Moscow Season - Ep 8, Sheftu

Sheftu continuava cativa no seu próprio quarto por aquele ser que a salvara da morte, quando a sua irmã lhe mordera. Estava absolutamente irritada, mas ainda mais fraca, procurando uma forma de escapar e acabar com aquele sorriso irónico. Samantha poderia ser a sua única escapatória. Conseguiria ela escapar?

“Unbelievable” by Sheftu Nubia


Sejam as horas malditas para sempre, que sua vida se manche de ódio e solidão. Seus dias sejam contados a cada segundo como os últimos. Desgraçado aquele que ousa tocar em mim, desgraçado aquele que me prende entre minhas paredes, mexendo em minhas rosas vermelhas do sangue que um dia lhe atraiçoará. A miséria se apodará de cada parte da sua alma, meu sangue será a última coisa que alguma vez provará na vida. Cada segundo de tortura vivida por mim, dentre estas quatro paredes será dada em acréscimo na hora em que a sua morte será oferecida por mim. Cada segundo da sua estúpida vida será prazer para mim, desfazendo-me de cada parte da sua alma, deixando que tudo seja incrivelmente miserável para aquele que agora me prende.
Posso estar fraca, mas não estarei fraca para sempre. Quando a hora chegar eu estarei bem à espera que ele tente escapar da minha ira. E eu, docemente, amarei cada segundo de tortura que lhe impuser. A prioridade era sair daqui, recuperar forças, beber um pouco do meu néctar precioso. Lembro-me bem de quem me poderá ajudar, Samantha tinha me pedido para a ajudar e brevemente me procuraria de novo. Nessa hora eu iria conseguir escapar, a sua ajuda era incrivelmente precisa nesta hora. E como eu detestava estar à mercê de um simples ser humano, mais um desprezível Bruxo que conseguira descobrir como usar meu sangue em seu proveito. Mas seu anelzinho de Nubia nunca iria puder ajudá-lo contra a minha ira. Nada nem ninguém iria ajudá-lo, isso eu garantia.
Já estava farta de ver este homem à minha frente, ao meu lado ou onde quer que fosse! Não tirava os olhos de mim, sempre à espera que eu arranjasse novas formas de escapar, tentando estar sempre um passo à frente de tudo o que eu pudesse fazer. Era irónico, ele pensava que conseguia vencer-me. A sorte dele era eu estar fraca, se eu me alimentasse só um pouquinho demais, uma dúzia de seres humanos de boa qualidade, talvez não estaria tão sorridente ao ver-me nesta cama estúpida.
- E se deixasses destes teatrinhos e me dissesses o que estás a pensar? É incrivelmente interessante ver-te aí imóvel, totalmente calada à espera de um momento para te livrares de mim. – A sua ironia era incrivelmente enjoativa. Ai, eu é que sou, eu é que sei! Humanamente ridículo. – Vais dizer-me que além de te ter mordido a garganta a tua maninha também te arrancou a fala?
- Pára de ser ridículo. Já sabemos que andaste a fazer bem o trabalho de casa, que sabes muito bem quem sou. Agora falta saber o que raio deseja aqui. Já tens o que queres. – Parei por uns momentos, observando o meu sangue tão perto do seu dedo, um dedo que eu queria ver rapidamente quebrado – Então diga lá o que deseja.
- Parece-me que faltam as apresentações, posso saber tudo sobre tão admirável senhora, mas não sabeis minimamente quem eu sou. Não gostaríeis de saber qual meu nome?
- Tal nome não me faz qualquer diferença. – Respondi o mais rispidamente possível.
- És absolutamente incrível!
- Sou, não sou?
- Ah! Ridícula. É absolutamente ridícula esta conversa. – Virou-se de costas para mim, sua pulsação aumentava a um compasso cada vez mais apressado. – E se parasses de escutar o meu coração por uns momentos? Poderias agir um pouco como humana alguma vez na vida? – Sua voz escarnecia-me com raiva, mas apenas num leve murmúrio. Ele sabia que meus ouvidos captariam tudo como se nem tivesse sussurrado.
- Mas, meu caro, eu não sou humana. Não me queiras ofender. – Agora divertia-me ao ver ele a observar-me de novo, incrédulo com o que tinha acabado de dizer. E a sua pulsação subia ainda mais, parecia que não demoraria muito até que ele morresse de um ataque cardíaco. Óptimo.
- Não te preocupes que eu te mostrarei o que é ser humano. Vais sentir-te tão humana quanto eu. – Tinha-se aproximado de mim, mesmo à frente do meu rosto, seu sorriso me dava nojo, cuspi-lhe em cima e ele nem moveu um passo sequer. – Óptimo, já nos começamos a entender.
- Sim, damo-nos que é uma maravilha! Nunca pensei viver sem ti! Oh, que saudades! – Aproximei-me de seus lábios e beijei-o. – Ah, que saudades de ti!
- Ai estás com saudades, é? Então eu tiro-tas, com todo o prazer. – Eu levantei-me com rapidez, para que ele sequer me tocasse. Estava ainda um pouco tonta, mas dera-me tempo suficiente para correr até à porta. E a raiva começava a crescer em mim de uma forma perigosa, se não estivesse tão fraca, certamente conseguiria matá-lo apenas com um braço. Mas o que me tinha dado ele para que eu estivesse assim?!
- Oh, que pena. Cheguei aqui ao mesmo tempo que tu. Já não podes escapar. Ah! E nem penses em beber do meu sangue que não resolve nada... – Seu sorriso puxou por mim e voltei a cuspir-lhe em cima, duas vezes seguidas – Interessante... Consegues cuspir de uma forma muito engraçada, pena não teres saliva não é?
- Sim, é uma pena! Adoraria encher a tua cara, cuspiria até não puder mais... Para que tivesses alguma coisa que prestasse nessa tua carcaça humana.
- Então veremos sim? Veremos se tenho mais alguma coisa que gostes tanto... Agora paremos com estas piadinhas, sabes que eu adoro ter de te aturar minha querida, mas tens que voltar para o teu descanso eterno. – Empurrou-me de volta à maldita cama que tinha colocado em meu quarto, porque ela nunca tinha estado lá antes e eu agora entendia porquê. Era simplesmente horrível. Não vejo a hora para que as forças me voltem, aí ele verá a sua morte. Tão linda, tão bela, tão duradoura, tão cruel.
- Sim, tem algo que eu adoraria... Já viste a beleza que era ver a tua vida a ser despedaçada lentamente em minhas mãos? Ou até simplesmente ver-te a definhar lentamente, bem à minha frente. A tua morte é uma bênção para a minha. Tua sorte é eu estar assim... Mas não durará muito essa sorte.
- Já imaginaste que simplesmente podes não conseguir nada além de um sonho. Pudesses tu dormir sobre o assunto, mas não. Tu sonhas comigo, eu tratarei de te ouvir a sonhar.
- Sim, sonharei vezes e vezes sem conta a hora em que nunca mais te verei... Um sonho que poderia se tornar realidade. Seria... – Seu dedo em minha boca me silenciou, estava atentamente a olhar para a porta e...
- AI! – Dei uma mordidela no seu dedo, tamanho o berro que ele deu que se notava que não contava com isso. Olhou para mim com raiva e para o seu dedo que sangrava. – Tu não penses que sais assim a ganhar! Vais ver como sabe bem o meu sangue... – Subitamente pararam em frente do meu quarto, parecia haver uma certa dificuldade em baterem na porta, estaria a duvidar certamente do que era o mais certo a fazer. Mas eu desejava que continuassem, que me livrassem de toda esta tortura...
- Já vou! – Disse bem alto logo que decidiram bater à porta, me levantando o mais rapidamente possível e abrindo a porta, sendo seguida por Eric que se tinha escondido atrás da porta, segurando o meu braço com força para que não tivesse facilidade em escapar. – Ah, és tu? Entra, fica à vontade! – A expressão de Samantha era de total incredibilidade, e no meu braço estava uma enorme pressão que me lembrava do principal motivo do meu convite. Seria óptimo ver este homem se desenrascar para sair desta, uma maravilha!
- Ah, bom... Obrigado... Acho eu. – O seu espanto ainda não tinha acabado, mas demorou pouco até que entrasse. Fiquei perto da porta, mantendo-a aberta. Mas eu acabaria por ter de a fechar, para que a conversa fosse privada o suficiente. E era o que iria fazer, desmascarar este vadio de uma vez por todas. Para que ela me ajudasse, mas a porta parecia não querer fechar de jeito nenhum. – A porta não te parece que precisa de um pouco de óleo? Estará empenada não?
Afinal ela sempre era astuta além da escolha de roupas e jóias. Tudo o que dizia e o que me mostrava dizer era totalmente diferente, a sua pergunta na realidade foi quem estava a empenar a porta. Eu vi o sorriso de maldade na sua expressão, teria de me habituar, ela era a minha saída daqui.
- É, tens mesmo razão. Nem vale a pena me importar muito com ela, tudo se resolve bem rápido... Hoje em dia há soluções para tudo. No nosso caso... até para a morte! – Seu sorriso cresceu. Ele não nos via, por isso nada iria descobrir. – Então e o que te fez vir cá?
- Agora é que reparei, estás mais pálida... Essa cor assenta-te que nem uma luva. – Fez-me uma careta e voltou a sorrir, fazendo-me sorrir de volta.
- Sim, é isso. Ando a fazer umas dietas e a usar uns produtos que estão a dar resultado...
- Queria era que me ajudasses a descobrir aquilo que falamos da outra vez... – Ela parecia não querer falar muito, visto que não estávamos sozinhas. Mas quem pensava ela que era? Bem... Não importa.
Eu queria matá-lo, mas agora? Eu estava fraca, Samantha não era boa o suficiente para o manter quieto o tempo suficiente para que eu pudesse torturá-lo antes de o matar. Talvez se ela conseguisse ajudar-me a escapar, mas como haveria eu de lhe dizer isso sem que este belzebu o descobrisse?
- Olha, podias ir a uma biblioteca... Acho que o melhor é que vás a uma em especial, que tem de tudo para ser encontrado. Vou só escrever-te num papel o local dela... – A minha perfeita oportunidade para que tudo fosse feito. Tinha de escrever rápido e pensar em tudo o que deveria ser feito para que nada pudesse falhar.
“Estou aqui em apuros. Preciso que me tragas um lanche para recuperar as forças. Traz-me amanhã. Aproveita e pesquisa-me as bibliotecas que existem pelas redondezas. Eu te ajudarei depois de recuperar tudo.”
Entreguei o papel para ela e logo a dirigi de novo para fora, antes que pudesse ler o que tinha escrito no papel. Este homem era inteligente o suficiente para que descobrisse tudo apenas num deslize dela. Não podia correr o risco de ficar aqui fechada para o resto dos tempos...
- Quem era? – Perguntou-me, agarrando o meu braço com força ao virar-me para fitá-lo. – Bela jogada, essa do bilhete... Que escreveste? Achavas mesmo que eu não iria saber que farias de tudo para saíres daqui? Não vais conseguir, já te estou a avisar para que não cries muitas esperanças. Teu destino é ao meu lado para todo o tempo sem fim... Estás destinada a isso.
- Não deves subestimar-me meu caro... Imaginação não me falta, posso matar-te de mil e uma maneiras, o prazer será simplesmente maravilhoso. – Seu outro braço rapidamente se moveu para que fechassem meus lábios. Não fez qualquer movimento, seus olhos fitavam os meus em busca de algo que eu não sabia o que era.
Fechei meus olhos e ele me largou, esperando certamente que eu os voltasse a abrir, e eu assim o fiz. Ele me tinha dado passagem para que voltasse para a cama, o que era estranho. Não importava minimamente, aproveitei para ir para a minha varanda. Antes que saísse lá estavam os seus dedos a segurar em meu braço, não fosse eu tentar escapar. Virei-me na sua direcção e ele me empurrou para fora, ficando assim entre o seu corpo e a grade.
Sua pulsação era incrivelmente rápida, talvez pudesse usar isso contra ele. Só por uma vez, poderia tentar... Não perdia nada. Minha mão tocou em seu braço que proibia que eu pudesse escapar, subindo lentamente por ele a cima, provocando nele um olhar grave e uma maior aceleração da sua respiração. Curioso, mas chegava para mim por hoje. Tentei mover-me para voltar para dentro mas seu corpo me prendia, não me deixando sair.
- Preparada para a segunda volta? – Não tinha entendido minimamente o que se passava. A noite ainda era criança e eu desejava que pudesse sair daqui de uma vez por todas, estava a ficar farta deste homem.
- Não, agora deixa-me entrar. Se vossa excelência assim o permitir, é claro! Não desejo causar-vos qualquer incómodo. – Sua boca abriu um sorriso que eu tão bem o conhecia de tanto o olhar ao espelho. Estava a divertir-se com a situação.
Era assim tão difícil puder libertar-me deste mafarrico? A eternidade era a minha hora de destruição e não a constante perda de tempo que passara nas últimas horas. Havia muito por se dizer, não sabia como ele me conhecia, como me salvara e o porquê disso. Sim, demasiadas perguntas.
- Não, quero fazer algo primeiro... – Seu sorriso ainda abria mais, trazendo-me uma enorme vontade de o ver a rastejar, pedindo clemência. Podia pensar que tinha ganho, mas ainda agora a guerra começou.

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