgue. Ele pegou num saco onde deveria estar Carmen e levou-a para dentro
seguido de nós duas. Deitou-a numa maca e observou Sheftu e a seguir a mim. Um
dos empregados entrou e segredou ao seu ouvido, O carro já está pronto para a
viagem. Não entendi o que ele quereria dizer com aquilo. Talvez Sheftu já
soubesse. Afinal eram muito íntimos. Mas ao contrário das minhas intenções foi
Eric que me dirigiu a palavra.
- Miss Saint, espero que compreenda que terá de cá ficar com
Carmen. Eu e Sheftu voltaremos rapidamente. – Disse numa voz tão suave que
arrepiava.
- Não, prefiro ir com vocês. Não tenho mesmo nada aqui a
fazer.
- Creio que não poderá sair sobre a luz do dia.
- E Sheftu pode?
- Claro que posso...
- Sim, ela pode. – Suspirou. – Peço-te imensamente que fiques
aqui a cuidar de Carmen. Nós não vamos demorar muito, rapidamente voltaremos...
- Fico porque não tenho como sair.
- Agradeço-te imenso. Olha, eu um dia compensar-te-ei. –
Tinha chamado a minha atenção pela primeira vez.
- Tens a certeza? – Perguntou Sheftu desconfiada.
- Claro que tenho. – Disse observando Carmen. – Agora temos
de ir, não deveremos demorar muito tempo.
Saíram rapidamente. Já sabia que isto ia durar. Sentei-me
numa maca afastada de Carmen e pensava no que tinha sido as minhas últimas 48
horas. Magnificas. Coloquei a mão no bolso do meu casaco e senti algo lá
dentro. Estranho, não tinha metido nada dentro dos bolsos. Tirei de lá de
dentro um fio com a inicial “S”, era do Louis de certeza. Eu não tinha tal coisa.
Mas o que fazia isto dentro do bolso do meu casaco? Na parte de trás dizia, Uma
liberdade que elimina a vida não é liberdade. O que quereria isto dizer?
Ainda estava a pensar no assunto quando a ouço a gritar
feita louca. Sai da escuridão e falei.
- Então, miúda. Estás bem?
- Onde estou?
- Na morgue.
- Morri?
- Sim, porque os vampiros morrem, Carmen! – Ironizei – É um
breve esconderijo, até a confusão acalmar.
- Qual confusão?
Suspirei e saltei para cima da maca de metal, cruzando as
pernas.
- Do hotel, a explosão... – Ergui a sobrancelha em sinal de
espera. – Do que te lembras?
- Barulho. Vidros a caírem. E...vi-te a gritar… – Olhou para
mim. – Espera... Explosão?!
- Explodiram com a penthouse. – Expliquei. – O Eric diz que
foi uma fuga de gás...
- E tu não acreditas.
Encolhi os ombros e larguei um enorme suspiro. Era mais que
óbvio que não acreditava naquele disparate da fuga de gás.
- Tenho a minha teoria... – Agarrei em algumas roupas que
tinha atrás de mim e lancei-lhas para ela vestir. – Veste. Fui eu que escolhi o
vestido.
- Porquê um vestido novo?
- Porque a tua roupa está... – Olhei-a de cima a baixo. –
Horrível! E segundo, porque vamos mudar de casa.
- Vamos? Para onde?!
- Não faço a mínima. O teu amigo Eric, é todo cheio de
segredos e mistérios. – Olhei para a porta e de seguida para o relógio na
esperança que já faltasse pouco para o anoitecer. – Ele e a Sheftu saíram.
- Há muito tempo?
- Coisa de meia hora. O Eric estava mesmo preocupado
contigo.
- Está sempre. Até em demasia... – Ela olhou para toda a
sala, pensativa e disse. – Onde é que o Eric foi?
- Não disse. Apenas pediu para manter-te debaixo de olho. –
Olhou-me desconfiada. – Acredita, ele praticamente fez-me ficar aqui plantada.
Se não estivesse sol lá fora, ter-te-ia abandonado... Mas, não. Pensa nisto
como um gesto egoísta da minha parte.
- Obrigada. Sabes se morreu alguém?
- Para além de “nós”? Ninguém, apenas uns acidentados que
levaram com os destroços em cima...
- Subtil...
- Muito! – Saltei de cima da maca. – Veste-te, eles não
tardam aí. Os sapatos estão aí debaixo.
Ela observou o vestido, fiquei na dúvida se lhe tinha
agradado ou não. Mas naquele momento não era importante.
- Hum... – Estava muito admirada com a silhueta dela. –
Agora, diz-me porque não te vestes assim no teu dia-a-dia?! Confesso, que ficas
mais bonita.
- És a minha personal stylist, Sam.
Hesitei com o facto de me chamar Sam mas achei que não valia
a pena barafustar. Quando mais me arreliasse pior ela faria.
- Pode até ser mas, cobro caro, minha querida. – Olhei-me
num espelho… Perfeita. – Fazer as pessoas lindas tem o seu preço. Falta-te
algo... – Observei o seu pescoço.
- Dean...
- O quê?
- Hã?! Nada...Hum...a flor? Bem, deve estar na penthouse.
- Não, tu tinha-la quando saíste. De certeza que não a
perdeste por aí?
- Deixa a flor, Sam.
Começamos as duas a rir. Foi um pouco estranho aquele
momento, mas rapidamente foi quebrado com a paragem de um carro e da discussão
que se fez ouvir com o bater das portas…
- Que eu saiba, eu é que devia de estar chateado com tudo
isto! Deixaste-me furioso, sabias?
- Tanto me faz.
- Fala de uma vez por todas comigo, Sheftu! Deixa-te de
criancices!
- Não tenho nada a te dizer.
- Mas porquê tudo isto?! Só por causa dos meus quadros?
- Os teus quadros?! Pois, aquilo me parecia mais os meus
quadros!
- Não, eram os meus quadros! Os quadros que tu destruíste
juntamente com toda a minha casa! Pensas que isto vai ficar assim é?
- Não vai não. Porque eu ainda agora comecei.
- Sabes muito bem onde tudo isto acaba, Sheftu! Nós os dois
sabemos como tudo isto acaba.
- NÃO!
- Agora já sabes, não há nada que possa fazer-te voltar
atrás Eu sei muito bem o que vejo!
Deu-se um silêncio desolante entre os dois. Eu e Carmen
estávamos a fixar a porta na esperança de que algo acontecesse. Eric foi o
primeiro a entrar logo seguido de Sheftu. Ficou um bocado encavacado quando
percebeu que nós tínhamos ouvido a discussão.
- Ainda bem que estás de pé. Belo vestido...
- Graças à Samantha. Está tudo bem?
- Sim...
- Não! – Exclamou Sheftu.
- SIM! – A sua voz suava irritada para com Sheftu. Mas logo
mudou a expressão ao olhar a Carmen. – Estás linda!
- Oh chega! – Ordenou Sheftu. Avançou ficando entre Carmen e
Eric. – Dizes tu que eu sou criança, o que chamas a isto?! Vocês os dois,
cheios de mel e proximidade. Porquê?!
- Ciúmes, Sheftu?
Ri-me com aquela boca que parecia mais que óbvia. Voltei a
sentar-me na maca. Queria assistir a este filme na primeira fila.
- Eu dou-te os ciúmes...
- Okay! – A voz de Eric elevou-se novamente e a atenção foi toda
virada para ele. – Se queres saber, eu digo-te: A Carmen e eu temos uma
história. Uma longa história. Conhecemo-nos há algum tempo e tivemos uma
relação...
Sheftu bloqueou. Olhava para Carmen com os olhos a faiscar
de ódio. Esta estava calma e encostou-se mesmo ao meu lado. Cruzou os braços e
começou a desbobinar…
- Yep, eu e o Eric, namoramos...quer dizer...gosto mais de
dizer que fomos amantes durante muito tempo. Décadas! Claro que acabámos e
recomeçamos vezes e vezes... Mas, foi bom enquanto durou...
- Oh meu Deus... – Disse sorridente. – Isto é melhor que
novela!
- Cala-te!! – Ordenou Sheftu raivosa.
- Hey, não me odeies só porque soubeste que não és a
primeira dele... – Atirei o cabelo em sinal de desprezo. Olhei para ele. –
Tinhas bom gosto, rapaz.
Carmen tocou no meu braço pedindo-me para parar.
- Foi há muito tempo mas, ainda me lembro... Estava eu num
bar algures em França, hum...foi em Paris...estava a procura de alguém para
beber. Estava aborrecida de morte, ninguém ali chamara a minha atenção, ninguém
era especial! Preparava-me para me ir embora, quando o vi entrar... Todo
vestido de negro, com um casaco comprido e o cabelo apanhado. Devo ter ficado
com um ar de idiota a olhar para ele mas, parece que resultou porque captei a
sua atenção. A partir daí fora o início de muitas noites de sexo...muitas
mesmo! E viajamos tanto! Inclusive, chegamos a viver juntos na Irlanda...
Ouve um silêncio desconcertante. Sheftu ficou parada no seu
lugar, com os punhos cerrados e a cara fechada num ar de pura irritação.
Abanava a cabeça. Observou-me e a seguir os seus olhos bateram em Carmen. Eu
realmente estava a achar imensa piada aquilo tudo. Adorava ver vampira cair do
seu trono. Sheftu voltou-se para a porta e quando saiu, fez questão de bater
com a porta. Mas foi com tanta força que a fez sair dos encaixes.
- Ena! – Olhei para Eric e depois para Carmen. – Por esta,
admito, não esperava! Fizeram o meu dia, não há nada melhor do que ver a Sheftu
cair do seu pedestal...
Carmen observava Eric. Realmente havia ali algo.
- Oh não te preocupes que isso passa-lhe. Entretanto,
preparem-se, meninas... – Disse-nos vasculhando algo dentro dos bolsos. –
Arranjei-nos uma casa. Uma mega casa.
Ele deu-nos um papel onde mostrava uma enormíssima mansão.
Era simplesmente perfeita.
- Okay... E isto é aonde? – Perguntei-lhe.
- Escócia! Vamos para a Escócia?!
Foi a última coisa que Carmen disse antes de Eric sair.
Aquela casa era maravilhosa. Pena que eu fosse provavelmente
estar muito pouco tempo por lá. Louis esperava-me…
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