Moscow Season - Ep 24, Samantha

Agora que estava com o seu amado, Samantha queria as respostas para todas as perguntas que lhe assolaram no passado e que, agora, pareciam crescer a cada nova situação que acontecia entre eles. O que estaria ele a esconder?

“His Fucking Dream” by Samantha Saint


Fomos para o quarto e, ao contrário do que se podia esperar, dormimos. Não durante muito tempo pois acordei com o Louis aos berros.
- Que raio se passa contigo? Porque estavas a gritar?
- Não é nada querida. Só um pesadelo…
- Só um pesadelo? Disseste que ias ser sincero comigo portanto começa a desenrolar a língua. Porque é que estavas a gritar?
- É uma longa história.
- E eu curiosamente tenho uma eternidade para te ouvir.
- Por favor Saman…
- Nem por favor nem meio por favor, fala de uma vez.
- Não vais desistir pois não?
- Ao menos tens a consciência que não.
Ele olhou para mim um pouco abalado, e por um segundo estive prestes a ceder, mas algo me fez acordar e deixar que ele começasse a falar. E o que eu ia ouvir era algo que eu nunca esperaria…
- Eu, como tu bem sabes por que sofreste na pele, desapareci durante estes anos todos. Mas não foi só isto que eu consegui. Adquiri conhecimentos e passei por experiências que te iam deixar com os cabelos em pé. – Fez uma pequena pausa e continuou. – Cerca de dois ou três anos depois de me ter ido embora encontrei um grupo de vampiros que viviam todos juntos, e presumo que continuem. A verdade é que eu não estava à espera do que se ia passar. Eu tinha ouvido que naquela zona estavam a aparecer pessoas mortas sem causa aparente. Eu presumi logo que seriam vampiros pois a frequência com que apareciam corpos e os locais eram mais que óbvios para mim. O que me causa muita confusão é que os mortos não eram feitos a noite mas sim durante o dia. Mas eles lá arranjariam alguma maneira.
- Durante o dia?
- Sim, mas já vais entender. Bom, eu fui à procura desse grupo e interessava-me falar com eles principalmente porque queria saber como o faziam. O que descobri foi estonteante Samantha. Muito mesmo. Eu acabei por viver com eles durante, apenas, dois anos. Eram muito poucos. Rebbeca e Charles, eram os novatos. Julie e Patrick, um casal. Jason, era o mais parecido comigo. A madame Von Krull. E mais uns 2 se não me engano. Não os vi muito nesse tempo que lá estive.
- Porquê?
- Eram muito reservados. A madame é que lhe levava os corpos.
- Criados…
- Não. Apenas eles eram muito estranhos mesmo. Como te estava a dizer, foi com estes cinco que convivi e aprendi e vi coisas fantásticas e outras que preferia não ter visto nem vivido. A Rebbeca era um doce, – olhei para ele com desdém – Hey! Não fiques ciumenta! É a verdade. Não, se calhar, da maneira que eu quero-te dizer. Ela não devia ter mais que meio século. Muito jovial, muito menina e muito controlada. Sim, controlada. – Disse ao ver a minha cara de espanto. – Ela tinha de se alimentar como qualquer um de nós, mas para uma vampira praticamente recém-nascida ela ultrapassava-nos a léguas. Ela passeava entre os humanos como se nada fosse. Só quando tinha aqueles acessos de fome profundo é que era complicado. Mas ainda assim ela acalmava-se, corria o mais depressa que podia sem dar nas vistas para poder procurar uma vítima. E fazia uma coisa que eu nunca vi outro vampiro fazer…
- O quê?
- Ela voava.
- Ela o quê? – Desatei às gargalhadas. – Estás a brincar Louis, só pode.
- Se me contassem eu também não acreditaria, no entanto é a mais pura das verdades. Como viviam num sítio alto, aliás, num prédio, ela tinha fácil acesso a grandes correntes de ar. Ela sempre dizia, vou voar vou voar!, e ela conseguiu. Eu vi. Ela andava a fugir do Jason, ela era brincalhona e andava sempre a pregar pequenas partidas e naquele dia ele passou-se completamente da cabeça com ela. Foram para a rua e ele corria para ela totalmente furioso. Cheguei a temer o pior, acredita. Mas o que parecia ser o azar dela, transformou-se em pura sorte. Ela correu o mais que pôde para longe dele, no entanto foi dar um beco sem saída. Ou melhor… Um género de uma ribanceira. A única hipótese dela era salta… E saltou. Foi lindo Samantha. Lindo. Desceu de cabeça para baixo como se estivesse a fazer pára-quedismo. Teve de colocar os pés umas duas ou três vezes no chão para dar impulso, mas voou… Assim… Aquela criatura voou…
- Quase não acredito no que me estás a dizer.
- Eu compreendo-te. Se me dissessem ia ter a mesma reacção. Mas foi a coisa mais maravilhosa que eu vi.
- Então e que mais?
- Então depois o Charles. Se todos tentavam não dar nas vistas, ele, garanto-te, dava bastante. Simplesmente pela maneira de se vestir… Gótico. Cabelo comprido, um pouco abaixo do meio das costas, sempre se preto, uma gabardine até aos pés, e umas grande botifarras. Muito pacifico, mesmo. Curiosidade… Estava a ficar embeiçado por uma humana que vivia lá perto. E o mais engraçado é que ela também.
- E dele é só isso?
- Sim, e o casal também não tem nada que se lhe diga. Eram um casal. Muito sóbrios, “crentes” do que queriam.
- Então e a madame Von Krull?
- Pois, essa é uma personagem e tanto. Ela não era apenas uma vampira. Era bruxa.
- Bruxa?!
- Sim. Ela mantinha casa isolada da entrada de estranho, nada conseguia penetrar aquelas paredes, tanto de fora como de dentro. E ela dava-nos algo para tomarmos a uma certa hora. Cada um com a sua e apenas de dois em dois dias. E foi aí que eu descobri como é que eles andavam na rua durante o dia.
- A Carmen também tomou uma.
- Quem é a Carmen?
- É uma das vampiras com quem vivo. Mas ela não tem sempre que tomar. Bebeu uma vez e pronto.
- Normalmente, depois de eu investigar sobre o assunto, seria assim. Mas eu penso que ela não queria que os vampiros saíssem da “asa” dela e então mantinha-os assim. Como ela era a única que sabia fazer a mistela podia os manter por lá durante muito tempo até algum se cansar e ir embora. E foi, também por esse motivo que me fui embora.
- Assim sem mais nem menos?
- Não propriamente. Fui embora por aquilo que aconteceu ao Jason. Quanto mais se tomava a poção mais descontrolados ficávamos, e isso reflectia-se no nosso comportamento.
- Presumo que haja mais…
- Claro. Eles tomavam aquilo há muito mais tempo que eu. E o Jason há muito mais que Rebbeca e o Charles. O que aconteceu foi num dia de Verão. Havia uma festa qualquer e Rebbeca, como é óbvio, queria se ir divertir. Nasceu numa época diferente. Ainda tinha aquilo dentro dela. E então fomos os quatro. Eu falava com o Jason e ela e Charles estavam mais à frente, sempre na brincadeira. Levava-a às cavalitas e tudo mais. Eram como dois irmãos. Sempre às torras mas depois estava tudo bem.
- Parece-me divertido.
- Oh se eram! Muito mesmo. Continuando. Misturamo-nos com os humanos e estávamos à vontade, tínhamos apagado a fome umas horas antes portanto não haveria problemas, mas nada faria prever o que aconteceu a seguir Samantha. Foi uma loucura, de um momento para o outro, uma fome incontrolável, assomou os quatro! O meu único pensamento foi que tinha que sair dali rapidamente. E ao que parecia a eles os três também. Corremos desesperadamente para junto da nossa casa. Charles foi o primeiro a entrar no prédio, seguido de mim e de Rebbeca que era que estava mais calma. Eu bati freneticamente à porta de um vizinho e, mal este abriu a porta, eu ataquei-o sem pudor. Foi rápido e limpo. E saciou-me a fome repentina e quase incontrolável para mim. Fui para a casa da madame logo de seguida.
- Então o que é que isso tem tudo de tão estranho? Era apenas fome.
- O estranho foi o que aconteceu ao Jason. Ele chegou mais tarde, desorientado, sem saber o que pensar e contou-nos o que se tinha passado. Que tinha descido as escadas ao lado do prédio, atacado uma senhora, mas que não estava satisfeito e que foi a procura de mais. Encontrou uma jovem seguiu-a pensando que estava sozinha. Mas afinal ia se encontrar com alguém que estava dentro dum carro, namorado ou assim. Mas que mesmo assim não hesitou… Atacou os dois. E desatou a correr para casa, mas quando estava quase a chegar a entrada viu a senhora que tinha atacado antes, levantada e a falar com o marido. E deu-lhe ideia que ela o tinha reconhecido.
- Isso sim é grave!
- Sim, é. Mas não foi o pior.
- Não? Ainda há mais?
- Tinha que ser. Depois de ele nos contar tudo foi a vez da madame Von Krull ter a palavra. Algo como isto, Estás condenado, e quem te condena sou eu. Sei que parece ridículo, porém ela condenou-o mesmo.
- Como?
- Queres mesmo saber?
- Quero.
- Ela prendeu-o em casa.
- Só isso?
- Deixa-me acabar. Ele só podia estar no quarto dele. E todas a noites era consumido pelo fogo. Primeiro o pentagrama que estava desenhado numa parece do seu quarto, nos pés da cama entrava em combustão e ardia. Depois a parede do lado esquerdo, formava, com o fogo, uma cara horripilante, mesmo para nós. Gritava com ele coisas terríveis. As chamas começavam a pegar na cama e de seguida todo ele ardia. Todas as noites.
- Todas? Ele ardia todas as noites?
- Sim… Não o suportei por muito tempo. Ao fim de um mês daquilo acabei por me vir embora, mas nunca esqueci. Aquele desgraçado do Jason. A culpa foi toda da madame. E desde essa altura que sou assombrado por estes pesadelos. No início era muito mais frequente. Mas confesso que já há muito que não acontecia.
- Meu querido. – Abracei-o e dei um pequeno beijo nos seus lábios. – Não penses mais nisso. Já não vais ter que ouvi-lo nunca mais.
- Eu sei. Mas isso não significa que vá sair da minha cabeça.
Olhei-o amedrontada. Ele realmente estava muito mal. Pálido como a cal. Ainda mais que o habitual.
- Não te quero chatear nem deixar triste mas eu breve terei que partir.
- Vais para Moscovo?
- Tenho que ir. Separei-me da Sheftu quando apareceu o Eric. Epá anda uma grande confusão entre eles os dois e, ao que parece, a Carmen também. Já não entendo nada… E além se quero estar aqui contigo tenho que ir a penthouse buscar as minhas coisas. – Sorri para ele.
- Mas aqui tens tudo e podes ter ainda mais.
- Eu sei querido mas tenho coisas insubstituíveis.
- Está bem então. E quando voltas?
- Assim que poder. Espero não ser muito tempo. Não me quero voltar a separar de ti!
- Acho bem que não! Mas queres que vá contigo?
- Não. Eu trato de tudo sozinha.
- Tenho a certeza que sim querida Samantha, tenho a certeza que sim…
- Por falar em Moscovo… O que é que o senhor, meu amado, andou a fazer por Moscovo no Halloween? – Ergui uma sobrancelha em sinal de que estava na brincadeira com ele.
- Eu??! – Disse-me muito espantado. – Eu não fui a lado nenhum! – Deitou-me a língua de fora a brincar comigo.
- Não sejas palerma. Foste lá fazer o quê?
- Fui te ver.
- Ver-me? Mas tu nem sabias onde eu estava.
- Por acaso até sabia…
- Como?
- Mandei algumas pessoas atrás de ti. Não consegui evitar de numa altura tão inevitavelmente nossa que eu não te desse nada. Ao menos gostaste?
- Amei!! O vestido era lindo. Mas fiquei tão à toa quando li o bilhete. A serio, não estava mesmo nada à espera.
- Eu sei que não. E o pior é que ainda me seguiste!
- Obviamente! Deu-me ideia que eras tu mas fugiste.
- Ainda não estava preparado para te encontrar minha pequenina.
Sentei-me no seu colo, de frente para ele e sussurrei-lhe ao ouvido.
 - Qualquer altura tinha sido boa. Desde que fosse o mais cedo possível… – Sorri e dei-lhe um beijo na boca.
- Então e vou ter direito a alguma coisa antes de te ires embora? – Disse-me sorrindo.
- Alguma coisa do quê?
- Disto…

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