Moscow Season - Ep 15, Samantha
Agora que sabia exactamente as suas origens, faltava ainda saber como realmente morrera e porque sentia que conhecia o nome da sua mãe de alguma parte da sua existência como vampira. Mais estranho ainda era saber quais as suas raízes, definitivamente havia muito por descobrir…
“The Damn Drain” by Samantha Saint
- Já sabes quais serão os nossos próximos passos?
- O quê? Próximo passo? – Aquela pergunta apanhou-me
desprevenida. Para onde raio queria ela que eu fosse?
- Sim, próximo passo... Não queres descobrir o teu passado?
Não há forma melhor do que procurar por pistas... Qual será o melhor local para
encontrar ficheiros sobre os templários...
Sucederam-se alguns minutos em que nenhuma de nós duas
falou. Eu não fazia ideia o que se passava pela cabeça de Sheftu, mas na minha
ocorriam mil e uma coisas. O mais estranho de tudo até nem era o facto de eu
ser filha de templários. O que me fazia a maior confusão de todas era o facto
de o nome da minha mãe não me ser estranho. Talvez fosse apenas uma vaga
memória do passado. Algo que despertava em mim saudade ou nostalgia. Mas não.
Era bem mais que isso. Arabella era mais que minha mãe. Algo na minha vida
vampírica se tinha passado com ela. Talvez não com o nome que eu achava mas que
isso não impedia der ter sucedido algo entre nós. No meio de toda esta confusão
na minha cabeça, consegui me lembrar do único sitio onde de certeza se
encontrariam documentos sobre a minha família.
- O Vaticano! Já sei! Talvez haja algo no Vaticano!
- Tem lá calma... Tu tens a certeza? Sabes que podem existir
por lá pessoas ao corrente da nossa existência!
- Não importa, desde que consigamos descobrir alguma
pista... Vens comigo?
- Se quiseres mesmo ir... Alguém tem que te ajudar a não
estoirar com o cartão de crédito, ainda corremos o risco de decidirem-te
pesquisar pelas quantias que lá gastas...
Olhei-a com ódio. Era nestas alturas em que eu odiava
profundamente a Sheftu e a sua maneira de ser. Mas não ia pensar muito mais
tempo sobre isso, pois do lado de fora da porta ouvimos um grito estridente.
- QUE HORROR!!! ALGUÉM TELEFONE PARA A POLICIA! SOCORRO!!!
- Parece-me que afinal não podemos sair já...
- Espera aí! Tu não estás a pensar ficar aqui o dia todo a
observar o horror e o medo que lhes provocaste com o teu trabalhinho pois não?!
Nós temos de sair daqui rapidamente antes que nos encontrem e nos queiram levar
para a esquadra! Tu sabes muito bem que ainda faltam umas quatro horas para a
noite.
- Pois, e sairemos por onde? Alguma ideia Miss Fútil
desmancha prazeres??
- Não sei... Temos de arranjar alguma forma. Também já falta
pouco para a noite vir... Mal possamos, seguimos viagem rumo ao Vaticano. Não
podemos perder tempo.
- Que tal a canalização? Nos focos de luz nós nos desviamos,
e ninguém se lembrará de ver pois estará tudo intacto e sem impressões
digitais. Vai a frente que eu trato de tudo. Vá, eu prometo que te compro um
vestido novo mal cheguemos a um hotel em Itália. Pode ser?
- E também tenho direito a tudo o que é necessário para que
use o vestido sem qualquer queixa ou volta atrás? – Ela hesitou mas acenou
afirmativamente. – Assim já gosto mais... Então vamos!
- Vamos voltar para trás, isto é simplesmente nojento! –
Suster a respiração não estava a resultar lá muito bem pois sempre vinha aquele
cheiro imundo as minhas narinas.
- Não, não penses que vamos voltar atrás. Agora é que
querias ter umas asinhas de morcego não era? Aguenta que daqui a pouco já
saímos daqui, não sejas ridícula. Depois ficas como nova...
- Vais pagar-me muito caro por isto! – Ao dizer isto, enfio
o pé num buraco enormíssimo. – Isto é tão nojento! Tira-me daqui... Preciso de
um banho, de roupa brilhante e a mais cara possível!!! Tu trouxeste-me para o
meu pior pesadelo...
Ela ria a gargalhada mas eu realmente não estava a ver a
piada naquilo tudo! Quando eu pudesse ela ia ver. Ia-mas pagar!
- Ainda demoramos muito a subir?
- Se quiseres morrer ao sol, subimos já. Mas tu primeiro,
claro!
- Não, obrigada... Ainda demora muito até o sol se pôr?
- Tendo em conta que ainda desceste a pouco, cerca de umas
três horas...
- Ainda? Mas já estamos aqui há tanto tempo!
- Queres que minta e que diga que já está quase?
- Não, obrigada. Preferia não estar aqui.
- Não estás aqui... Isto é tudo apenas uns momentos da tua
eterna vida. Aguenta-te.
- Tens a certeza que só estamos aqui há uns minutos?
- Sim, tanta certeza como a de que se não te calas durante
as próximas horas, estarás tramada comigo.
- Não sei o que podes fazer, ainda não recuperaste
totalmente as tuas forças...
- Pois não, mas tenho os meus cartões de crédito e tu não.
Por isso, retiro o que disse e não te deixo comprar nada.
- NÃO! Tu não eras capaz de me fazer isso!
- Tão simples como tirar um doce a uma criança... Ou melhor,
até que é mais simples. E nada podes fazer contra isso a não ser estar calada.
- Mas...
- SHIUU... Qual foi a parte do silêncio que não entendeste?!
Nada mais foi dito até à saída. Eu estava completamente
possessa com ela. Nunca mais me iria meter numa destas com ela! Nunca!
Prosseguimos o nosso caminho até que me lembrei…
- Trouxeste o teu telemóvel? É que eu me esqueci...
- Tinha de ser não era, mesmo ao teres ido comprar roupa de
propósito só para a viagem, ainda tinhas de te esquecer de um telemóvel!
- Eu não vinha de vestido para aqui! Tinha de arranjar algo
que se adequasse ao que íamos fazer... Mas diz-me, tens ou não?
- Para que o queres?
- Para chamar o dono de uma loja para que me venha ajudar a
fazer umas comprinhas para esta noite.
- És absolutamente incrível! Não consegues ser mais
ridícula?
- Não sei se ridícula é vestir bem a cada momento da minha
vida... Mas se o for, então que seja mesmo. Tenho que estar sempre o melhor
possível, essa sou eu. Agora, passa para cá o telemóvel!
Estendeu-me o telemóvel de má vontade. Mas tinha que ser.
- Estou?
- Estou sim? Daqui Ms. Saint, queria falar com o Mr. Curt.
- É o próprio. Quem deseja falar comigo?
- Ethan! Já não me reconheces?
- Não posso? Samantha? A que se deve tal honra do teu
telefonema? Algum desastre de moda? – Gargalhou ao telefone.
- Sempre com piadas. Mas é quase isso. Preciso de roupa
urgentemente.
- A estas horas?
- Qualquer hora é indicada para se escolher boa roupa. Mas
se não estás interessado no negócio não tem problema, há quem necessite do
dinheiro mais que tu. Uma…
- Hey, hey! Acalma a cavalaria. Eu não disse que não. Só
achei anormal esta chamada tão tardia.
- Não importa. Desde que seja para já.
- Já? Então mas não estavas de viagem?
- Estava dizes bem… Estou exactamente onde tu estás.
- Na minha casa? – Perguntou-me assustado.
- Achas? Estou no Vaticano, mas tive um passeio muito pouco
agradável pelos esgotos. Preciso que me auxilies.
- Bem… Estou deveras espantado… Ms. Saint num esgoto? Ora
aqui está algo que eu pensava nunca ouvir dizer…
- Ethan, pára com a brincadeira ok? Podes-me ajudar ou não?
- Posso! Sabes bem que sim Samantha.
- Então pronto. Queres-te encontrar onde? No meu atelier ou
na minha casa? Tanto num lado como noutro tenho todo o que necessitas.
- Pode ser no teu atelier se não te importares. Eu já sei
onde fica, torna-se mais fácil para mim.
- Ok então. Dentro de 15 minutos estou lá.
- Está bem então. Só para avisar que levo companhia…
- Nem penses! Não te quero com homens na minha presença!
- Não sejas idiota! Não é homem nenhum! É hum… Uma amiga. –
Olhei para Sheftu que levantou uma sobrancelha e movimentou os lábios com
espanto onde se lia “amiga?”, olhei para ela e pisquei o olho.
- Uma… Amiga? Hum… Está bem então. Daqui a quinze minutos no
atelier.
Desliguei o telemóvel e devolvi-o à Sheftu.
- Pronto, já está. Ele estará daqui a 15 minutos no atelier.
Estaremos lá a essa hora. É muito perto daqui.
- Não importa. Que raio de historia foi aquela de eu ser tua
amiga??
- Oh… Ele estava com baboseiras ao telefone. Quando disse
que levava companhia ele pensou que era um homem…
- Vá-se lá saber porquê, não é… – Ela gargalhou. – Bem vamos
andando então?
- Temos tempo… Em 5 minutos colocamo-nos lá.
Enquanto caminhávamos para o nosso destino eu estava
indecisa se haveria de lhe contar o meu encontro estranho de Halloween…
- Sheftu acho vou fazer uma viagem. – Disse-lhe um pouco
indecisa.
- Vais para onde? – Perguntou-me intrigada com a minha
súbdita revelação.
- Isso não importa. Depois de tudo isto que descobri e do
que posso a vir a descobrir tenho mesmo que sair de Moscovo.
- Mas…
Cortei-lhe a palavra – Nem mas, nem meio mas. É assim, eu
vou ter de comprar um carro novo já que o meu foi destruído e vou desaparecer
daqui por uns tempos. Mas não muito. Tu e a Carmen não se livram de mim assim
com tanta facilidade! – Soltei uma gargalhada. – Eu só preciso de investigar e
reflectir mais sobre esta história toda. E já que o Daniel desapareceu tenho de
fazer tudo sozinha. E vou à procura de uma pessoa…
- Do Louis? – Perguntou-me perspicazmente.
- Sim. Nunca te cheguei a contar… Foi ele que me mandou o
vestido do Halloween… Ele esteve lá. Aliás, ele foi à festa. Tenho a certeza.
- Como podes ter tanta certeza? – Perguntou-me desconfiada.
- Ele não aparecia assim do nada sem me espiar. Eu sei como
ele é. Além disso eu tenho a certeza que o vi.
- Na festa?
- Sim.
- E porque não foste atrás dele?! – Disse-me completamente
surpreendida com a minha atitude.
- Eu fui como é mais que óbvio! Mas ele escapou-me! Sempre
foi muito mais rápido do que eu alguma vez serei… – Olhei para um grande
relógio que se encontrava na rua… Tinham exactamente passado apenas 5 minutos
de caminho. Teríamos de esperar mais uns 10 até o Ethan aparecer…
Aqueles 10 minutos pareceram uma eternidade. Ninguém dizia
nada. Parecia que ambas estávamos com pensamentos muito mais profundo que sobre
a roupa… Até eu nem estava a ligar muito bem aquilo tudo. Ninguém me tirava da
cabeça o Louis e em relação a isso eu não podia fazer nada.
De repente de uma esquina, vê-se um vulto enormíssimo…
Sheftu mandou um salto e colocou-se me posição de ataque, mas eu não.
- Ethan, pára com a brincadeira. Estás a assustar aqui a
Sheftu.
- Raios para ti, Samantha! Nunca te consigo assustar!
- Tenho um bom olfacto amigo… Já devias saber!
Caminhou para mim e abraçou-me com carinho. Já não o via há
tanto tempo. Sheftu olhava-nos surpreendida com tal ternura no nosso olhar… Mas
é normal que isso acontecesse.
- Como é que são tão amigos? – Baixou a voz e disse-me. –
Ele é um humano não te esqueças.
Desatei a rir.
- Qual a piada?
- A piada é que ele sabe muito bem que eu sou uma vampira!
- Ele o quê?
- Sim eu sei. – Ele entreviu. – A Samantha era uma conhecida
da minha tia. Ela também era vampira e eu sempre me dei muito bem com ela. –
Sorriu a o ver a cara de espantada chapada na cara de Sheftu.
- Mas…
- A sério, isso é uma longa história, e pela conversa ao
telefone não me parece que vocês tenham tempo.
- Lá isso é verdade! Sempre despachado este garoto!
- Sabes bem.
Seguimo-lo até ao atelier, e aquilo de luz apagada era um
bocado sombrio, mas quando a luz acendeu… Era totalmente um paraíso!
- Sei que preferem sem luz, mas de outra forma eu não vejo.
– Gargalhou. – Portanto tem que ser assim.
- Não tem qualquer problema. Eu quero algo…
Cortou-me a palavra. – Elegante, exuberante e para
arrematar… Confortável. Acertei?
- Sabes bem.
- Então e o que vos trás por cá? Deve ser muito excitante
para arrancar a Samantha de onde quer que ela estava…
- É sim, mas não é para te contar agora. Sê rápido por
favor.
- OK, OK… Sempre apressada a madame.
Ele escolheu rapidamente duas mudas de roupa. Seria o
suficiente. Experimentei a primeira. Uma saia de cintura subida, preta, uma
blusa roxa e uns sapatos de salto.
- Finalmente uns sapatos, Já estava a ficar farta de botas.
- Imagino que sim! Escolhi roxo… Presumo que continue a ser
a tua cor favorita.
- Sim claro. É perfeito. E a outra roupa?
- Está aqui. Este vestido preto justinho parece-me bem… Que
tal?
- Deslumbrante como sempre.
- Não vais experimentar?
- Não há tempo para isso. Além do mais, eu confio em ti.
Portanto estou à vontade.
- Ainda bem.
Sheftu observava-nos com desdém… Tenho a certeza que ela
achava aquilo completamente desnecessário.
- E a menina? Não vai querer nada?
- Não. Eu não preciso de tanta futilidade junta. Estou bem
assim…
- Mas está imunda. Desculpe a expressão mas é a verdade.
Ela olhou para a sua roupa. Era inegável. Ela estava
completamente suja por causa dos esgotos.
- Está bem, está bem! Pode ser umas calças de ganga pretas,
e uma camisola preta também.
Ele escolheu algo muito chique e exuberante. Ela torceu o
nariz mas aceitou.
- Estás despachada. Vamos embora.
- Sim claro. – Virei-me para ele. – Meu querido, obrigada
por te teres levantado a estas horas por causa de nós. Agradeço-te imenso.
- Ora, não importa. Por ti sabes bem que o faria novamente.
- Eu sei que sim – Sorri e dei-lhe um beijo na face. – Até
breve.
- Até breve Samantha.
Saímos da loja, e dirigimo-nos rapidamente para o Vaticano.
Fomos muito rápidas como é óbvio. Quando chegamos tínhamos um alarme do qual o
código parecia impossível de decifrar.
- Como fazemos agora?
- Assim… – Sheftu espetou um valente murro no alarme e ele
desligou. – Que tal?
- Andas a ver filmes a mais é o que te tenho a dizer.
- Resultou, portanto vamos lá.
Caminhamos durante um bom bocado. Felizmente e sabe-se lá
como, não encontramos guardas nenhuns.
- Mas que estanho… Não está aqui ninguém… – Disse-lhe
desconfiada.
- Realmente é estranho.
Comentários
Enviar um comentário