Moscow Season - Ep 21, Samantha
Depois do pequeno incidente com a Sheftu, Samantha não imaginava o que estaria prestes a acontecer com ela. Um fantasma do seu passado decidira voltar para a sua vida, deixando que todos os seus pesadelos voltassem à tona. Como lhe poderia ter feito tal coisa?
“The Dark Angel Is Back” by Samantha Saint
- Já perguntei! Quem é que está aí.
- Eu, bem… – O que raio ia fazer agora ainda nada estava
esclarecido. Como ia dar a volta a este idiota.
- Fale!
- Escusa de estar a gritar comigo! Eu estou aqui porque… –
Não sabia que desculpa inventar por isso achei melhor acabar logo ali com o
caso e desaparecer o mais depressa possível. Nesse instante alguém apareceu por
trás de uma gigantesca estante.
- Liev. O que pensas que estas a fazer? Parece-me que estas
a assustar a minha convidada.
- Peço desculpa senhor. Eu não fazia ideia e como ela não me
respondeu eu julguei que tinha entrado à socapa.
- Não nada disso. – O vulto aproximava-se cada vez mais sem
sair da sombra. – Podes ir eu fico com ela a partir de agora.
- Com licença então.
Afastou-se de mim e saiu pela porta mais próxima.
- Samantha, Samantha… Já encontraste o que procuravas? Ou
ainda te falta algo?
- Como e que sabes o meu nome?? – Levantei-me rapidamente
para tentar entender como é que aquele estranho sabia o meu nome.
- Continuas na mesma. Já não sabes com quem falas?
- Aparentemente não. – Disse disfarçando o meu nervosismo. –
Quem quer que sejas não me assustas. Só espero que não sejas um dos amigos do
Ethan para me tentar assustar. Ele já sabe que isso não resulta. Ou pelo menos
já deveria saber. Ou então pediu que viesses aqui para eu te poder matar…
Também seria uma boa solução para acabar rapidamente contigo…
- Não, não sou nenhum dos amigalhaços do Mr. Curt. Mas
parece que desconfias que ele te quer fazer algo de mal.
- Não. Ele simplesmente gosta de pregar partidas. E continua
a achar que me consegue assustar…
- Ele não. Mas eu talvez te “mate” de susto. E talvez sem
arrependimentos. Porque afinal de contas estavas a rever um dos nossos
episódios de deveriam ficar bem guardados e só para nós. Até gritaste o meu
nome quando estavas nesse transe.
Fiquei ainda mais pálida do que o habitual. Os demónios na
minha cabeça começaram forçosamente a correr para o meu peito e atentar sair,
arduamente, por um lugar que não dava. E o maldito cheiro que pairava no ar
estava novamente a dar-me náuseas.
- Então o que se passa? Já te recordas de quem sou?
- Cala-te. Cala-te!! CALA-TE!
O grito ecoou por toda a sala e deve se ter feito ouvir nas
outras salas. Cai de joelhos e arfava loucamente.
- Tem calma por favor. – Ele aproximou-se mais de mim, tanto
que o seu rosto estava quase fora da sombra que o tapava.
- Não te aproximes mais!! Nem mais um passo Russian!
- Ahhh… Afinal já sabes quem eu sou…
Eu estava louca. Lívida de ódio pelo que me estava a
acontecer. Como poderia ser, ao fim de tanto tempo de espera e de procura ele
estava aqui. Logo aqui onde eu nunca esperaria tão infortúnio prazer.
Ele caminho para mim e estava muito perto quando eu levantei
um braço e o mandei para.
- Não te mexas nem mais um milímetro que seja ou podes ter a
certeza que eu te ataco!
- Não precisas de ser tão agressiva. Sei que estás
aborrecida mas não é necessário tal…
- Aborrecida??!! ABORRECIDA?! MAS TU ESTÁS A GOZAR COMIGO?
Achas que eu estou simplesmente aborrecida? Não… Eu estou totalmente possessa
de ódio! De raiva e de nojo de ti!
- Não precisas de exagerar querida…
- Não preciso de exagerar?! – O meu ar era de total espanto
e resignação. – Tu desapareceste sem dizer nada! Nem uma carta, uma palavra, um
beijo… NADA! Nada de nada! O que eu te procurei, o que eu sofri. Quis morrer
por não te ter mais! Por achar que já não me amavas, que te tinhas ido embora
porque já não me querias!
- Samantha… – Ele chegou mais perto e colocou-se de joelhos
à minha frente. Agarrou a minha mão gélida e disse. – Não foi por isso que eu
me fui embora. Não penses mal de mim.
E no mesmo instante aconteceu algo que eu nunca esperaria
que me acontecesse. Quando os meus olhos bateram nos dele foi como se uma
imensa alegria me tivesse atravessado. E os meus olhos cederam às lágrimas.
Nunca em mais de 200 anos de existência eu tinha chorado. E esperava que nunca
mais acontecesse. Estas lágrimas queimavam-me os olhos e as maçãs do rosto
quando rolavam pela minha cara. Era doloroso.
- Minha querida. – Passou as mãos pelo meu rosto limpando as
lágrimas. – Sei que queres ouvir todas as explicações mas não agora. Aqui não.
Mas de uma coisa eu te garanto… Voltei e não me vou embora, pelo menos não sem
te avisar e explicar os meus motivos, se for caso de ser necessário de voltar a
acontecer.
- Odeio-te Louis. Sabes disso.
- Sei… – Beijou a minha mão e continuou. – Mas acredito que
aquele amor que dizias sentir por mim ainda perdura. Por isso peço-te por tudo
o que aconteceu entre nós e pelo que pode vir a acontecer… Não me desprezes nem
me deixes a sofrer.
- É o que tu mereces!
- Eu sei… Mas não faças o mesmo que eu fiz. Fui um imbecil.
Não se vai repetir. Eu juro.
O tempo que se seguiu foi doloroso. Eu já não o conseguia
fintar da mesma maneira e queria desesperadamente que ele desaparecesse da
minha frente. No entanto, a mais pura das verdades, é que eu amava aquele homem
como nunca amei nenhum outro e queria poder ficar com ele.
- Podes ficar. Mas não penses que te perdoo… Ainda terá
muito que penar… – Levantei-me e puxei-o para mim. – Espero que estejas
preparado para isso.
- Estou. Sabes que sim. – Abraçou-me calorosamente e
olhou-me nos olhos. – És a pessoa que mais me fascinou até agora, sabias? E tu
sabes que eu já conheci muita gente.
- Sim, eu sei. Mas não entendo esse tal fascínio. – Disse-lhe
ironicamente. – E porque afinal me dizes isso agora.
- Achas que esta é a altura ideal para falar, Samantha?
- É a altura perfeita como qualquer outra.
- Não queres aproveitar para ires ver sobre o que andavas à
procura?
- Na realidade… Não.
- Como não? – Ele ficou muito espantado com a minha reacção.
– Não queres saber mais nada?
- Por agora não. Mais tarde procuro. E tenho de falar com
uma pessoa que recentemente descobri que era da minha família.
- Outro Saint?
- Sim outro Saint! – Disse entre gargalhadas. – Mas fala lá
porque estás assim tão fascinado.
- Persistente a rapariga!
- Mulher.
- Sim, mulher. – Ele riu. – Porque… Adoro aquilo que és. És
linda por fora e por dentro. És amorosa, és carinhosa, és adorável… E
sinceramente… Adoro esse teu lado possessivo. – Brincou com os meus cabelos e
eu olhei-o com ar de gozo pelo que ele me disse.
- Fala a sério!
- Mas eu estou. Tu não vês pois não?
- Não vejo o quê?
- Espera.
- O que se passa?
- Não estás a ouvir? Vamos embora. Vem aí gente. Não te
preocupes, saímos pela porta da frente nas calmas. Eles não nos vão aborrecer…
Fiz-me amigo de algumas pessoas cá dentro. Se soubessem quem eu sou… – Sorriu. –
Provavelmente não me deixariam andar aqui a passear!
- Calculo que não. Mas tu também sempre tiveste esse dom.
- Qual? – Franziu as sobrancelhas desconfiado.
- De persuadir as pessoas.
Disse-o assim. Tão simples quanto isto. Ele colocou o braço
à volta dos meus ombros e do meu pescoço. Saímos sem qualquer problema. Aliás…
A senhora que se encontrava na portaria ainda disse:
- Até amanha Sr. Saint.
- Saint?
- Tinha de colocar um apelido à altura… – Sorriu-me.
Ele tinha o carro estacionado perto da entrada. E
dirigimo-nos rapidamente para lá.
- Um Corvette Stingray? – Abri a boca extasiada.
- Claro. Esta beleza foi cara. Mas vale cada dólar.
- Tu és completamente louco, sabias?
- Tinha uma vaga ideia. Porém tinha ouvido dizer que tu
gostavas.
- Não vás por aí!
- Pronto! Já cá não está quem falou.
Entrámos no carro e ele dirigiu como eu nunca o tinha visto
a fazer. Parecia que estava a fugir. Com muita pressa mesmo. Foram apenas 15
minutos de viagem pelo que me pareceu. Com um silêncio desconcertante. Para mim,
na verdade, sabia muito bem. Saber que o tinha de novo comigo. Que poderia
estar descansada que ele não iria a lado nenhum. E para mim isso era o mais
importante. Só desejava falar com ele o mais depressa possível. Mas naquele
pequeno tempo eu não o iria fazer. Estava a saber demasiadamente bem aquele
nosso momento silencioso.
Ele parou em frente um enorme casarão. O portão abriu
automaticamente. Não estava a acreditar no que os meus olhos viam.
- De onde vem isto tudo?
- O que é que tu achas que eu andei a fazer nestes anos
todos?
- Hum… Tens empregados?
- Tenho sim. Queres algo?
- Só quero saber como te tratam para eu fazer o mesmo.
- Aqui tenho o meu nome verdadeiro. Mas mesmo que não
tivesse podias-me tratar como tu quisesses.
Parou o carro e quando entramos dentro de casa veio logo uma
empregada.
- Mr. Russian, deseja algo?
- Sim. Pede que tragam as roupas da madame para casa.
- É para já. - A governanta saiu e eu perguntei.
- Roupas? Quais roupas?
- Aquelas que trazias contigo. Deixaste-as caídas no chão
antes de entrares na sala reservada. Eu apanhei-as e coloquei-as no carro.
- Imagina se eu não tivesse vindo contigo…
- Eu calculei que, mesmo chateada, viesses. – Ele
simplesmente sorriu. Isso para mim bastou.
- Então e agora?
- Agora vamos continuar a conversa que deixamos a meio. –
Ele agarrou na minha mão e puxou-me para a escadaria. Entramos numa sala que
parecia um pequeno escritório. Muitos livros e duas poltronas. - Então diz-me
lá. O que queres saber.
- Primeiro, quero que acabes o que estavas a dizer.
- Quando te disse que és adorável e tudo mais?
Eu só acenei.
-Eu disse isso porque é a verdade. Tu sabes os meus
sentimentos por ti, e isso faz-me ver para lá do que se vê.
- E depois sou eu e as minhas filosofias, não é Louis?
- Sim é! – Ele gargalhou. – Tu tiras-me do sério. E isso, eu
não consigo compreender. Mexes comigo como nunca ninguém o fez.
- No entanto, foste embora sem dar uma explicação.
- Eu sei. Fui embora sem te dar uma explicação. E a única
coisa que eu te posso dizer é, desculpa.
- E não só…
- Então que mais?
- Quero saber o motivo para me teres abandonado.
- Estas a ver esta casa? Lutei para a ter. Ok, foi um tanto
ou quanto roubada, mas ainda assim é minha. E é com isto que eu desejo desde
que me tornei vampiro.
- Como assim?
- Eu em humano era rico Samantha. Não que o dinheiro me
atraísse muito, mas gostava de depois de um dia cheio de loucuras de entrar num
sítio ao qual eu chamasse de lar para ter o meu repouso e depois de me ter
transformado isso tudo mudou. Eu não me controlava ao pé dos criados e
matava-os sem pudor. As pessoas começaram a ter medo de mim e eu acabei por
abandonar aquela casa assim como tudo o que tinha.
- Mas isso eu sabia. Onde é que eu entro nessa história
toda?
- Não compreendes? Tu és a minha fraqueza! Enquanto eu
estivesse ao pé de ti eu nunca conseguiria fazer nada da minha vida. Aquela
fantasia que vivias ao qual chamavas de amor, e eu também o sentia, no fundo
era o meu pesadelo pessoal. Eu além de vampiro sou homem. E o que eu mais
queria era dar-te o que mereces e tens direito.
- E achas que para isso precisavas de me ter abandonado?
- Desculpa, mas era. Tu enfraqueces-me.
- Mas eu não tenho poderes que te possam enfraquecer.
- Na realidade até tens. Esse amor que sentes por mim e que
me fazes sentir é quase como se fosses um amuleto de azar. Mas cessasse todo o
azar quando estou contigo. Tu enfraqueces-me e ao mesmo tempo tornas-me mais
forte.
- Baralhas-me mas, compreendo-te.
- Tu sabes porque é que eu fico assim quando estou ao pé de
ti?
Eu calculava o que ele ia dizer mas ainda assim queria o
ouvir dizer, queria sentir esse prazer. Essa gigantesca felicidade que se ia
apoderar de mim e acenei negativamente para ele.
- Minha pequena e bela Samantha. Isto acontece porque…
Porque eu amo-te.
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