Moscow Season - Ep 5, Sheftu

Sheftu impede que a Samantha e a Carmen destruam toda a penthouse, sem que esta se suje com todo aquele sangue que viria da discussão. Finalmente conseguira saber o paradeiro do seu criador, mesmo que fosse porque ele agora a procurava, depois de tantos anos fugitivo. O que ele estaria a tramar? Só havia uma forma de saber a resposta.

"Die Darling Die!" by Sheftu Nubia

Meus pensamentos estavam entregues a todas as habituais lamurias de sempre. Conseguia ser a mais terrível, até para mim. Essa era a única vez que podia ser mais leve, mas não!
― Carmen, por favor… - Ouvia a voz de Claire ao longe... Não acredito, mais uma parva duma briga. Carmen se afastou com o pedido, voltando para o seu quarto.
Então ela não estava o suficientemente contente com o sucedido, rapidamente se virou para atirar o saco à cara dela. Uma coisa digna de Óscares! O melhor prémio para a ridicularidade humana. Fosse ela humana, pobre vampira. Mas sempre era algo bem digno de se ver... Sorri ao pensar nisso, sempre poderia desencadear uma guerra entre elas eterna para ver quem se tornava numa vampira de realidade.
― Sua cabra! – Gritou Samantha avançando para Carmen, quase atropelando Claire que estava no caminho.
― Samantha! – Já chegava de parvoíce por hoje, tinha que procurar indícios da minha irmã. Samantha parou a poucos metros do seu alvo. ― Já chega! Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria.
Samantha virou-se para mim com um ar de ofensa, ela que não me enervasse muito ou talvez fosse a ultima hora dela por aqui. Criancices!
― Mas…
Ela olhou para mim, eu ligeiramente a matei com o meu olhar, que tentasse se opor! Até me divertiria.
― O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa.- E estava esta estupidez toda resolvida. Não tinha tempo nem paciência para isto hoje!
Talvez este seja o dia em que nunca irei esquecer, sinto isso naquilo que nunca realmente esqueci. Tudo isto apenas por uma batida cardíaca que já não ouvia há muito tempo… Milénios e milénios de procuras alucinantes, finalmente a hora tinha chegado.
Sempre procurava aquele batimento, que tão diferente era dos restantes, ao longo dos milénios que tento encontrá-lo, este ser meio vivo, tentar saber onde poderia estar. Assim, também encontrarei aquele que me criou, destruirei cada parte dele sem qualquer pudor depois de conseguir a força necessária.
Tantos anos de procuras, tantos momentos fracassados, perdendo a esperança de os encontrar e agora estavam demasiado perto, deixaram que eu os encontrasse… Era uma armadilha, sabia bem disso, mas era talvez a única hipótese em que podia enterrar todo o passado de uma vez por todas.
Tudo começava com uma maldita carta, seu cheiro a cemitério já me dizia quem seria aquele que ma tinha enviado, apenas o meu Criador poderia estar num local desses, era o seu fetiche pessoal, viver no único lugar onde ninguém esperava. Eu devia de ter calculado que ele estaria num lugar como esse, só para ver se me dava medo. Ele era ridículo. Ninguém sabia que a carta tinha sido escrita com uma tinta especial, a tinta que minha família tinha feito, aquela mesma tinta que tinha acabado quando o meu pai tinha morrido, deixando a minha mãe apenas comigo. Era odioso, mas a verdade é que meu pai tinha sido morto pelo meu criador, tudo com um propósito óbvio: criar a descendência, usando a minha mãe. Estive ao lado da minha mãe a todo o momento, vendo a evolução da criança maldita em seu ventre, vendo a sua morte por causa dessa criança que lhe consumia as entranhas, eliminando toda e qualquer família que tivesse…
Seres desses eram bem conhecidos no Egipto, eram como a pior maldição que poderia existir. Eles iriam descobri-la e matá-la, era a minha única família na altura, por isso fugi mal ela nasceu… Deixando o corpo morto da minha mãe para trás, deixando toda a minha vida para trás, tudo por manter a única família que tinha viva. Simplesmente ridículo!
Fomos apanhados a meio do deserto por um grupo de nómadas, não conheciam os costumes da minha terra, tinha caminhado o mais possível pelo deserto, tentando escapar o mais possível ao meu mundo, aquele que ia destruir minha irmã, deixando-me totalmente desamparada, prometida a um faraó que nem conhecia e que me iria matar também, por ter uma criança maldita na minha família. Era assim que as tratavam, aquelas que eram feitas pelo meu criador. Ele gostava de encantar as mulheres, nunca lhe escapava alguma. Minha mãe era especial, a única que pôde ter um filho daquela coisa.
Eu detestava ter que recordar cada parte dessa minha última parte da vida, aquele grupo nómada queria na verdade algo que eu nunca tinha descoberto, até que vi que não eram nómadas, chegando a uma zona com mulheres prisioneiras, fazendo delas suas concubinas, sujeitando-as a torturas inimagináveis. Seres cuja maldade foi capturada por mim, fazendo agora parte da minha forma de matar. Humanos, desprezíveis seres que são um óptimo almoço… E agora estava com fome, mas não podia deixar de pensar em tudo isto, tinha que capturar cada detalhe do meu passado para arranjar uma forma de o matar, de destruir tudo o que viesse dele…
اللعنة! Não conseguia deixar de pensar numa solução, não conseguia arranjar nenhuma, e minha mente estava perdida pelo cheiro desta carta, procurando a resposta que mais procurava, sabendo assim onde iria para o matar. Esse estupor não tinha qualquer direito de me invadir a vida, já estava demasiados anos morto, alguém que nunca realemente devia de ter existido alguma vez na vida!
Passei alguns dias à procura, não parava quase tempo nenhum, me alimentava o mais rápido possível, cada segundo que passava era uma perda de tempo, ele podia tentar escapar, eu sabia disso... Mas também sabia que não seria fácil combater contra ele, ainda estava sozinha e sem qualquer apoio nesta batalha, não sabia quantos iriam estar a seu lado, que pensamento inacreditável. Totalmente o oposto, juntas aqui à busca do meu Criador...
Não demorou muito tempo, dois dias bastaram para que nós os encontrássemos, como esperava ele tinha iludido a minha irmã, estava completamente iludida por ele.
- Não te metas entre nós! – Repliquei, alertando a minha irmã, eu não poderia defendê-la mais...
- Vejo que vieste sozinha, tens tido muitas companhias ultimamente, posso cheira-las... Tens tido bom proveito? Não as devias de ter trazido hoje? – O meu Criador tentava mostrar o máximo de amabilidade possível, simplesmente nojento! Avancei contra ele, minha irmã veio para junto de mim e me lançou por terra, eu não acreditava que ela me estava a fazer isto! Sua boca se juntou ao meu pescoço, mordendo-o, deixando o veneno alterado dela se misturar em meu corpo...
- Não devias ter tentado atacar o meu amado, meu pai não fez nada de mal – sussurrou-me no ouvido, eu já sentia o seu veneno em meu corpo, não sabia o que tudo isto iria fazer à minha vida, mas não me importava...
Eu ouvia alguém a tentar defender-me, talvez me tenha pegado e tentado fugir, porque me senti a ser levantada, mas rapidamente caí novamente por terra... Não conseguia ver nada, estava num estado de coma, vivendo todas as horas como se fossem as últimas... Não sentia muito mais... Estava à mercê de quem ganhasse...
Sentia alguém a amparar-me, estava cega, sem forças, perdida em toda esta situação… Ouvia de longe o eco das vozes que me levavam para algum lugar, pareciam aquelas que me seguiam, aquelas que me tentaram ajudar… A minha mente estava a ficar mais livre, comecei a sentir um peso enorme sobre os meus pensamentos, um peso que aumentava cada vez mais…
- Aguenta, rapidamente chegaremos a casa e um amigo meu nos ajudará… Tudo se resolverá. – Parecia que alguém me sussurrava bem de longe, não sabia bem ao certo quem… - Eric, achas que é muito grave? – Ouvia a voz duma mulher, achava eu, parecia um sussurro… Estava cansada, sentia-me perdida algures em mim…

Acordei, meus olhos focaram o local onde estava, parecia ser o meu quarto, parecia que nada tinha acontecido, não fosse o meu estado. Não estivesse eu ainda fraca, minha mala das rosas vermelhas tinha sido remexida. Talvez quem me tivesse salvado pudesse ter sido a mesma pessoa que tinha alterado o meu quarto. Ainda estava um pouco fraca, toquei no local onde tinha sido mordida, tinha em meu pescoço um lenço, cheirava a um perfume que me dava algumas recordações... Era o sangue que tinha guardado da minha mãe, e entre outras coisas... Mas que raio? Tentei tirar, mas rapidamente colocaram uma mão sobre a minha, uma mão quente...
Não tinha reparado, estava a observar atentamente o meu quarto, não notei que alguém estava a meu lado. Seu cabelo negro realçava com a sua pele branca, mas seu coração batia, parecia alguém da mesma espécie da minha meia-irmã. Tinha um anel, com um símbolo que bem conhecia, na sua pedra cor de sangue, tinha uma cruz ansata, tal e qual a que tinha no braço. Quem era este homem? Seus olhos azuis estavam a tentar observar cada reacção que tinha, procurando alguma razão para me travar...
Tentei levantar-me, sendo novamente travada por esse homem. Quem era ele para pensar que iria mandar em mim? Pensei em gritar, mas não servia de nada, sentia os corações das bruxas na cozinha, uns sons do quarto de Cármen, que é ao lado do meu... A Samanta parecia estar a chegar, talvez com mais compras, aquela vampira não podia estar pior! Por mais que estivesse aqui, não iria deixar o gostinho a este homem, não iria mover nem um milímetro sequer. Ele acabaria por falhar um segundo, e isso seria suficiente para escapar. Que ironia! Permanecer as restantes horas ao lado deste homem, Ah! Que raiva.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Immolation Season - Ep 25, Carmen

Moscow Season - Ep 25, Carmen

Immolation Season - Ep 24, Julian