Moscow Season - Ep 2, Sheftu

Veronica estava desaparecida por isso Claire foi pedir à Sheftu para que ela a localizasse ao ouvir a sua pulsação. Como ela é uma vampira milenar, consegue 'ouvir' os corações como se fossem impressões digitais de cada ser vivo. Não que ela se importe com aquelas bruxas que vivem com elas na Penthouse. O principal objectivo dela é resolver questões do seu passado e divertir-se com os humanos desprezíveis...

"Before and After" by Sheftu Nubia


Observava a minha colecção de rosas vermelhas, recordando cada momento que elas me faziam lembrar pelo seu aroma, apesar de milénios nunca perdiam o seu maravilhoso cheiro, muitas vezes ficava nesta sala a deambular até que me desse fome, mergulhada em momentos e pistas para o que procurava…
- Sheftu! Sheftu! – Ouvi alguém gritar de algures – Onde raio estás? – Agora que ouvia mais de perto sabia que era Claire, mas que raio queria ela agora? Estava sempre tão bem no seu silêncio habitual… Decidi ir ao seu encontro para ver qual seria toda esta azáfama que vinha dos seus batimentos cardíacos.
- Estou aqui. Calma. Nunca te vi assim tão…
- Preciso da tua ajuda, agora. Não há tempo para conversas fúteis. Vem. – Interrompeu-me, contando-me tudo o que tinha acontecido com Verónica. Como se eu tivesse muito haver com o assunto…
- E porque razão vou ajudá-la? – Pensei em dizer algo pior, para que me deixasse em paz, mas nem sempre quero criar guerras nesta nossa penthouse.
- Porque eu te peço. E isso basta. – Ripostou Claire, decididamente ela não me ia deixar em paz enquanto não a ajudasse… Pois bem, então teria de a ajudar para que ela me ajudasse a calar a sua boca pelos próximos tempos...

E seus batimentos voltaram ao normal, estava mais descansada pois sabia que eu sabia bem como encontra-la. Seus batimentos eram demasiado fracos, mal os conseguiria ouvir, caso ela não estivesse no seu próprio quarto. Típico e ridículo. Claire correu para junto dela, ignorando a Samantha à porta, bem que a Samantha podia ter dito que Verónica estava no seu quarto, assim poupava-me muitas chatices.
- Como estás? – Questionou Claire, extremamente preocupada.
- Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! – Comunicou o seu lindo estado e fitou de forma ameaçadora a Samantha. Como era obvio, não podiam com a cara uma da outra. Mais valia ir-me embora, nada fazia aqui…
- Como me encontraste, Claire? – Pronto, esta seria bonita de ver quando soubesse que eu, a maldade do universo para qualquer humano, a tinha ajudado…
- Não fui eu... Foi ela. – Apontou para mim. A expressão de Verónica valia a pena de todo este momento, a sua confusão era fenomenal.
- Como me encontraste? – Questionou Verónica, ainda fraca.
- Pelo bater do teu coração. Os batimentos são como as impressões digitais... não existem duas iguais... – Referi calmamente.
– E porque me ajudaste? – Perguntou com uma enorme vontade de responder a toda essa confusão
- Não o fiz por ti… Por mim podias... – Estava calmamente a explicar-lhe que a importância da vida dela era tão grande como um grão de pó.
- Não te atrevas! – Mais uma vez Claire exaltou-se, isto está a tornar-se animado.
O telefone de Verónica tocou, fazendo-a atender. Enquanto se ouvia a voz de alguém, parecia de um homem, a expressão dela mudou drasticamente. Estes dois mil anos servem sempre para muita coisa, e a audição requintada é uma das mais interessantes.
- Vamos, temos de tratar de ti. – Claire pegou na fraca e levou-a para a cozinha, decidi segui-las.
- Senta-te – Ordenou-lhe, indo preparar um chá com umas ervas que foi buscar a um armário.
- Toma. Bebe. Relaxa e depois contas-me o sucedido. – A sua expressão de desconfiança olhava vivamente para mim, estava a mais, sabia disso. – Sheftu, querida, faz-me um favor. Vai a esta loja – escreveu o nome no papel e entregou-me – e traz-me Alecrim, sim? Preciso dele para os vossos chás e infelizmente ele acabou. Obrigada.
Eu nem abri a boca, precisava urgentemente de petiscar alguma coisa, estava farta de estar nesta casa de loucos… Mal tivesse o alecrim nas mãos, entregava-lhe para ir então tratar do meu petisco. O chá era para comadres, pouco necessitava dele com toda esta idade que me caia em cima… Agora os petiscos…

Depois de ter encontrado Claire ainda a conversar com Verónica, bem mais recuperada, seus batimentos cardíacos quase que tomavam a sua força natural, deixei em cima da mesa da sala com um bilhetinho e fui-me.
Chegava agora a hora de procurar o meu alimento, para que pudesse me divertir um pouco, para que pudesse deixar um pouco da minha beleza brotar daqueles olhos o terror brutal. Era sempre uma maravilha estes meus momentos em que saia daquela casa, longe daquelas supostas vampiras e bruxas… Não sei ainda a razão de me ter juntado aquele covil de miseráveis, acho que queria ter sempre alguém com conhecimentos destas áreas para que pudesse encontrar aquele que procuro. E nada melhor do que um par de bruxas e outro de vampiras jovens para me ajudarem a travar o mal com um mal melhor…
Na verdade, podia ter sido uma dócil criatura antes de ser raptada, uma mulher com o único objectivo de agradar o faraó, o povo e os restantes deuses do nosso mundo. Com o tempo toda essa parvoíce evaporou. Apenas algumas marcas do que era ficaram, por vezes uma ou outra melancolia se abate sobre mim, ficando presa ao ser humano que já fui, ao sofrimento que cheguei a viver… Mas tudo ficaria sentenciado quando encontrasse aquele carrasco, o vampiro que me transformou. Não iria deixar que a sua morte permanecesse por muito tempo neste planeta, não me importava se era o meu salvador ou não, o que importava era que tudo ficasse como devia. Mas tudo isto me dava uma fome enorme de injustiça e terror, por isso chegava a hora de apanhar a minha vítima e tratar de lhe mostrar o inferno na terra. Escolhia sempre a minha refeição pelo seu batimento cardíaco, pelo cheiro que seu sangue me trazia, geralmente AB negativo, um cálice dos infernais deuses, loucos por resistir e permanecer a aguentar todas as tribulações que eu lhes impunha. Um bom brinquedo de caça… Facilmente captava todos aqueles que desejasse, bastava apenas que os escolhesse, pois o ser humano deseja a sua destruição, se aproxima de tudo o que é vil e negro, adora e sente-se bem ao entrar em tudo o que é misteriosamente negro.
Minha cruz marcada na pele, prendendo-me ao meu antigo mundo, para aqueles que me aproximava simbolizava algo que de nada tem a ver com o que realmente é… Apesar de este símbolo ainda não existir na minha época, sempre vivi bem de perto a minha terra, tentando sempre me aproximar o máximo possível para que visse como o meu povo ia evoluindo. Até que fiz seu reinado cair, juntamente com aqueles que queriam o poder dos faraós. Tudo aquilo que a minha cruz dita, a minha vida depois da minha morte, a vida que tiro a toda a hora dos vis humanos, em que todo este símbolo era significado da virilidade dos homens, que a toda a hora vou destruindo, homens que se sentem acima das mulheres, odioso e nojento costume que sempre criaram raízes profundas em minhas vítimas. É a virilidade que sempre tiro dos homens, fazendo-os gemer e pedir clemência, virando pior que ratos, vendo em suas últimas horas a grandiosidade daquelas que sempre foram abaixo deles. Homens de nada servem senão alimento, se não tenham já feito alguma mulher brotar de si mais um ser para este mundo cada vez mais desprezível, tal como eu gosto que seja…
Era já uma marca minha a forma como usava aqueles que me serviam de jantar, não sabia porquê, mas gostava de apanhar a minha presa logo pela meia-noite, deixando-a gemer de dor até que sentisse fome, adorava vê-los a me pedirem clemência, humilhando-se pela suposta vida que têm. Deixava-os numa zona deserta, para que pudessem tentar salvar as suas vidas (tantas e tantas as vezes) correndo para puderem escapar de mim, ficando assim com mais um osso partido, com o cuidado de não derramar muito sangue. As pulsações aceleradas aromatizavam o sangue que depois bebia aos poucos enquanto a minha presa me observava aterrorizada.
O terror em seus olhos era um perfeito momento excitante, onde a minha caça se elevava a outro patamar… Sentia o suave deslizar de seu sangue em meu corpo, aquecendo a pouco e pouco, voltando para o meu doce mundo do Egipto, ficando entregue a uma vontade louca de sentir novamente aquela areia sobre os meus pés, bebendo o meu cálice eterno. Utopia da luz que não verei, de tudo o que me obrigaram a deixar, raptando-me, mantendo escrava a prometida ao Faraó. Depois a morte veio e a destruição entrou em mim, fazendo-me quem sou, destruindo todas aquelas vidas que me escravizaram. Ficando eu escrava às noites eternas, perdendo o dia em que tudo ficaria bem, a morte já veio, deixando-me aqui. Agora é a minha vez, o mal percorre todo o meu corpo, já que o ser se foi há muito…
Mas não era qualquer pessoa que tinha o direito de sofrer em minhas mãos, tinha escolhas bastante selectivas, principalmente aqueles homens que eram corajosos ou destemidos, adorava levar as suas dores ao limite, vendo-os a tentarem a escapar com determinação e total agonia. Também me divertia com psicólogos, quando me apetecia ver a evolução desses seres medíocres, tentando arrebatar-me com as suas terapias totalmente ridículas, nesses fazia questão de ir mais lentamente, para que pudesse divertir-me com as suas conclusões, com as suas terapias, sempre sem acreditarem realmente no que eu era até que mostrasse a minha prova, muitas vezes ainda inacreditável para eles. Julgavam-se dominadores das mentes humanas, ridicularizavam-se a cada momento em que abriam a boca. Pequenos, inúteis e curiosos alimentos…
Como uma boa coleccionadora, uso rosas brancas para colocar um pouco do néctar que me vai alimentando dia-a-dia, para que a rosa já vermelha, com seu sangue bem guardado, se junte às restantes que vou guardando na minha sala das perturbações. Normalmente levo o meu alimento lá, para que se inicie a grande caçada… Simplesmente divertido e alegremente contagiante.

A hora de voltar à minha suposta casa era sempre um pouco chata, estavam todas aquelas que me davam jeito, absolutamente sem graça e sem vontade para participarem em meus momentos de diversão. Ainda me lembro quando ainda tentava juntar as restantes vampiras para uma caça animadora…
- E que vocês pensam de uma caça para nos animar um bocado? – Nenhuma praticamente tinha dado muita importância ao que eu tinha dito, nada de interesse, nada de maldades, nada de nada.
- Nem te atrevas a fazer-me essa pergunta de novo. – Ouvia sua voz sobre os dentes bem cerrados, praticamente com vergonha do que é, sentindo-se culpada pelo par de presas que tinha recebido. Absolutamente ridículo!
- Eu não penso fazer um desses teus esquemas, joguinhos de terror com comida não é saudável. – A única que podia até se tornar uma vampira de renome, com presas dignas da sua espécie, nega-se perante os momentos em que podemos nos divertir um pouco.
- Tudo bem, pelo menos tentei! Pronto, continuem assim.
E lá vou eu sempre fazer o meu momento com toda a minha personagem, totalmente aterrorizadora e solitária. Também assim a presa é mais fácil de apanhar, uma mulher bela e solitária faz o instinto de um homem querer tornar-se um herói! O que é óptimo, depois de vê-lo como uma menina a suplicar pela salvação…

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